Lucas Vicari Boroske e Jean Franklin Simsen: empreendedores começaram cedo e a partir de objetos usados| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Variedade é chave para crescer

Duas razões levaram Lucas e Jean a abrir o centro de distribuição em Curitiba: mais espaço para o estoque e uma melhor opção de logística. "O e-commerce é muito competitivo e o país tem uma deficiência muito grande na logística. Compramos de alguns fornecedores do Sudeste e a mercadoria leva três dias para chegar ao interior, mas apenas um para Curitiba. A lógica inversa é a mesma, ganhamos mais velocidade de entrega estando na capital. Além disso, encontramos mais opções de frete em Curitiba e podemos barganhar preços melhores", explica Lucas.

Os jovens de Marechal Cândido Rondon quase se mudaram do Paraná. Chegaram a visitar Palmas, no Tocantins, para conhecer os incentivos dado a empresas do ramo que se instalavam por lá. Optaram por ficar no estado, que na mesma época também ofereceu redução de ICMS para empresas virtuais. Decididos a ficar no Paraná, vão deixar Rondon? A resposta é técnica e mostra a maturidade dos empresários. "Queremos manter um escritório no interior e outro na capital. Temos 70 colaboradores e sabemos que os custos da operação são mais baratos no interior, tanto em salário médio quanto em aluguel, por exemplo", diz Lucas.

Competição

Para ganhar espaço em um mercado repleto de grandes players a estratégia da Estrela 10 foi buscar nichos mal atendidos. "Desde o início apostamos em um canal multidepartamento, que oferece mais de 8 mil artigos, em 18 categorias distintas. Nossos custos também são menores por estarmos no interior, o que nos dá vantagem competitiva", analisa.

Por que o nome de Estrela 10? Os jovens queriam palavras em português e que fossem fáceis de ser lembradas. Parece que está dando certo. Hoje o site recebe mensalmente de 10 mil a 12 mil pedidos, principalmente de São Paulo, que responde por um quarto do faturamento, seguido do Paraná, com 16% de tudo o que eles ganham.

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Dois amigos, de 18 e 20 anos de idade, que rasparam suas economias e juntaram R$ 8 mil para começar uma loja virtual. Esse foi o investimento inicial da Estrela 10, e-commerce com sede em Marechal Cândido Rondon que depois de cinco anos fatura R$ 1,5 milhão por mês. Jean Franklin Simsen e Lucas Vicari Boroske não fizeram nenhum milagre para conquistar essa multiplicação: se valeram da sua idade e estratégia para crescer em um mercado bastante competitivo.

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Lucas sempre gostou de varejo e descobriu sua paixão pelo comércio virtual aos 15 anos, quando fez a sua primeira compra pela internet. Jean também trouxe de casa o gosto pelo varejo – trabalhou durante um tempo com o pai, em uma loja de móveis planejados –, além de ter um talento especial com a programação.

Aos 15 anos, Lucas plantou a semente da Estrela 10, vendendo tênis aos amigos por canais de market place (lojas virtuais de usados). A logística era a seguinte: comprava de um amigo de São Paulo e revendia pela internet. "Era chamado de muambeiro, mas foi ali que começou a surgir nossa empresa", lembra.

Quando completou 18 anos, Lucas foi para os Estados Unidos, onde trabalhou durante um ano. Assim que voltasse, os dois abririam sua empresa. Dito e feito. Aos 18 e 20 anos, respectivamente, Jean e Lucas saíram do aeroporto quase que imediatamente para um escritório de contabilidade.

Estoque no banheiro

Foi no quarto de visitas que os dois amigos começaram, usando o banheiro do quarto como estoque para os produtos. Seis meses depois, bateram o faturamento de R$ 50 mil. Era hora de sair de casa. Alugaram um escritório no centro de Rondon, em um prédio comercial, época em que contrataram o primeiro funcionário.

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O crescimento incomodou. Não os concorrentes, mas os vizinhos do prédio, que disputavam o elevador com o sobe e desce de produtos que iam e vinham. Dois anos depois de chegar, já com três andares do prédio para a empresa – dois deles para o estoque –, os piás foram "expulsos". "Nos mudamos então para um lugar maior, no centro da cidade mesmo, além de abrir um centro de distribuição em Curitiba para facilitar a operação", conta.

Hoje a Estrela 10 fatura em torno de R$ 1,5 milhão por mês. Como lidar com esse resultado sendo tão jovens? Isso não é mais um problema. "A idade foi um grande empecilho para nós no início, muitos nos disseram que iríamos fechar nos primeiros meses. Quando começamos a crescer, viram que não estávamos de brincadeira e a nossa idade se tornou uma vantagem: mostrou que tínhamos garra. Passamos de um cenário de dúvidas sobre nós a um outro, de credibilidade", ressalta Lucas.