A Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) estima que o setor tenha fechado 2016 com um faturamento de R$ 19 bilhões, o que representa um crescimento de 5,7% em relação ao ano anterior. As projeções, feitas ainda com dados de janeiro a setembro, representam uma previsão cautelosa do setor em razão, principalmente, da queda nas exportações a partir de 2015 e da redução nas vendas de produtos alimentícios. Ainda assim, a tendência de as famílias “humanizarem” seus pets está abrindo novas fronteiras para negócios dentro deste setor.
Até creches, estilo day care, e padarias, como a rede de franquias Padaria Pet, surgiram nos últimos anos como possibilidades de negócio dentro dessa área. Mas há outras possibilidades.
Há dois anos e meio, os fundadores da DrogaVET, farmácia de manipulação de medicamentos veterinários de Curitiba e que se espalhou pelo país por meio de franquias, começaram a pesquisar o mercado de cosméticos para pets. Era um caminho natural para inovar, e, assim como no caso da DrogaVET, uma oportunidade para oferecer algo inédito no mercado brasileiro. Na semana passada, após muito planejamento, nasceu a docg. Authentic Pet, linha de cosméticos para cães e gatos que chegará ao consumidor, neste primeiro momento, via vendas porta a porta e também parceiros pessoa jurídica, como os próprios franqueados da DrogaVET e os pets shops.
O primeiro insight para o negócio partiu justamente da tendência de melhora no tratamento dos pets. “Nesse sentido, o que você tem de bom para você [em termos de produtos de qualidade], agora você também vai ter para o seu pet”, conta a farmacêutica Sandra Schuster. Ela e Flávio Pigatto fundaram a DrogaVET em 2004. Para a nova empreitada, os dois convidaram o franqueado da farmácia em São Paulo há mais de dez anos, Juliano Brites Cortes, para ser o terceiro sócio da docg.
De acordo com Juliano, foram contratadas cinco consultorias diferentes para ajuda-los a tirar a ideia do papel, entre elas uma exclusiva para buscar o modelo tributário ideal e outra para pensar apenas em branding package, ou seja, para o design dos produtos. “Aquela história de que 70% das empresas quebram nos primeiros dois anos de vida por falta de planejamento sempre foi uma preocupação muito grande nossa”, confidencia Juliano.
A busca por consultorias também foi parte natural do planejamento porque no decorrer dos estudos a ideia foi crescendo. “Começamos pensando numa linha de cosméticos pet que, mais tarde, viraria uma franquia. Depois eu sugeri a ideia da venda direta e do e-commerce. Enfim, a gente juntou vários canais de venda numa única operação”, explica Sandra. “Com isso, a nossa fase de experiência foi há dois anos, com os estudos e pilotos [conduzidos com pet shops locais], ou seja, antes mesmo do lançamento da docg. O resultado são produtos de ótima qualidade e a um preço acessível”, ressalta Flávio. Um shampoo da docg. custa R$ 39 e ainda pode ser diluído em quatro partes.
Esses testes foram fundamentais para buscar a qualidade máxima dos produtos. Um dos diferenciais da linha da docg. em relação ao que existe no mercado é que todos os shampoos têm PH balanceado e uma substância chamada deoplex, que neutraliza odores e garante uma maior durabilidade ao banho.
A linha é fabricada em uma planta terceirizada localizada em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. São cosméticos como shampoos, condicionadores, finalizadores, banho seco, creme para patas, perfumes e também uma linha dedicada aos profissionais de beleza e estética animal. A linha de perfumaria, aliás, usa as fragrâncias da empresa suíça Firmenich, fornecedora de fabricantes como O Boticário.
Além dos cosméticos próprios, Sandra conta que a docg. também venderá alguns produtos, como petiscos, alimentos úmidos, acessórios, brinquedos e camas, inéditos no Brasil a partir da segunda fase do negócio, prevista para março e abril próximos, e fará isso de forma exclusiva.
Assim como na DrogaVET, o principal parceiro da docg é o médico veterinário
Na esteira da DrogaVET, os três sócios também tinham a preocupação de fazer com que a nova empresa mantivesse o médico veterinário como principal parceiro. Pensando nisso, a docg. aceita tanto consultores pessoa física, a exemplo de gigantes de cosméticos humanos como a Natura, como consultores pessoa jurídica, papel no qual os próprios pet shops se encaixam. Em uma segunda fase, a docg. também deve abrir para franquias, começando pelos próprios franqueados da DrogaVET, que hoje somam 32 em 16 cidades do país. Além desses dois canais, a docg. pretende estrear, em breve, o espaço de vendas on-line para o consumidor final.
Por ora, a atenção da docg. está sobre as vendas porta a porta. A meta é chegar a 500 consultores apenas em Curitiba até o fim de abril.
Para atingir a meta, a docg. conta com um esquema de incentivo parecido com o que já existe em outras empresas de cosméticos. Se um consultor regular indicar outros cinco ele passa a ser líder desse grupo de consultores. Com isso ele passa a comprar os produtos para revenda com um desconto maior, de 30%, e ganha 5% em cima das vendas dos consultores que estão abaixo dele.
Para a expansão no formato de franquias, a meta dos consultores também é importante. “O franqueado vai poder comprar a franquia já sabendo do potencial de faturamento porque todos os consultores [da localidade] vão passar a comprar desse franqueado, que vai funcionar também como um canal de distribuição”, explica Juliano. Ele ressalta a interdependência das possibilidades de venda da docg. Até mesmo quando o canal de vendas on-line abrir direto para o consumidor, o cliente poderá citar o nome do consultor que apresentou a docg ele pela primeira vez, o que vai gerar uma pequena comissão para o consultor.