Jorge, Hudson e André na pista: paixão pela pranchinha motivou a abertura das empresas| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

Eles estão mudando o cenário da Praça do Gaúcho. Em menos de seis meses, três grupos de empresários skatistas decidiram juntar as economias e investir no comércio local. A primeira loja especializada foi inaugurada no fim do ano passado, a segunda há menos de um mês e uma terceira está em reforma e deve ser aberta nos próximos dias. A aposta desses novos investidores é que a pista de skate, uma das mais antigas do Paraná, atraia os clientes.

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André Guetter, 34 anos, tentou duas faculdades antes de se tornar empresário. Agora ele aluga o ponto da esquina da Rua Nilo Peçanha. O gasto inicial foi de R$ 6 mil pelo ponto, mais o aluguel, R$ 1,5 mil, além da reforma, feita com mão de obra própria, que começou no ano passado e deve terminar em maio. "A ideia é ser feliz e viver do que eu gosto. Vamos investir em produtos de qualidade para dar segurança aos clientes, e eu espero que eles fiquem satisfeitos", afirma André.

Todos os produtos e serviços até a inauguração devem custar no máximo R$ 150 mil. Dinheiro que um dos sócios, Jorge Fes, espera recuperar nos dois primeiros anos do novo negócio. "Fiz cursos, trabalhei com vendas; foram sete anos de preparação. Na faculdade de Desenho Industrial, onde conheci o André, um dos projetos foi desenhar uma palmilha para tênis, que me rendeu um convite de emprego da Nike. Mas naquela época eu já sonhava com o negócio próprio", conta Jorge.

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A loja Play foi aberta há menos de um mês pelo empresário Jeff Pereira e o sócio Rafael Alban. Jeff sempre gostou de skate, era amigo de alguns profissionais e até acompanhava os dois filhos na pista. A paixão virou negócio e agora deve render também alguns projetos sociais. "Estamos desenvolvendo um projeto de escolinha gratuita na praça para atrair os jovens. Quero fazer um resgate social de algumas pessoas que estão por ali. Alguns são talentosos, ganham campeonatos, mas acabam se perdendo nas drogas. Os atletas têm um papel importante de resgate dessa juventude", afirma Jeff. E a concorrência recente não assusta. "Quanto mais lojas de skate tiver na praça melhor, vai ser um ponto de referência. Atrai mais a atenção dos clientes. Mesmo porque cada loja vai oferecer um tipo de produto", defende o empresário.

A loja Back Flip foi aberta há 8 meses pelo empresário Marlos dos Santos, que também acompanha os filhos na pista. Até agora o investimento foi de R$ 250 mil e o retorno, segundo ele, só deve chegar a longo prazo. "O movimento está ainda um pouco fraco, mas eu já tenho outra loja desse mesmo ramo em outro local que já se paga. Eu sei que é um bom negócio, mas cada região tem um perfil", afirma Marlos.

O "point"

O Redentor que virou Gaúcho

A Praça do Gaúcho, que fica em frente ao cemitério, na verdade se chama Praça do Redentor, mas recebeu esse apelido por causa da sorveteria, uma das mais tradicionais da cidade. A Sorvetes Gaúcho atrai muitos clientes nos fins de semana ensolarados há pelo menos 60 anos. Outro ponto de encontro da Praça é o Bar Pudim. O boteco foi aberto em 1968 e tem receitas de petiscos tão tradicionais que já são marca registrada da casa. A empada de camarão e palmito e os bolinhos de siri e bacalhau lideram os pedidos. A pista de skate é a segunda mais antiga do Brasil, foi construída na década de setenta e reformada há quatro anos. O local recebe dezenas de praticantes durante a semana. Nos fins de semana de sol o movimento aumenta bastante. Dali saíram as primeiras manobras de muitos skatistas que hoje conquistaram fama mundial como Alex Carolino, Danilo do Rosário, Rodil Ferrugem e Carlos Piolho. Nas ruas próximas à praça, muitos jovens empreendedores investem em estabelecimentos alternativos, com estilo vintage, o que está transformando o bairro em um local que reúne público jovem e descolado.

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