A Membracel Produtos Biotecnológicos nasceu de uma situação peculiar da tentativa do fundador, o engenheiro florestal João Carlos Moreschi, de resolver um problema de saúde de sua mãe. Com ajuda do médico Julio Siqueira, ele desenvolveu uma membrana regeneradora porosa, usada em queimaduras e feridas crônicas. E hoje ela é produzida em escala comercial em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba.
Vitória, mãe do engenheiro, tinha uma ferida que não sarava curativo algum amenizava a lesão. "Ele percebeu então que a cicatrização seria melhor se houvesse poros nos curativos. Foi aí que começou a pesquisar como desenvolver a membrana regeneradora porosa, que hoje é patenteada pela empresa", conta Thiago Rossetto Moreschi, filho do pesquisador e atual diretor da Membracel.
Os primeiros testes, feitos em 2000 com dona Vitória, e os bons resultados fizeram com que o uso da membrana fosse expandido para queimaduras e outras lesões. "A película é como uma segunda pele, que ajuda a proteger a ferida e tira a dor, ajudando na cicatrização", explica Thiago.
Hoje a empresa exporta uma pequena parcela de sua produção, cerca de 1%, para o Panamá, na América Central. Mas o plano é ambicioso: a ideia é entrar no mercado norte-americano e elevar a participação das vendas externas a 50% do total.
A Membracel exporta para o Panamá devido ao acaso. "Uma médica panamenha conheceu nosso produto e passamos a vender para lá. No caso dos Estados Unidos, conhecemos parceiros internacionais devido a parcerias que fizemos com instituições no Brasil", conta o diretor.
O plano de expansão no Brasil conta com a venda do produto em farmácias, a partir de agosto. Hoje a maior parte das vendas é feita a distribuidores as membranas são usadas em hospitais e unidades de saúde de todo o país. Para isso, o produto está passando por uma reformulação para atender ao consumidor final.
"Estamos mudando a identidade visual e investindo em marketing para chegarmos ao varejo. Além disso, vamos fazer tamanhos diferentes para que o consumidor tenha mais opções", explica Thiago.
O diretor cita alguns exemplos de preços. A membrana no tamanho 7,5 cm por 5 cm vai custar R$ 19. No formato de 15 cm por 10 cm, o preço será de R$ 68. "Para queimaduras, por exemplo, recomenda-se uma membrana para até dez dias. Para feridas crônicas, ela deve ser trocada a cada cinco ou sete dias", diz.
Expansão
Produção dobra com 10 m² e um funcionário a mais
Como a Membracel trabalha com um processo biológico, o tempo para a produção é diferente do de outros produtos. Entre o desenvolvimento da membrana e a sua embalagem, são seis dias. Nesse tempo, a empresa tem capacidade de produzir 225 mil cm², o equivalente a 22,5 m² de membranas.
A empresa tem hoje nove funcionários, um deles contratado exclusivamente para estreitar relacionamento com as farmácias. "Parcerias são fundamentais para empresas pequenas se movimentarem no mercado. Contratamos uma pessoa para o cargo de gerente de vendas. Ele já tinha o contato com as redes e foi abrindo portas nesse meio", conta Thiago Moreschi, diretor da empresa.
A previsão da Membracel é faturar seu primeiro milhão de reais em 2013. A diretoria espera que a entrada no varejo provoque um "boom" nas vendas, o vai requerer um aumento da capacidade produtiva. Tudo já está na ponta do lápis.
"Já adquirimos um terreno próximo à indústria e devemos iniciar em breve a ampliação. Como o processo é simples, não seria necessário um alto investimento. Com mais 10 m² de área para a produção e um funcionário, a mais é possível dobrar a capacidade da empresa", calcula.
Inovação
A Membracel investe em pesquisas de aprimoramento da membrana e também no desenvolvimento de outros produtos com base na biotecnologia. O objetivo é, a partir de 2014, colocar um lançamento no mercado por ano, com a ajuda do fundador. "Meu pai se afastou da empresa, mas continua na pesquisa. Assim como a minha avó, que tinha úlcera varicosa, outras lesões podem ser cicatrizadas com os produtos", diz Moreschi.