Com pouco dinheiro em caixa, a maioria dos pequenos empresários brasileiros precisou demitir funcionários e recorrer a linhas de empréstimo para garantir a sobrevivência do negócio em 2015. A constatação faz parte da primeira edição do Termômetro ContaAzul, pesquisa realizada com 1.250 micro e pequenas empresas de todo o país para medir o impacto da crise nos negócios.
O estudo mostra que 59,7% dos entrevistados precisaram recorrer a empréstimos nos últimos dois anos. Destes, 81,8% utilizaram linhas de capital de giro – dinheiro usado para manter a empresa funcionando –, enquanto somente 18,2% aplicaram o dinheiro para investimentos e inovações.
A explicação para o alto índice de empréstimos para capital de giro está em outro dado da pesquisa: em 2015, os pequenos negócios pesquisados tiveram saldo médio mensal de caixa de R$ 1.107. No ano anterior, o valor foi um pouco superior (R$ 3.483), mas ambos os casos demonstram que os pequenos negócios utilizam a maior parte do dinheiro que entra em caixa para quitar despesas fixas e variáveis, sobrando muito pouco para investimentos.
Outra consequência da falta de dinheiro é o elevado índice de demissões. Segundo a pesquisa, 53,1% das pequenas empresas tiveram que demitir no ano passado em função da crise.
No acumulado do primeiro bimestre de 2016, os pequenos negócios registraram um saldo negativo de pouco mais de quatro mil empregos, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Os empreendedores também sentiram o impacto da concorrência em 2015. A maioria aponta que o ambiente competitivo ficou mais difícil, com a entrada de novos concorrentes. Apesar disso, apenas 35,4% dizem que os concorrentes estão inovando e 73,3% percebem que os estabelecimentos vizinhos estão focados em sobreviver.
Perspectivas
A pesquisa realizada pela ContaAzul traz também as perspectivas dos pequenos empresários para este ano. Apesar da crise econômica, 47,7% dos entrevistados afirmam que estão estudando novas oportunidades e que devem apostar nelas para superar o momento de dificuldade. Já 36,8% dizem que somente vão sobreviver em 2016 e 15,6% temem fechar as portas por conta do cenário recessivo.
Com relação a tomar crédito, a expectativa do empreendedor é não recorrer a empréstimos no curto prazo, devido às altas taxas de juros praticadas no mercado. Entre os entrevistados, 51,8% afirmaram que não devem procurar por financiamento, enquanto 26,9% precisarão recorrer a linhas de capital de giro. Somente 15,1% pretendem usar dinheiro de terceiros para expandir a empresa.