Alexandre e Wesley são sócios da Mustache Games e buscam patrocínio.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Com a popularização dos smartphones e o auxílio de universidades e grandes corporações, o Brasil tem despontado como polo de pequenas empresas desenvolvedoras de games.

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É um mercado que ganha espaço ao criar produtos sob demanda e atrair o público casual para o universo até então dominado por jogadores natos e marcas internacionais.

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Segundo dados da consultoria Newzoo, o mercado brasileiro de jogos eletrônicos já é o maior da América Latina e o 11.º maior do mundo, com 68,8 milhões de jogadores. A expectativa é que o setor movimente US$ 1,3 bilhão neste ano e, em 2017, fature US$ 1,6 bilhão, de acordo com a consultoria SuperData.

Estima-se que existam cerca de 400 empresas desenvolvedoras de games independentes no país, que produzem mais de 200 títulos por ano. São estúdios formados por equipes enxutas, que muitas vezes contam apenas com designer e desenvolvedor, e que apostam no público casual e na criatividade para ganhar mercado.

Crescimento

Uma amostra do crescimento do número de empresas desenvolvedoras de games independentes é a participação desses estúdios na Brasil Game Show (BGS), maior feira do setor na América Latina. Na edição deste ano, que acontece em São Paulo, serão 108 participantes - em 2014 foram sete e no ano passado, 36. No local, eles têm a oportunidade de apresentar seus projetos e buscar patrocínios e contratos de exclusividade.

“O mercado casual é aquele que os produtores indie (independentes) mais alcançam”, diz o CEO e fundador da Brasil Game Show, Marcelo Tavares. Em geral, os jogos independentes são mais simples, porém conseguem atrair e reter a atenção do público.

Muitos dos jogos são produzidos para o consumidor final e disponibilizados on-line em lojas como da Apple Store e Google Play ou vendidos nas tradicionais plataformas de console. Mas também é cada vez mais comum a produção de jogos sob demanda, com fins educacionais, de treinamento ou de publicidade.

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“O mercado de jogos digitais era dominado pelas grandes produtoras que tinham muito dinheiro para desenvolver projetos”, explica Rafael Dubiela, coordenador de Jogos Digitais do Centro Tecnológico Positivo. “A popularização dos smartphones trouxe uma revolução ao setor que viu a proliferação de pequenas empresas desenvolvedoras de games”, completa.

Capacitação

Em Curitiba, a Universidade Positivo e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) são exemplos de locais que oferecem cursos tecnólogos para produção de jogos digitais. Na Positivo, frequentam o curso, em média, 250 alunos por ano e na PUC, 120 estudantes. A PUC também oferece um curso em parceria com a Apple para formação de desenvolvedores de aplicações iOS. Já a Positivo possui uma produtora de soluções digitais, chamada Freddy Bear Games, que emprega 21 pessoas.

A facilidade de criação, publicação e distribuição dos jogos também impulsionou o setor de estúdios independentes.“É muito fácil publicar e também se tornou fácil desenvolver, pois as plataformas de produção estão mais acessíveis e há muita informação disponível na internet”, diz Edson Kekis, fundador da Kekis Games, produtora independente de Imbituva, no interior do Paraná, que lançará seu primeiro game chamado Armed Country na Brasil Game Show.

Maior desafio é divulgar

Para se consolidar no mercado, o desafio do setor está na divulgação e no alcance dos jogos produzidos, principalmente aqueles feitos diretamente para o consumidor final. Como as principais formas de monetização (cobrança do jogo, disponibilização de versão freemium ou anúncios publicitários) exigem que um número significativo de jogadores acessem o conteúdo, o investimento em publicidade e marketing é fundamental para o sucesso de um game independente.

Empresas locais se firmam com apoio privado e de universidades

Jogadores de videogame de Curitiba estão transformando seus hobbies em oportunidades de negócio. É o caso de Alexandre Nowacki e Rafaela Costa, que largaram suas antigas ocupações para montar o próprio estúdio de desenvolvimento de jogos digitais.

Em comum, eles começaram jogando em casa e buscaram capacitação para aprender a programar. Alexandre Nowacki foi aluno do Tecnólogo em Jogos Digitais do Centro Tecnológico Positivo e, quando terminou o curso, no primeiro semestre deste ano, montou junto com o Wesley Henrique Raymundo a Mustache Games.

O foco da empresa é a criação de jogos educacionais e inclusivos. Eles já investiram R$ 10 mil para o desenvolvimento do Salve o Mico, jogo educacional voltado para crianças que tem como objetivo restaurar o hábitat natural do mico-leão.

O objetivo dos sócios é procurar patrocínio para ajudar na divulgação. “Sem dinheiro, a gente até consegue fazer e publicar um game, mas tem um limite”, explica Nowacki.

Para manter a empresa, eles atuam meio período como freelancer. “Quando mais cedo empresas e o governo começarem a investir pesado em produtoras, mais vai fomentar o setor”, diz.

Dedo de Bill Gates

Foi da parceria com uma grande empresa, a Microsoft, que surgiu a Signum Game Studio. Após ter participado e vencido a Imagine Cup em 2012, competição de computação da companhia, Rafaela Costa decidiu criar o estúdio independente para atender demandas de aplicativos e jogos da Microsoft.

No mercado há quatro anos, a Signum passou a atender também outras empresas e a fazer games independentes. O mais novo é o #Buddies, voltado para o público infantil que tem como desafio cuidar de um animal ao mesmo tempo em que ensina lições de programação.

A equipe da Signum conta com 10 profissionais e desenvolve, em média, três projetos por ano. “Se não fosse a parceria com a Microsoft, eu não teria a oportunidade de me conectar com grandes empresas”, diz Rafaela.

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