Seguindo a tendência da economia colaborativa, as plataformas de financiamento coletivo são um modelo de negócio que continua crescendo, mesmo com o momento de recessão vivido no país. A brasileira Catarse, por exemplo, cresceu mais de 40% no volume arrecadado em 2016, quando comparado a 2015. No Brasil, o uso dessa iniciativa é recorrente em campanhas do terceiro setor, mercado editorial, de games e música, mas já é possível encontrar arrecadações para boas ideias de produtos que surgem a partir do Movimento Maker e o mercado de inovação.
Em 2017, a previsão é que o financiamento coletivo, também chamado de crowdfunding, continue nesse crescente. Viviane Sedola, cofundadora da Kickante, compara esse movimento no Brasil com o que aconteceu nos EUA. “Quando eles estiveram em crise, o crowdfunding cresceu muito por lá, porque nessas plataformas tem uma alternativa que não há em outro lugar, que é a da adesão coletiva em grandes proporções”. Ela explica ainda que, hoje em dia, não são apenas os inovadores que recorrem à plataforma, mas também as grandes empresas. A justificativa é que a participação em projetos e causas especiais funciona como uma boa ferramenta de marketing.
Veja quais as modalidades existentes de crowdfunding
No ano passado, muitos projetos surgiram em plataformas como Catarse, Kickante e Kickstarter. A Gazeta do Povo selecionou algumas delas para mostrar como está funcionando esse mercado e o que tendências ele pode seguir.
Vue
Os óculos inteligentes faziam, até agora, mais sucesso nos filmes do que na realidade. O Google Glass, por exemplo, decepcionou desde o seu design até as imagens de realidade aumentada, que “invadiam” o espaço físico e ameaçavam a segurança do usuário. O Vue propõe solucionar algum desses problemas.
O óculos inteligente tem funções úteis, como passar direções sem que você precise desviar o olhar para um aplicativo de navegação, atender telefonemas, tocar música apenas para o usuário e informar sobre o progresso durante exercícios físicos. O acessório transmite os sons através de condução óssea, o que dispensa o uso de fone de ouvido. Tudo isso em um design agradável e discreto.
O lançamento produto está previsto para julho de 2017.
Grudi
A Vela Bike já tinha usado o financiamento coletivo para fabricar bicicletas elétricas. Depois disso, começaram a pensar em acessórios que facilitassem a vida dos ciclistas. O Grudi veio para resolver o problema de quem precisa usar o celular enquanto pedala, mas não tinha um suporte adequado para isso. Os aparelhos usados nos carros geralmente não eram tão fixos e resistentes para as trepidações de uma bicicleta. Por isso, o Grudi funciona de uma forma diferente, usando o poder de atração. Ele é feito de ímãs de neodímio da classe N 53, a mais forte do mercado. Para o mecanismo funcionar, é só colocar uma chapa de aço (que vem com o kit do produto) entre a capa e o celular.
Wazer
A precisão das máquinas de corte por jato de água são, muitas vezes, a solução para algumas indústrias. No entanto, o preço do equipamento acaba restringindo o seu uso para esse mercado. E se os pequenos produtores e artesãos pudessem ter a ferramenta ao seu alcance? Essa é a proposta da Wazer, uma máquina de corte compacta e silenciosa, que pode ser usada em qualquer local. O produto é a solução para quem fabricava ferramentas, artigos de decoração e joias em edições limitadas, não porque queriam desenvolver peças exclusivas, mas sim porque não conseguiam produzir em larga escala.
Cafeteira Aram
Essa proposta curitibana é uma boa representante do Movimento Maker. A ideia é que, com a Cafeteira Aram, seja possível fazer café em qualquer lugar e de acordo com o gosto de cada usuário. O método de produção permite que cada pessoa personalize todas as etapas do processo ao seu gosto. A máquina portátil, fabricada por pequenos produtores, não usa nem energia elétrica, nem cápsulas para o preparo da bebida. A adesão à ideia foi forte: a meta de arrecadação de R$ 35 mil foi superada e o valor chegou a R$ 253.300, 720% acima do que era esperado.
Mecânica em miniatura 2
Algumas ideias só vão para as plataformas de crowdfunding depois de anos de pesquisa. A Mecânica em Miniatura, por exemplo, levou nove anos até ser apresentada aos “investidores”. O produto consiste em um kit com várias peças para a montagem de toda a mecânica de um veículo automotor, em escala 1:6. O projeto foi lançado em 2015, mas fez tanto sucesso que apresentou uma continuação, com mais peças para a montagem de novos modelos. A estrutura tem sido usada em empresas e universidades, para o estudo do funcionamento de motores e sistemas de direção, uma vez que a miniatura executa as mesmas ações das máquinas de verdade.
Mola 2
Outra ideia que deu tão certo a ponto de receber novos pedidos foi o Mola. E ela também foi bastante estudada antes de ir sair do papel. O arquiteto Márcio Sequeira de Oliveira estudou, em sua dissertação de mestrado, uma forma estudar e ensinar o comportamento das estruturas arquitetônicas. O resultado foi o projeto Mola, que consegue ir além da teoria e demonstrar esse conteúdo de forma tátil e visual. O produto foi reconhecido pelo mercado e a comunidade acadêmica. Não foi à toa que, em sua primeira edição, ele arrecadou R$ 603.064, mais de 1200% da meta inicial, que era de R$70 mil.
Operação Serenata de Amor
Um robô desenvolvido por um grupo de Porto Alegre trabalha usando a inteligência artificial e a análise de dados para combater a corrupção. Através do cruzamento de dados sobre a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar e as notas fiscais apresentadas pelos políticos, a máquina consegue apontar desvios, anomalias e possíveis casos de corrupção. Com um mês de projeto, a Operação Serenata de Amor conseguiu apontar um caso em que um deputado apresentou 12 notas fiscais de um mesmo restaurante, todas com a mesma data, totalizando gasto de R$ 750.
SPUD
A vantagem da internet móvel é que hoje é possível ter acesso às séries, filmes e jogos em qualquer lugar. Apesar dessa mobilidade, algumas pessoas ainda se incomodam em assistir a tudo isso em imagens pequenas, pela tela dos dispositivos compactos. O SPUD (do inglês spontaneous pop-up display) é uma solução para essa dificuldade e ainda facilita reuniões e apresentações de projetos. O produto é, basicamente, uma tela que você pode compactar e carregar por aí. Na hora de assistir um filme ou apresentar os slides que estão no celular, é possível abri o pacote a montar uma tela maior.