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EdTech oferece oportunidades, mas desafia quem quer empreender

Matheus Goyas, um dos fundadores do AppProva, aplicativo que auxilia os alunos no estudo e preparação para provas | Divulgação /
Matheus Goyas, um dos fundadores do AppProva, aplicativo que auxilia os alunos no estudo e preparação para provas (Foto: Divulgação /)

O setor de tecnologia educacional – conhecido entre empreendedores como EdTech – é um dos mais promissores para quem busca tirar sua startup do papel. Mas é também o ambiente que mais oferece desafios. Isso porque, além de a educação ser um dos segmentos de negócio com mais problemas para serem solucionados, se apresenta como um dos mais conservadores quando o assunto é inovação.

Segundo Rafael Ribeiro, diretor executivo da Associação Brasileira das Startups (ABStartups), as dificuldades enfrentadas pelos empreendedores neste segmento começam no momento em que a ideia do negócio é formatada e, a partir daí, precisa ser testada e validada no ambiente educacional, com alunos e professores. “Muitas vezes as startups têm ideias interessantes, mas acabam encontrando uma grande resistência por parte das escolas em ajudar a testar e validar o produto”, explica.

De acordo com relatos, os desafios se multiplicam dependendo do sentido em que as decisões acontecem. Quando é a diretoria da instituição que escolhe qual inovação implementar há uma resistência dos professores, que não puderam participar do processo. Quando a escolha vem no sentido inverso, a resistência é da diretoria, que acaba não enxergando o valor agregado e como aquela tecnologia pode gerar uma melhoria à escola como um todo.

Para Matheus Goyas, um dos fundadores do AppProva, aplicativo que auxilia os alunos no estudo e preparação para provas, um dos maiores erros de quem empreende no setor de EdTech é achar que a utilização e o engajamento de escolas e professores será alto a partir do lançamento da solução. “Não adianta nada desenvolver a tecnologia e achar que todos vão sair usando desde o primeiro dia”, diz. “É preciso ensinar como funciona o sistema para mostrar a real proposta de valor para eles.”

Segundo Rafael Ribeiro, os empreendedores precisam lembrar que, para uma inovação ser inserida em uma instituição educacional, ela precisa gerar valor para todos os envolvidos, e não apenas a escola e professores. “É preciso que exista valor agregado no produto ou serviço para os quatro envolvidos: escola, professores e, principalmente, os pais e alunos.”

Oportunidades para resolver problemas

Segmentos de mercado com grandes problemas costumam ser um prato cheio para empreendedores que buscam inovar. Foi justamente a partir da observação de uma necessidade que nasceu o AppProva. “As boas oportunidades na vida costumam depender de um bom desempenho em uma prova, seja no ambiente educacional ou no ambiente profissional,” conta Matheus Goyas, um dos fundadores da startup. “Nosso objetivo é garantir as melhores oportunidades para quem faz essas provas.”

O aplicativo permite que o aluno se prepare para provas de uma maneira mais interativa, com feedback em tempo real, e resultados que permitem que ele dedique a maior parte do seu tempo para os conteúdos que mais necessitam sua atenção. Lançado em 2012, o AppProva está presente em mais de 60% dos municípios brasileiros, com mais de 1 milhão de alunos cadastrados e usando o sistema com regularidade.

A grande quantidade de problemas presentes na educação é o que motiva a inovação, e para Rafael Cunha, diretor de operações do Descomplica, uma plataforma de educação preparatória para ENEM e vestibulares, o maior deles é que as pessoas não conseguem se livrar do modelo tradicional, em especial por conta da imagem que se criou. “As pessoas não conseguem enxergar que a escola não precisa ser só o modelo professor, alunos, carteiras, quadro negro,” conta Cunha.

Na opinião de Goyas não há mais como pensar a educação sem relacioná-la com a tecnologia, mesmo que o mercado brasileiro esteja engatinhando neste sentido, com um pensamento ainda relativamente conservador sobre o assunto. Assim como em outros segmentos do mercado, o caminho, segundo ele, passa pela solução dos grandes problemas estruturais, para só então pensar em um pool de soluções para facilitar a vida de escolas, pais, alunos e professores. “Não existe uma bala de prata no segmento, é preciso trabalhar para resolver um problema de cada vez,” finaliza.

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