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Como usar indicadores financeiros para tomada de decisões

Desta vez, a equipe Endeavor me pediu para falar brevemente sobre uso de dados financeiros no dia a dia. Para os especialistas na área, o que vou relatar aqui pode ser muito simples, mas espero que possa ajudar alguns empreendedores. Como a maioria dos empreendedores, não sou da área financeira, aprendi a lidar com indicadores na marra, perdendo dinheiro.

Uma das primeiras coisas que aprendi no dia a dia é que caixa é uma coisa e competência é outra bem diferente. Para mim, fez muito sentido aprender isso quando vivi uma fase na empresa onde havia meses fortes, de muita entrada de recurso, e outros fracos, enquanto as saídas eram constantes. Aprendi, nesta época, que gerir a empresa somente olhando para o caixa é muito perigoso, pois você não tem uma noção realista se a empresa está realmente saudável. Eu sempre engasgava quando tinha que falar com alguém sobre receita líquida, margem de contribuição, ebitda… porque nunca havia vivido isso. Para mim, gestão financeira significava ter mais dinheiro entrando do que saindo, não tinha familiaridade com outros indicadores financeiros.

Vi minha empresa evoluir muito mais quando entendi melhor o que é regime de competência. Ou seja, você cria o seu Demonstrativo de Resultados do Exercício (o famoso DRE) e começa observar o que acontece com sua empresa – não olhando o fluxo de dinheiro, mas sim a alocação de recursos que realmente compete ao mês.

Se parecer difícil, relaxa, pois não é. Veja um exemplo: sua empresa possui despesas com pessoal – vamos supor que você tenha um custo financeiro de R$ 10.000,00 (este é seu fluxo no caixa), mas qual seria sua competência com relação a esta despesa? É ai que você utilizará seu planejamento por regime de competência. A esses custos, você adicionará o que realmente irá pagar, mais alguns provisionamentos. Por exemplo, um pedacinho do 13º, um pedacinho das férias e assim por diante. Talvez seu custo real por competência seja R$ 16.000,00. Sei que, ao final, a diferença é bastante e o lucro irá parecer bem menor, principalmente quando começar a fazer isso com outras despesas. Mas essa é a realidade, e assim nós passamos a evitar surpresas. Isso pode ser feito com tudo que você sabe que, mesmo sem sair de seu caixa aquele mês, sairá algum dia dentro do ano. Dessa forma, você terá a visão real sobre o quanto sua empresa é realmente saudável. É impressionante como podemos ter surpresas: pode acontecer de ter dinheiro no banco, mas uma empresa no vermelho, ou uma conta zerada com a empresa no verde.

Gosto muito de usar o DRE no dia a dia de nossa empresa. Nele, agrupamos como queremos ver as receitas, custos e despesas e isso ajuda muito no dia a dia para tomadas de decisão. Se temos despesas que consideramos importantes por representarem boa parte de nosso investimento, nós a destacamos em um grupo e o expandimos para que consigamos entender melhor sua evolução. É muito importante que você comece aos poucos, não precisa criar vários tipos de despesas que provavelmente não terão muito uso, pois atrapalha ter várias linhas vazias em um relatório. Outra coisa é evitar o famoso “Outros”. Que tipo de despesa é essa? Eu acho até importante ter esta linha, mas se começar a ter uma movimentação financeira muito grande nessa categoria (maior que 1%), eu sugiro entender se a alocação está correta.

Time alinhado

Tudo isso precisa estar bem alinhado com sua área administrativa. Se você possui em seu DRE uma despesa de nome “Internet” e seu administrativo aloca a despesa de internet na conta “Telefonia”, aí não tem jeito: seu trabalho para analisar o aumento de despesa será mais para encontrar falhas de alocação do que realmente entender a despesa com telefonia.

Para finalizar, só mais dois pontos:

1) Faça o exercício de planejar com o DRE. Monte uma planilha com a estrutura que você acha que deve ter, coloque os meses lado a lado e projete, com base em sua experiência, o que acontecerá em cada linha.

2) Discuta com seu(s) sócio(s) e, de preferência, com seus líderes/ gestores. Não imponha – reflita e absorva a visão que cada um tem sobre o que acontecerá. Isso será muito importante para que, na sequência, você consiga fazer reuniões do realizado versus o planejado e entender, junto com quem ajudou a planejar, o que esta acontecendo de bom e de ruim. Acredito que esta será a parte mais importante, afinal, ter um DRE e deixá-lo no sistema ou na gaveta, não adianta nada.

A projeção do ano e a comparação do realizado será seu guia para saber se o negócio está indo no rumo que você projetou. Com ele, você terá a real visão de onde está acertando ou errando e terá muito material para discutir com sua equipe como fazer para reajustar os detalhes e voltar aos trilhos.

E, por favor, se você cuida hoje de seu fluxo de caixa, continue assim! Isso nunca terá fim, Caixa e Competência andam juntos e sempre andarão.

Veja o artigo original no site da Endeavor

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