Embora sejam bastante comuns na mesa do brasileiro, o glúten (que está em pães, bolachas e bolos) e a lactose (encontrada no leite) são verdadeiros vilões para boa parte da população. Dados do Conselho Nacional de Saúde, por exemplo, mostram que em torno de 2 milhões de pessoas no país sofrem com a intolerância permanente ao glúten, a chamada doença celíaca. Outro estudo publicado este ano pelo Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research aponta que ao menos 65% dos adultos do mundo possuem alguma alergia ou intolerância a elementos do leite.
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A questão é séria. Que o diga a enfermeira Ana Carolina Costa, de 33 anos. Aos 19, ela descobriu que estava entre os números destas estatísticas e ainda se lembra de ter passado anos sofrendo sozinha uma série de restrições alimentares.
A parte bonita é que a jovem não apenas encontrou uma maneira de enfrentar esse problema de saúde como também partiu dele para formular uma ideia de negócio que resultou no Gluten Free Land, clube de assinaturas de alimentos sem glúten que estreia nesta segunda-feira (28).
Como o clube de assinaturas foi desenvolvido
Há três anos, decidiu compartilhar seus dilemas em um grupo que criou na internet. Lá, passou também a ajudar outras pessoas a obter produtos específicos para quem passava pela mesma dificuldade que ela.
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Entre uma busca e outra, acabou estreitando relações com fornecedores da área que atuavam no Paraná e não demorou muito para começar a receber encomendas de gente de todo o Brasil. Quando percebeu, já estava fazendo entregas via Correios no país inteiro. “Eu cobrava só o preço do produto e o frete”, conta.
A enfermeira do Rio de Janeiro radicada em Curitiba viu que tinha em mãos uma oportunidade para empreender: e se criasse um clube de assinaturas para mandar esses produtos periodicamente? Resolveu apostar na ideia. Primeiro, porque, na visão dela, por meio de uma assinatura seria possível entregar itens variados a um preço abaixo do que o mercado cobra.
Ana pensou também no fator praticidade.
“As pessoas tem cada vez menos tempo de ir a mercados e lojas buscar produtos especializados. Esse trabalho todo, além de levar tempo, acaba aumentando o valor que se gasta em um item”, defende.
A empreendedora fez contato com fábricas de produtos livres de glúten, lactose, proteína do leite, ovos, soja e/ou veganos – focando em um público que está sempre atrás de alimentos pouco encontrados nas prateleiras dos supermercados.
Juntou as próprias economias, contratou uma plataforma segura para criar um site e mapeou as principais demandas de sua futura clientela. Com R$ 15 mil, lançou um clube de assinaturas que entrega caixas de produtos selecionados mediante uma curadoria nutricional, o Gluten Free Land, que inicia suas atividades na próxima segunda (28) e leva no portfólio mais de 300 itens.
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O valor das caixas varia entre R$ 80 e R$ 90, a depender da opção escolhida pelo cliente. Uma delas é a Snack Land, que conta com 12 embalagens, incluindo cookies, snacks, salgadinhos e bolinhos. A segunda é a PicNic Land, com misturas de pão, misturas para bolo, massas, cervejas, cookies, snacks e muffins. A assinatura deve ser feita pelo site da empresa.
Nesta empreitada, Ana pretende captar clientes no Brasil todo e já tem 120 cadastrados — alguns até em locais bem distantes do escritório do negócio, que fica em Curitiba, no Bairro Boa Vista.
“A demanda de cidades do interior e em estados mais afastados como Amapá, Bahia e Amazonas vem aumentando”, conta.
Mercado em que Ana apostou é promissor
Otimista, a criadora do primeiro clube de assinaturas de Curitiba recebeu consultoria do Sebrae e planeja triplicar os números da empresa em menos de 6 meses. O que não parece impossível. Ana aposta em um mercado que, embora pequeno, está em ascensão. Dados da consultoria internacional Euromonitor, por exemplo, mostram que o setor de alimentos sem glúten deve crescer 32% nos próximos três anos.
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Outro dado interessante tem a ver com os números da Gluten Free Brasil, realizada anualmente em São Paulo. Segundo a organização da feira, o evento cresceu 500% desde 2011. De acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), no Brasil, em torno de 5% da população adulta possui algum tipo de alergia alimentar. Entre as crianças, o índice é de 8% — destas, aproximadamente 350 mil são alérgicas à proteína do leite.
Para a empresária, que deixou para trás a carreira de enfermeira e hoje se dedica inteiramente ao novo negócio, é prazeroso poder trabalhar com uma ideia que ajude pessoas a superar os mesmos problemas pelos quais ela passou enquanto buscava produtos saudáveis e não encontrava. “Há muito tempo eu já queria ter meu próprio negócio. Acho que estou no caminho certo”, comemora.
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