Ele é um "abridor de restaurantes". Provavelmente sem saber, você já deva ter comido em algum estabelecimento de Délio Canabrava, dono da Cantina do Délio, da Bella Banoffi e do Canabenta ele também deu um empurrãozinho inicial na abertura do Picanha Brava, do Jacobina e do Estofaria. O empresário tem seus negócios na Rua Itupava, na região do Alto da XV, onde descobriu, em meados dos anos 2000, um potencial para explorar.
Formado em Design pela Universidade Federal do Paraná, Délio, como é conhecido no meio, passou três anos da vida em Londres, onde começou a perceber um gosto pouco ligado a sua formação: a cozinha. "Lá trabalhei lavando pratos e fui crescendo. Em pouco tempo estava auxiliando na cozinha, onde vi que era ali que queria trabalhar", conta. Voltou ao Brasil e resolveu passar cerca de um ano no Peru, para conhecer a comida de rua. Saiu de lá decidido.
No fim de 2001, começou a trabalhar no Beto Batata como gerente. Foi lá que colocou à prova a delícia conhecida e reconhecida na capital: a banoffi, doce feito com a banana. "Minha esposa fez a sobremesa e pediu para levar ao restaurante. Como a banana é uma fruta desvalorizada na culinária, achei que não ia dar certo. Mas deu", lembra.
A fórmula para o sucesso: encontrou um nicho e se especializou. "Ninguém trabalhava com o bom e barato. Criamos valor agregado ao produto de baixo custo para nos diferenciarmos no mercado", pontua. Além disso, Délio faz testes com o próprio negócio, que começa pequeno para depois expandir. "Começo com pequenos protótipos dos meus estabelecimentos. Conforme vão crescendo, eles vão sendo reformados e ficando maiores e melhores", explica.
Saiu do Beto Batata para abrir, junto com o irmão, o Picanha Brava, do Água Verde. Apesar de estar em uma região consolidada no quesito lazer e entretenimento, os olhos de Délio estavam voltados para outro ponto da cidade. "À época, os bares e restaurantes estavam na região do Batel. Eu sabia que a Rua Itupava tinha potencial, uma demanda reprimida. Fui então para lá com meus negócios", conta.
Depois disso, a região passou a receber outros empreendimentos, fazendo da Rua Itupava e suas imediações a nova fronteira do ramo em Curitiba. Novos negócios? Por enquanto só os complementares aos restaurantes. "Abrimos um estacionamento na região, para atender melhor os nossos clientes. Queremos estar sempre um passo à frente da concorrência", ressalta.
Talvez, no futuro, o empresário possa abrir um delivery. Até poderia ser um mais um restaurante ou bar, mas o aperto da fiscalização da Lei Seca desde o início do ano trouxe impactos diretos ao negócio: uma queda de 30% no faturamento na comparação com o ano passado. "A legislação está mudando o comportamento dos consumidores. Precisamos observar isso e nos adaptar", salienta.