
Peças que sobreviveram ao tempo ganham uma segunda vida nos brechós, nicho de mercado que vem crescendo nos últimos anos, resultado da procura por preço baixo, da segmentação do público e da profissionalização na gestão dos negócios. Segundo dados do Sebrae, o Paraná é o quinto estado em número de brechós no país, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
Um exemplo é o brechó Tati Chiletto, que vende roupas femininas de grife em uma galeria comercial no centro de Curitiba. Depois de ter trabalhado em diversas lojas de marcas, Tatiana sentiu a necessidade de vender parte do seu guarda-roupa. Postou as fotos das roupas em um grupo no Facebook e, em duas horas, fechou 44 encomendas. Seu marido, Cesar Simões, que estava saindo de uma sociedade em consultoria de gestão, deu a ideia de começar o negócio.
Após R$ 30 mil de investimento inicial, o casal fatura R$ 300 mil por ano. São vendidas de 350 a 400 peças por mês e, entre os produtos, estão desde um vestido Paula Hermanny por R$ 70 até um casaco da marca Valentino por R$ 3.100. A empresa está há um ano e meio no mercado e faz a divulgação dos produtos por meio das redes sociais. No primeiro trimestre deste ano, será inaugurada a segunda unidade.
A segmentação deu uma cara nova aos brechós. Há lojas para o público feminino, masculino, infantil e misto. Algumas vendem roupas convencionais, outras somente de grife. Existem, ainda, espaços especializados em acessórios e em roupas esportivas.
Há 11 anos no mercado curitibano, o Treco do Bebê começou quando o sobrinho da Luciana Vilela cresceu e foi necessário se desfazer dos artigos do bebê. Como os itens infantis são caros e usados por pouco tempo, há bastante rotatividade de produtos na loja, que conta com um e-commerce para vender para todo o país.
O cuidado com a seleção das peças que vão para as araras também é um dos diferenciais dos brechós de hoje em dia, que nada se parecem com aqueles ambientes desgastados do passado. Quem faz sucesso investe no garimpo de peças em feiras e com fornecedores exclusivos para garantir produtos de qualidade com preços mais baixos do que nas lojas tradicionais.
Na Trinca Z, brechó de roupas de grife dos amigos Jeferson Sabatke e Caca Brainta, 15 mulheres fornecem as mercadorias. Entre as marcas estão: Armani, Dior, Louis Vuitton, Burberry, Chanel e Marc Jacob.O negócio existe há oito anos, mas a aposta no nicho de marcas selecionadas, nos últimos três anos, fez o faturamento dobrar. “O giro das peças é bem rápido. Em um mês, conseguimos vender. No máximo, o produto fica dois meses”, conta Sabatke.