Pouco mais de 7% dos microempreendedores individuais (MEIs) do país são beneficiários do Bolsa Família, mostra estudo inédito publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O trabalho foi escrito por Rafael de Farias Costa Moreira, mestrando em Economia pela UnB. Cruzando dados do Sebrae e do Ministério do Desenvolvimento Social, ele constatou que 102,6 mil beneficiários do Bolsa Família em 2011 faziam parte do Microempreendedor Individual (MEI), programa de formalização de trabalhadores autônomos. Na época, o MEI tinha pouco mais de 1,4 milhão de inscritos hoje são quase 3 milhões.
INFOGRÁFICO: Veja o número de microempreendedores beneficiários do Bolsa Família
"Percebe-se que esse público é, na média, jovem, pouco escolarizado, chefe de família, está no Nordeste, nos grandes centros urbanos, já era um empreendedor informal ou estava desempregado antes de se formalizar, está em atividades de baixo valor agregado, mas pretende expandir seus negócios", afirma Moreira em seu estudo. Para quem tem o perfil, diz ele, o empreendedorismo formal pode ser uma porta de saída da pobreza.
Quebra do ciclo
Segundo o pesquisador, 7,4% dos microempreendedores incluídos no Bolsa Família são filhos dos chefes de família. "Este dado condiz com um dos objetivos do programa, qual seja, quebrar o ciclo intergeracional da pobreza. Aparentemente, alguns filhos de beneficíarios veem no empreendedorismo formal uma fonte de geração de renda", diz.
Moreira também analisou a escolaridade dos microempreendedores. Enquanto 78% dos beneficiários do Bolsa Família não completaram o ensino fundamental, 40% dos MEIs beneficiários têm ensino médio ou técnico, 17% têm ensino superior ou alguma pós-graduação. "Se por um lado é esperado que os MEIs beneficiários do programa [Bolsa Família] tenham uma escolaridade menor que a dos MEIs em geral afinal, são mais pobres , por outro, chama a atenção o fato de eles serem mais escolarizados que a média dos beneficiários em geral", diz.
Segundo Moreira, "há indícios de que ainda há muitos empreendedores na informalidade entre os beneficiários do PBF". "Logo, talvez seja necessária uma campanha de esclarecimento voltada para os mais pobres e menos escolarizados e que apresente os benefícios de se formalizar", sugere.