O aumento no número de demissões e o desejo de ser dono do próprio negócio fizeram com que quatro em cada dez brasileiros (39,3%) escolhessem o empreendedorismo como fonte de renda em 2015. Dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostram que existem 52 milhões de pessoas no país com idade entre 18 e 64 anos envolvidas na criação ou manutenção de algum negócio, o maior número registrado desde 2002.
A alta na taxa de empreendedorismo é explicada pelo aumento do número de novos negócios por necessidade. Enquanto o índice de pessoas que decidiram abrir uma empresa por oportunidade caiu de 71% em 2014 para 56%, a taxa de brasileiros que tomaram essa decisão por necessidade saltou de 13% para 36% em 2015. É o maior crescimento verificado pela pesquisa desde 2010.
A crise econômica é um dos fatores que impulsionaram o aumento do empreendedorismo por necessidade. Para o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, abrir um negócio próprio é a alternativa que os brasileiros encontraram para contornar as dificuldades econômicas.
Mas não é só o fator crise que explica o aumento nos índices, afirma a gerente de pesquisa do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), Simara Greco. Ela ressalta que as pessoas estão enxergando o empreendedorismo como uma opção de carreira, mesmo com todas as implicações do cenário político.
O desafio, segundo a especialista, é o aprimoramento das condições de negócios para melhorar a qualidade dos empreendimentos. Dados do estudo indicam que políticas governamentais, educação e capacitação, e apoio financeiro são as condições mais citadas como limitantes à atividade empreendedora.
A necessidade de melhorar o ambiente de negócios fica ainda mais evidente quando se verifica que apenas 6% das pessoas que administram uma empresa própria possuem ensino superior completo e que 58% têm renda familiar de até três salários mínimos. “É natural que o maior número de pessoas empreendendo tenha baixa renda e escolaridade, já que esse é um reflexo da própria população brasileira”, diz Simara.
Para diminuir a taxa de mortalidade das empresas e melhorar o ambiente de negócios, o presidente do Sebrae afirma que é necessário promover ações que reduzam a burocracia, simplifiquem a legislação, facilitem o crédito e incentivem a educação empreendedora.