Depois de ser fundado no Rio de Janeiro e passar os quase sete anos de mercado na capital fluminense, o Peixe Urbano está de mudança para Florianópolis. A cidade catarinense de 477 mil habitantes conquistou a plataforma de ofertas e cupons de desconto ao oferecer alíquota menor de ISS e ao colocar à disposição uma rede de atores que já atuam para fortalecer o setor de tecnologia, o maior arrecadador de impostos do município.
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A mudança de sede acontecerá em março. O cofundador e CEO do Peixe Urbano, Alex Tabor, todos os diretores e cerca de 350 funcionários vão ocupar um andar e meio de um prédio comercial no bairro João Paulo, às margens da SC-401, estrada que dá acesso às praias do litoral norte do Florianópolis. O escritório do Rio será mantido com cerca de 50 pessoas, assim como as demais instalações que existem em São Paulo, Itajubá (MG) e Montevidéu (capital do Uruguai).
Enquanto a reforma do local não é concluída, parte da equipe está instalada no Centro de Inovação da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), onde aconteceu nesta quinta-feira (2) o evento de anúncio da transferência. A expectativa é que na próxima semana seja possível começar a mudança e o objetivo é concluir todo o processo até o início de março.
Empresa teve que se adaptar a queda das compras coletivas
As negociações para a transferência para Florianópolis começaram no fim de 2016 e partiram da própria empresa, que estava em busca de uma cidade no Sul do país que alinhasse qualidade de vida, mão de obra qualificada e benefícios fiscais. Ao perceber que a capital catarinense tinha esses atributos, Tabor entrou em contato com a prefeitura e a Acate para facilitar a prospecção.
Um dos fatores que teve grande peso foi a alíquota de ISS. Enquanto no Rio de Janeiro e em São Paulo é cobrado 5%, Florianópolis cobra apenas 2% de empresas de tecnologias. A porcentagem é a menor permitida por lei. A média, no país, segundo a Endeavor, é 4,48%.
Ambiente favorável à tecnologia
Mas não foi somente imposto barato que levou Florianópolis a tirar o Peixe Urbano do Rio de Janeiro. A cidade é considerada desde 2014 pela Endeavor um dos melhores lugares do país para se empreender com alto impacto. O município está na segunda colocação, atrás apenas de São Paulo e já ocupou a primeira colocação no primeiro ano da pesquisa.
É, também, referência em tecnologia. São mais de 900 empresas atuando na área que faturaram no ano passado R$ 4,5 bilhões. O setor é o maior arrecadador de impostos municipais e cresce a taxa de 180% ao ano, impulsionado pelo apoio de atores como os parques tecnológicos Alfa e Sapiens Parque, as incubadoras Midi e Celta, a Acate, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapesc), o Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Fundação Certi) e o sistema Fiesc.
“O que atraiu eles [Peixe Urbano] foi nosso ecossistema de tecnologia que vem sendo construído ao longos dos últimos 30 anos”, afirma Daniel Leipnitz, presidente da Acate. “São 14 universidades e dez institutos de pesquisa para fornecer mão de obra e uma gama de consultores, advogados, contadores e jornalistas especialistas em tecnologia”, completa.
O Peixe Urbano será a maior empresa do setor de tecnologia de Florianópolis em termos de faturamento. É também o primeiro grande negócio de tecnologia fundado em outra região do país a se instalar na cidade. Grande parte das 900 empresas de tecnologia de Florianópolis é catarinense.
Além de ajudar na arrecadação municipal, Leipnitz acredita que a mudança do Peixe Urbano deve fomentar a formação e a atração de mão de obra qualificada e estimular mais empresas a se instalarem na região. “Entramos em outro patamar. Nosso ambiente é formado por empresas locais e a vinda de uma empresa forte deve puxar a atração de mais investidores e trabalhadores para a região”, diz o presidente da Acate.
Tabor afirma que o Peixe Urbano por agregar ao trazer a experiência de uma startup completa, que já passou por várias fases do negócio. “Passamos por várias fases de uma startup. Tivemos o minimum viable product e depois a fase do hipercrescimento. Depois buscamos investimento e conseguimos atrair grandes fundos. Nosso mercado se expandiu muito e se esgotou rapidamente. Então, tivemos que pivotar o negócio”, conta o cofundador.
A empresa estima que deve gerar, nos próximos quatros anos, 400 novos empregos em Florianópolis. Com a presença no Sul, também espera aumentar a atuação na região e aumentar o número de estabelecimentos credenciados.
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