A ONG Anjos do Brasil, dedicada a fomentar o investimento-anjo, aquele destinado a startups, divulgou sua pesquisa anual sobre investidores-anjo no país. Em sua quinta edição, o levantamento, que é feito por amostragem, a partir de entrevistas com investidores e projeções do volume investido, revelou que o total de aportes em 2016 foi de R$ 851 milhões, uma alta de 9% em relação a 2015. Ao mesmo tempo, o número de investidores-anjo responsáveis por esse total de aportes caiu, segundo a entidade, de 7.260 para 7.070.
Veja a série histórica do levantamento sobre investidores-anjo
Para a entidade, os motivos para o aumento do volume de investimentos estão ligados a quatro fatores. O primeiro deles é a própria natureza desses investimentos. Pelo seu alto grau de inovação, as startups não dependem da situação econômica para crescerem e se revelarem um bom negócio.
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O fato de o investimento nesses casos ser de médio a longo prazo também explica o crescimento do volume, já que a expectativa de quem investe é de que, quando chegar a hora de sair do negócio, ou seja, vender a sua parte, a crise provavelmente já terá passado.
Há ainda fatores conjunturais, como a disseminação do investimento anjo no Brasil e o retorno menor ou mesmo negativo das aplicações tradicionais, como bolsa de valores e o setor de imóveis.
Por outro lado, se a crise não influencia tanto no volume de investimentos, isso não se repete quando o assunto é quantidade de pessoas dispostas a apostar dos novos negócios.
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Segundo o presidente da Anjos do Brasil, Cassio Spina, a crise política e econômica pela qual o país passa agrava fatores estruturais como a falta de segurança jurídica e tende a gerar ainda mais dúvidas entre os investidores passivos, aqueles que são procurados mas que tendem a se proteger ou mesmo a investirem nos seus próprios negócios com receio do futuro.
“ E esses investidores são a maior parte do total. Por outro lado, os investidores ativos, ou seja, aqueles que buscam ativamente novos negócios para colocar dinheiro, estão investindo mais”, observa Spina. Isso fica claro quando a pesquisa foca no ticket médio investido. Em 2016, esse valor foi de R$ 120.300, 11% acima do ano anterior, o que também contribui para que o volume total de investimentos em startups tenha crescido.
Para Spina, é necessário que o Brasil adote logo uma política de estímulo a esses investidores, como já foi feito nos Estados Unidos e em países da Europa. Nestes países foram criados incentivos fiscais, como compensação de parte do investimento nos impostos devidos, bem como isenção de imposto sobre o ganho de capital.
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“E isso não significa renúncia fiscal. Uma pesquisa da Grant Thornton [consultoria] já mostrou que haveria aumento de arrecadação, de tributos federais. O capital aplicado em startups é [ ais tarde] em sua integralidade, através de impostos e contribuições sobre salários, aquisição de máquinas, equipamentos e contratação de serviços para os quais o investimento é utilizado, além dos impostos sobre o faturamento da empresa”.
Já há um projeto de lei do Senado em tramitação, o 545/2016, que possibilita a compensação de parte do investimento no imposto de renda devido pelo investidor. Para que ele seja passível de ser aprovado, a Anjos do Brasil e outras entidades também esperam que a Receita Federal defina o que é o investimento-anjo dentro do âmbito da Lei Complementar 155/2016.
2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | |
Volume investido | R$ 450 milhões | R$ 495 milhões | R$ 619 milhões | R$ 688 milhões | R$ 784 milhões | R$ 851 milhões |
Investidores-anjo | 5.300 | 6.300 | 6.450 | 7.060 | 7.260 | 7.070 |
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