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Brasileiro viaja de moto até o Vale do Silício para explorar mercado bilionário

A ideia da Lyfx surgiu enquanto Pedro fazia sua primeira longa viagem de moto, para a região da Patagônia, na América do Sul. | Arquivo pessoal/Pedro McCardel
A ideia da Lyfx surgiu enquanto Pedro fazia sua primeira longa viagem de moto, para a região da Patagônia, na América do Sul. (Foto: Arquivo pessoal/Pedro McCardel)

Após algumas incursões no empreendedorismo da maneira “tradicional”, Pedro McCardell decidiu pegar sua motocicleta e viajar por 58 dias até o Vale do Silício em busca de um objetivo maior: a criação de uma empresa que promete renovar o turismo de aventura ao redor do mundo. Junto ao sócio Alfredo Ferrari, o “Zé”, investiu dinheiro e toda a sua paixão na Lyfx .

Tal qual um Airbnb da aventura, a Lyfx, abreviação de Lifetime Experience, promete conectar viajantes a guias locais, mas com interesse especificamente em aventura e exploração de áreas menos visitadas por turistas.

“Quem quer vender uma experiência entra na plataforma e oferece um passeio diferenciado, como um passeio de mountain bike”, exemplificou Pedro, em entrevista dos sócios ao InfoMoney. Por sua vez, o usuário pode selecionar a experiência desejada por categoria de aventura ou inserindo o local onde estará na busca.

Para o usuário, o diferencial é o que ele chama de “experiência real”, com moradores dos lugares visitados em pontos mais remotos – não necessariamente em distância, mas em acesso ao público. Pedro sabe que viajar para conhecer os pontos turísticos é ótimo, “mas esse tipo de experiência diferenciada é o que você vai contar para as pessoas depois”.

Segundo os sócios, a ideia não é “mudar o mundo”, mas sim reorganizar essa área de turismo e a realidade de quem tem interesse nesse mercado, dos dois lados da moeda. “É um mercado assustadoramente grande, de US$ 847 bilhões só nos Estados Unidos, e as pesquisas que vimos mostraram que 20% das pessoas fariam mais atividades desse gênero se tivessem amigos nos países que visitam”, disse Alfredo.

Do dinheiro pago pelo viajante, 80% vai diretamente para o bolso do guia e 20% para a empresa. Os sócios acreditam que existe grande oportunidade para uma população muitas vezes marginalizada. Pedro fala não apenas em garantia de renda extra, mas também, quando possível, a principal fonte: “em vez de ir trabalhar no Subway, o surfista vai poder fazer dinheiro com isso”.

Outro diferencial esperado para a Lyfx é o treinamento e a relação com os chamados parceiros – aqueles que oferecerão seus préstimos como “guias”. Diferentemente de um simples marketplace, a empresa pretende realizar treinamentos com cada uma dessas pessoas para garantir experiência homogênea e garante que já contratou um dos maiores nomes do mercado para cuidar dessa área. “Não podemos falar, mas é realmente uma das mais conceituadas do mundo”, diz Alfredo.

Fase inicial

A ideia da Lyfx surgiu enquanto Pedro fazia sua primeira longa viagem de moto, para a região da Patagônia, na América do sul. Nessa viagem, ele pensou sobre o assunto e, após voltar para São Paulo e se organizar por cerca de um ano para que tudo desse certo, optou pelos mesmos moldes para percorrer o trajeto até a Califórnia. Nessa viagem, já começou a analisar como poderia ser diferente sua experiência caso o Lyfx já existisse.

“Percebi que quando eu empreendia fora do país, as coisas davam certo, mas no Brasil não. Por isso resolvi ir para o Vale”, comenta. “Gosto da moto porque posso estar em qualquer lugar, vou a rios, montanhas, coisa que o carro não faz. E tem todo o contato com o meio ambiente, as sensações térmicas, tudo isso. Ao mesmo tempo, é mais rápido que a bicicleta: gosto de velocitá.

Os empreendedores se conheceram apenas um dia antes do início da segunda aventura do motociclista. Após uma conversa no clube do qual ambos fazem parte, um sócio percebeu no outro uma complementariedade interessante para a viabilização do negócio. “Eu acho que essa coisa de amizade prévia é menos importante que o meu propósito. E o propósito dele parece muito com o meu, que também tenho paixão por turismo”, diz Alfredo. “Conheci de verdade o Pedro por WhatsApp, enquanto ele viajava”.

De um lado, Pedro, o especialista em Marketing e comunicação, que já teve agência própria e carreira no Brasil e em Londres; do outro, o advogado Alfredo, com 15 anos de experiência corporativa e em tecnologia, chegando à Vice-Presidência da gigante Nextel e à diretoria executiva de um escritório de advocacia de 2.400 funcionários. Para eles, estava montada a configuração ideal.

No dia 26 de julho, eles se encontraram na Califórnia em busca de parceiros dispostos a engordar o investimento feitos por eles próprios na empreitada. Nas primeiras duas semanas de reuniões, a Lyfx já recebeu seus primeiros três aportes, um deles com alto cargo no Facebook. Mas essa busca, por ora, continua.

Lançamento

A Lyfx está em fase de prospecção, mas já tem recursos necessários para os primeiros saltos. Será liberada comercialmente em breve, assim que conseguir o número inicial de guias em sua primeira área de atuação: Colorado, Califórnia. Embora não falem em datas específicas, os empreendedores disseram que o lançamento oficial deve acontecer em alguns meses.

O lançamento em outras áreas depende de tempo e da velocidade da captação de recursos, mas vai acontecer cedo ou tarde. Nas estimativas de Alfredo, possivelmente a companhia chegará a 5 mil guias em um ano, mesmo período em que podem atingir o breakeven (passar a ser lucrativa). Depois disso, a ambição é simples: revolucionar o turismo.

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