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Donos de food trucks investem em negócio enquanto aguardam regulamentação

Joaquim Oliveira investiu R$ 80 mil na adaptação de uma van e construiu uma cozinha móvel de 3 m2, onde finaliza a preparação de seus hambúrgueres | Albari Rosa/gazeta do povo
Joaquim Oliveira investiu R$ 80 mil na adaptação de uma van e construiu uma cozinha móvel de 3 m2, onde finaliza a preparação de seus hambúrgueres (Foto: Albari Rosa/gazeta do povo)

Foi quase ao mesmo tempo. Enquanto a Câmara de Vereadores de Curitiba ainda ensaiava a discussão da legislação que regulamentaria a atividade dos food trucks, os primeiros empreendedores decidiram colocar os caminhões para rodar. Flutuando entre a comida de rua, o comércio ambulante e o restaurante convencional, o food truck exigiu discussões sobre condições de funcionamento das cozinhas itinerantes, que fazem sucesso nos EUA há dez anos e chegaram por aqui para chacoalhar a área de alimentação fora de casa.

O burburinho se justifica pelo conjunto de órgãos envolvidos na atividade. Além das condições de higiene e manipulação dos alimentos, há a questão do trânsito – de veículos e pedestres –, limpeza urbana, geração de energia e abastecimento de água, tributos e a concorrência de restaurantes fixos. Apenas na primeira avaliação, Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros, Detran e secretarias de Urbanismo e de Trânsito seriam impactados com a novidade.

A discussão levou um ano até a aprovação da lei, no mês passado. Sancionada pelo prefeito Gustavo Fruet no dia 14 de abril, a administração pública agora corre para finalizar as regulamentações em até 60 dias, prazo final para a legislação entrar em vigor.

Quem não quis esperar está quase completando um ano de trabalho, como o Nebraska Burgers, do empresário Marco Aurélio Soares Salgado, representante da Associação Paranaense de Food Trucks (APFT). Formado em medicina veterinária, Salgado passou de uma ponta a outra da cadeia da produção alimentar quando deixou o trabalho de inspeção de carnes no Mato Grosso, em 2012, para transformar o hobby da gastronomia em negócio, inaugurando o primeiro food truck de Curitiba, em maio de 2014.

Eventos privados

Hoje são 22 associados à APFT em Curitiba, 15 deles em atividade, estacionados em áreas privadas ou participando de eventos particulares ou abertos ao público em geral, organizados pelos próprios empresários. Todos aguardam a regulamentação da lei pela prefeitura para realinhar a estratégia de negócios de seus caminhões.

“Com maior mobilidade e pontos públicos para estacionar, o mercado vai crescer ainda mais. Depois que mais caminhões começaram a operar na cidade, meu faturamento vai aumentar, pois a concorrência ajuda a criar esse novo conceito e estimula o hábito no consumidor”, diz.

A regulamentação é debatida pelos empresários da área de gastronomia com a APFT, como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR) e a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar-PR), além de representante do Legislativo, Executivo e órgãos da administração pública.

“A preocupação é equiparar as exigências feitas aos estabelecimentos fixos aos itinerantes, como a segurança alimentar na manipulação dos alimentos e o uso do solo, com gerenciamento de resíduos, por exemplo”, diz o diretor da Abrasel, Luciano Bartolomeu.

Regras mínimas

Algumas questões estão definidas: serão permitidos apenas dois caminhões por CNPJ e a atuação dos food trucks locais está limitada às empresas estabelecidas na capital. Também haverá uma distância mínima entre o ponto do caminhão e a concentração de restaurantes e feiras livres na cidade. A APFT avalia que até 150 metros devem ser suficientes.

“Queremos exercer uma concorrência saudável e ética, dando mais opções ao cliente”, diz Salgado. O documento também vai definir como serão selecionados os trucks que poderão ocupar os espaços públicos que serão previamente definidos pela prefeitura. “Vamos definir se será por licitação ou rodízio, o que me parece mais justo”, diz.

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