Além de dominar a expertise do negócio, o empreendedor precisa, sim, entender de finanças. E acompanhá-las de perto, pois é esse controle que vai dar suporte às suas decisões. Saber quanto entra no caixa, depurar o faturamento, ter controle dos pagamentos e recebimentos vai ajudar a definir o planejamento financeiro que baliza seus movimentos estratégicos.
Não dar a devida atenção aos números pode mascarar os resultados e levar a decisões equivocadas. “O controle financeiro precisa ser completo e verdadeiro, e deve ser adotado por qualquer porte de empresa”, avalia a consultora Eliana de Paula, fundadora da Gerencianet, empresa de gestão financeira empresarial. Separar a conta pessoal da empresa é o primeiro passo para a organização financeira, além de ser fundamental para trabalhar com valores reais, sem distorções.
A partir daí, a orientação é fazer registros diários de contas a pagar e receber, ter atenção a datas e compromissos, controle de custos fixos e variáveis. Com essas informações, o empreendedor consegue estabelecer as necessidades reais de recursos para investimentos, provisionamentos e aplicações financeiras. “É normal que a empresa tenha períodos de caixa positivo e negativo devido à sazonalidade do negócio. Mas o controle diário é a base para estabelecer uma planilha de longo prazo, de até um ano, essencial para o planejamento financeiro”, observa Piero Contezini, fundador da Asaas, especializada na gestão de cobranças de micro e pequenas empresas.
O acompanhamento rigoroso sobre o andamento do negócio é necessário antes mesmo de abrir as portas. E, muitas vezes, pode fazer a diferença entre conseguir financiamentos mais baratos. Foi o que aconteceu com a empresária Aline Garcia Musio Ramos, de Maringá. Ela e a sócia precisaram recorrer a um empréstimo para concluir a reforma do imóvel da loja de roupas inaugurada na primeira quinzena de novembro.
A duas semanas do fim das obras, Aline precisou de dinheiro para o acabamento. “Precisamos de 20% do total do nosso investimento para concluir a reforma e abrir as portas”, conta. Com a orientação do Sebrae, onde tinha participado de cursos e consultorias, Aline procurou a Sociedade Garantidora de Crédito da cidade para conseguir melhores condições de financiamento. Munida de um plano de negócios detalhado e da carta de aval, a empresária conseguiu liberar o dinheiro em 15 dias. “Economizei em taxas e burocracia”, diz.