Pouco ou nada se fala de crise nos dois pavilhões ocupados pela 26.ª ABF Franchising Expo, maior feira de franquias do Brasil (e uma das maiores do mundo), que começou nesta quarta-feira (21), em São Paulo. O local é como um shopping center de novos negócios, com mais de 400 marcas disputando a atenção das mais de 60 mil pessoas que devem cruzar os estandes, ao longos de quatro dias.
A feira traduz o otimismo, típico dos bons vendedores, com que o setor encara a economia brasileira. A projeção é fechar o ano com crescimento acima dos 8%, muito perto de retornar à sonhada casa dos dois dígitos.
Confira lista com 79 franquias estreantes na ABF
O valor é referente ao faturamento. Em novas unidades, o setor prevê crescimento de 3% a 4%. O número de postos de trabalho também deve crescer. "Um cenário muito parecido [com o do ano passado], mas com um resultado muito melhor em função dos indicadores", comemora o presidente da ABF, Altino Cristofoletti Junior. A inflação baixa (que pode fechar o ano abaixo dos 4%), faz com que os 8% deste ano sejam mais valiosos do que os 8% do ano passado.
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A semelhança da feira com um shopping não é em vão. Hoje o franchising representa metade das lojas em praças de alimentação, e um terço das unidades no restante dos malls. Muitas estreantes chegam à feira de olho nessa fatia, como a curitibana Oven. Pioneira em pizzas customizadas, que faturou R$ 8,3 milhões, em 2016, e pretende duplicar este valor, ainda até o final deste ano.
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Este varejo tradicional é um pouco o "coração" do segmento de franquias. Mas os bons números do setor também se devem à entrada de gente nova neste mercado. Um ramo de serviços que casou muito bem com o modelo de franquias são as clínicas odontológicas populares.
Marcas como Sorridents, Odonto Company e Odonto Clinic ganham espaço, aliando a disponibilidade de jovens profissionais à padronização que o franqueamento oferece.
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Outras redes são ainda mais inusitadas. A Usina Asfaltos, por exemplo, e uma usina compacta móvel. Só depende de dois operadores e pode ser remanejada de lugar, sendo instalada próxima a obras. O franqueado adquire a máquina e oferta o serviço e o produto, a um investimento inicial que parte dos R$ 370 mil.
As novas marcas não são um mero modismo, mas reflexo de uma tendência internacional, na avaliação do presidente da ABF. Empresas que trabalham com inovação, educação digital, culinária étnica e comidas saudáveis devem ganhar força.
Para o próximo período, também deve haver uma aceleração da entrada de franquias em novos polos concentradores de pessoas, além das ruas e dos shoppings. Como escolas, hospitais, condomínios horizontais. "É uma reinvenção na crise de levar o conceito da marca para próximo do consumidor".
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Oportunidade X necessidade
Os bons números do setor de franquias, no ano passado, podem causar estranheza. Enquanto o país chegava a seu 11.º trimestre seguido de recessão, o franchising crescia 8,3% em faturamento e gerava um milhão de empregos (um tímido aumento, de 0,2%, em relação ao ano anterior).
Muitos analistas creditaram isso à segurança do setor. Por ter um modelo de negócios já consolidado, as franquias atraíram muita gente que tinha algum dinheiro para investir, muitas delas egressas do sistema de trabalho formal.
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Mas a noção de franquia como reino do "empreender por necessidade" é rechaçada pelo vice-presidente da ABF, Alexandre Guerra.
No fundo, todo empreendedor tem uma necessidade.
O que não significa que a franquia seja o refúgio de quem ficou sem alternativa. Prova disso é que, há menos de uma década, em época de pleno emprego, o setor de franchising crescia na casa dos dois dígitos.
Somado a isso, o segmento de franchising brasileiro passa por um momento de maturação. Ou ainda, de "depuração", próprio de momentos de crise: quem tinham negócios bem formatados e interessantes têm maior chance de sobreviver. A entrada de novos setores comerciais no mundo do franqueamento é um sinal disso. O próprio tamanho da feira da ABF, hoje uma das maiores do mundo, também indica isso.
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Hoje, o setor de franquias responde, sozinho, por 2,4% do PIB brasileiro e 3% dos empregos, segundo números da própria ABF. O Brasil é o 5.º país do mundo em número de redes, e o 6.º em unidades.
A próxima fronteira é aumentar o tamanho das redes. Enquanto em países como Estados Unidos e Japão têm algo próximo a 200 unidades por franqueado, no Brasil a média fica próximo de 50.
Confira as franquias estreantes na ABF Franchising Expo, por área
Alimentação
Açaí Concept
Belga Mix
Café Hum
Capilé
Casa da Azeitona
Chef da Empada
Coneland
Cuordicrema
Croasonho
Das Brot
Frango no Pote
Fredissimo
Johnny Rockets
La Coxinha
Mr. Black Café
Oven Pizza
Pizza Me
Rei do Picadinho
Seu Churros
Sorvetes Rochinha
Sterna Café
Tea ShopBrasil
Tomatzo
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*A repórter viajou a convite da Associação Brasileira de Franchising