Empresários do Centro Histórico de Curitiba estão empenhados em trazer as pessoas de volta às ruas. Com o aumento no número de shoppings e de estabelecimentos comerciais nos bairros, diminuiu a frequência com que as famílias vão ao centro da cidade para fazer compras.
O resultado foi a fuga da clientela, espantada também pela falta de segurança na região, principalmente no entorno do Largo da Ordem.
Com o objetivo de mudar esse cenário, foi criada em 2012 a Rede Empresarial do Centro Histórico. Os 21 empresários associados criaram uma central para negociar coletivamente com fornecedores, têm cursos do Senac à disposição para capacitar funcionários, recebem consultorias de inovação e tecnologia do Sebrae-PR, e contam com a força do grupo para reivindicar melhorias de infraestrutura e segurança junto ao poder público.
Um exemplo de empreendimento beneficiado é o Hotel Blumenau, que fez um projeto de revitalização da fachada pagando apenas R$ 1,8 mil. O restante foi custeado pelo Sebrae.
“Por fora, isso custaria R$ 23 mil, o que seria inviável para nós”, afirma Karla Sottomaior, sócia do hotel.
As atividades do grupo resultaram na melhora do atendimento, na profissionalização dos comerciantes e na renovação do perfil dos negócios, que vão dos tradicionais bares e restaurantes, passam por hotéis e chegam até ateliês. Segundo dados da prefeitura, até 30 de outubro deste ano havia 1.631 alvarás ativos para atividade de comércio no bairro São Francisco, onde fica o Centro Histórico, ante 1.279 registrados em 2011.
Um dos últimos empreendimentos inaugurados foi a Barbearia Rei Trajano, exclusiva para o público masculino. Jorge Fachinello tem a loja há sete meses e faz cerca de 300 cortes por mês. Para atrair o público, mantém a televisão sempre ligada em canais esportivos e vende cerveja artesanal. “A batalha diária é fazer o cliente vir para a loja a primeira vez”, diz.
Um exemplo da diversificação das atividades é o Bella Vivenda. O espaço está localizado em um prédio histórico que era uma antiga fábrica de caixas de papelão. Hoje, conta com uma cafeteria no térreo e nos pisos superiores têm estúdios de pilates, yoga, massoterapia e moda fitness. “É um espaço de saúde”, diz a proprietária Tamara Lepca Maia.
Festivais
Os empreendedores se uniram também para criar ações anuais de lazer que ajudam a recuperar a imagem do local junto aos turistas e às pessoas que trabalham ou vivem na região.
“O curitibano associa o Largo da Ordem exclusivamente com a feirinha e como sendo um lugar boêmio. Falta conhecimento sobre o espaço e todas as suas opções”, diz a presidente da Rede, Anna Vargas.
Há três anos, acontece em julho o Festival de Inverno do Centro Histórico. O evento conta com diversas atrações culturais e descontos nos estabelecimentos da região. Já em outubro é realizado o Centro Histórico Divertido, um dia de atividades ao ar livre para crianças. Segundo Anna, os eventos aumentam em até 15% o faturamento dos empresários.
Grupo mobilizado resolve problemas
Duas reivindicações constantes de moradores e comerciantes do Centro Histórico são a segurança e a infraestrutura. A presidente da Rede, Anna Vargas, avalia que já houve uma evolução em ambos os aspectos fruto do próprio esforço do grupo, que é muito propositivo. As demandas mais urgentes no momento são para restringir a circulação de carros e para um espaço de acolhimento do lixo, que hoje é colocado na calçada.
Segundo dados da Guarda Municipal de Curitiba, até o último dia 3 de novembro foram atendidas 546 ocorrência no bairro São Francisco, número inferior aos 823 atendimentos prestados durante todo o ano de 2014 no mesmo local. Das ocorrências deste ano, 108 foram por perturbação do sossego, 93 por uso de substância ilícita, 44 por pichação e as outras por motivos diversos.
A consultora do Sebrae-PR que atua em conjunto com a Rede, Patrícia Albanez, afirma que demandas setoriais e sistêmicas que precisam do poder público para serem solucionadas só saem do papel quando há um coletivo. “Quando existe uma rede formalizada, o poder público passa a olhar melhor”, diz.
Senac vai financiar reforma no Palácio Belvedere e abrir escola de café
Outro sinal de desenvolvimento econômico do Centro Histórico são as obras que foram ou estão sendo feitas na região. As ruas Riachuelo e São Francisco foram revitalizadas pela prefeitura nos últimos anos, o que impulsionou a criação do coletivo de empresários e facilitou a entrada de novos negócios.
A restauração do Paço da Liberdade também foi importante para atrair mais público para a região. A obra custou aproximadamente R$ 5,9 milhões e foi totalmente custeada pelo Sesc, o Serviço Social do Comércio. O espaço reinaugurado em 2009 tornou-se um centro cultural com biblioteca, cinema, espaço para exposição e centro de informação digital. Três mil pessoas frequentam o lugar diariamente.
Uma reforma que está para sair do papel é do Palácio Belvedere. O primeiro andar será restaurado pelo Senac para virar uma escola de café e também para abrigar uma cafeteria aberta ao público. Segundo o presidente da Fecomércio-PR, Darci Piana, o projeto está em fase final de aprovação. “Na nossa área de comércio é muito importante conseguir revitalizar uma região. Lá no Paço da Liberdade parou de ter lojas que só vendem coisas antigas para reavivar economicamente a região”, diz Piana.
Imóveis novos
A imobiliária Thá também está com dois empreendimentos na região do Centro Histórico. O Green Center deve ser entregue em julho de 2016 e conta com duas torres, sendo uma residencial composta por 23 pavimentos e 306 unidades e uma comercial, que conta com 15 andares e 204 unidades.
O segundo imóvel é o Arts, fruto da restauração de um antigo casarão construído no início do século 20. O empreendimento residencial terá 24 andares, além de uma galeria de lojas. A previsão de entrega é para julho de 2017. A expectativa de venda dos empreendimentos é de aproximadamente R$ 235 milhões.
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