A meta do setor paranaense de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é ousada: ser o principal polo produtor e exportador do segmento na América Latina até 2035. A missão, porém, é plausível. Há negócios paranaenses de TIC na lista das pequenas e médias empresas que mais crescem no Brasil desde 2007. Também já existem vários negócios locais com mais de dez anos de mercado e com base sólida de clientes. Alguns já exportam seus serviços para Estados Unidos, América Latina e Europa.
A consolidação do mercado paranaense de tecnologia da informação começou a partir de 2006, ano em que foram criados os primeiros Arranjos Produtivos Locais (APLs), organizações que reúnem diversos empresários de TIC para discutir o mercado. Em Curitiba, por exemplo, há reuniões mensais para falar sobre as novas tecnologias, para fomentar parcerias com instituições de ensino e para facilitar a compra de insumos.
“A ideia é se fortalecer para enfrentar a concorrência. Já aconteceu de fecharmos parceria com o Sebrae para capacitação a um valor baixo, o que não seria possível sozinho”, explica Vinicius Feltrin, diretor da Horus Solutions, empresa de Curitiba que cresceu 72% entre 2013 e 2015 e que teve receita líquida de R$ 8,3 milhões no ano passado.
Passos largos
A organização dos empresários com a criação de APLs em nove cidades do estado surtiu efeito e alavancou o setor. Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o setor de TI tem crescimento médio de 20% a 30% ao ano e ampliou em 75% o número de empregos nos últimos quatros anos, gerando 18,6 mil postos de trabalho em todo o estado até 2014, com salário médio de R$ 2.758.
A alta demanda por serviços de tecnologia da informação, independente do momento econômico, também explica a curva acentuada de crescimento. Projetos de TI são procurados tanto por quem busca reduzir custos e aumentar a eficiência do negócio quanto por aqueles que estão investindo em novas tecnologias.
“A TI era vista como despesa há 10 anos. Hoje, mudou. [As empresas] viram que o software ajuda a vender mais e a reduzir custos. Toda empresa precisa de TI para sobreviver”, afirma Sandro Molés, presidente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação do Paraná (Assespro-PR).
A proposta de simplificar a vida dos clientes é bem vista pelo mercado. “Queremos ser vistos como peça fundamental, como uma extensão do negócio do cliente. Se a Central Server para, o cliente para”, afirma Juliano Simões, sócio fundador da Central Server, empresa de Curitiba que cresceu 34% entre 2013 e 2015 e que conta com 6 mil clientes, a grande maioria pequenos e médios negócios.
Prestar um serviço eficiente também conta pontos a favor. Nos últimos anos, parte das empresas procurou qualificar seus produtos e serviços para conseguir certificações de players importantes do mercado, como Gartner, IBM e Oracle. Os documentos ajudam a atrair clientes e são essenciais para entrar no mercado internacional.
E para não perder o ritmo de crescimento, as empresas estão acompanhando o lançamento de novas tecnologias para sair na frente. “As demandas continuam sendo enormes. Agora os sistemas estão sendo adaptados para smartphone. Daqui a pouco vão precisar de IoT (Internet das Coisas)”, explica Carlos Alberto Jayme, diretor da CINQ, desenvolvedora curitibana que faturou R$ 17 milhões em 2015 e que exporta desde 2003.
Crise econômica
A recessão econômica foi sentida pelo setor neste ano, mas isso não deve resultar em uma retração. Empresários consultados pela reportagem afirmam que vão manter o mesmo faturamento de 2015 ou conseguir crescer a taxas menores do que as registradas em anos anteriores. Em 2017, a Assespro-PR acredita que as receitas vão ficar estáveis e que a partir de 2018 haverá a retomada, principalmente com projetos de exportação sendo tirados do papel.