As próximas semanas serão de burburinho, já que os curitibanos têm mais uma novidade para testar. A abertura da unidade local da franquia do Hard Rock Café, prevista para quinta-feira (28), promete aguçar a curiosidade e o apetite por novidades do morador da capital. Ao mesmo tempo em que o público confere as principais características do lugar, comparando com o que já viu ou ouviu falar da marca, a empresa passa por um importante teste de mercado. Com uma pressão a mais: o consumidor local cultiva a fama de crítico e exigente e, frequentemente, é nomeado piloto de provas de novos produtos e serviços para o mercado nacional.
O nível de renda, educação, cultura e diversidade da população local são credenciais que colocam Curitiba como mercado de testes de novas operações e produtos. Com representatividade relativa ao mercado nacional, a cidade cultiva características que permitem aos empresários avaliar a aceitação da marca, fazer ajustes necessários e, então, dar continuidade ao projeto. Outros atributos, como a localização geográfica e custos reduzidos quando comparados a centros maiores como Rio de Janeiro ou São Paulo, também pesam a decisão na hora de fazer o projeto piloto por aqui.
Além disso, os hábitos de consumo e comportamento da população são cruzados com os objetivos estratégicos do que está sendo testado. Onde o consumo de lazer e entretenimento é mais alto, maior será a chance de o morador estar disposto a experimentar novidades. Dados da pesquisa Mintel demonstram que 37% dos curitibanos, contra 10% da média de outras cidades pesquisadas, consideram comer fora, por exemplo – um atributo de quebra de rotina.
Validação
Aliadas a facilidades urbanísticas, como transporte e deslocamento, essas condições contribuem para o campo de testes. De acordo com o professor Luiz Fernando Barbieri, coordenador da pós-graduação em Gestão Estratégica por Processos do Ibmec, do Rio de Janeiro, ser aprovado com esses parâmetros garante uma importante validação no mercado. “Quem passa pelo crivo de um consumidor exigente tem uma vantagem extra diante da concorrência”, aponta. Brasília, Porto Alegre, Fortaleza e Recife são apontadas como praças de testes frequentes.
Não é só o perfil do público que influencia a escolha da cidade. A concorrência também é importante para balizar o novo negócio. “São variáveis avaliadas ao mesmo tempo, conforme o produto ou serviço testado, assim como a região e a estratégia de distribuição que se pretende”, observa o analista Eduardo Yamashita, diretor de Inteligência de Mercado da GS&MD - Gouvêa de Souza, consultoria de negócios de São Paulo.
Avaliar o mercado piloto, porém, não dispensa o empresário de um planejamento de gestão adequado, feito sobre dados bem dimensionados, independente da marca ou produto lançado, o que exige bons níveis de profissionalização do empreendedor. “Já vi McDonald’s fechar por erro na avaliação estratégica do ponto comercial”, aponta Barbieri.