Com um potencial de mercado no Brasil de negócios na ordem de R$ 2,3 bilhões ao ano, de acordo com projeções da consultoria GO Associados, as soluções para otimizar o uso de água e energia precisam ir além do abastecimento de emergência por caminhões-pipa. Elas podem estar em tecnologias sofisticadas que vão do desenvolvimento de membranas usadas no reuso da água na indústria petroquímica à criação de equipamentos inteligentes, instalados pelo próprio usuário para economizar energia nas tomadas de casa.
Mercado
A estimativa de ganhos potenciais apenas com o controle de metade do desperdício registrado na distribuição de água em dez anos é de R$ 37 bilhões. Os cálculos são da GO Associados, que também identifica as demandas do mercado no controle de água e energia nos próximos anos:
Eficiência
A perda de água tratada no Brasil chega a 37%, muito acima da média ideal, de 15% no setor industrial, por exemplo. O desperdício está na rede de distribuição ou na submedição do abastecimento. Sistemas que contemplem redução de reparos, melhoria de medidores e medições individualizadas ou por telemetria são boas oportunidades.
Reuso da água
O investimento em pesquisa e desenvolvimento pode ser dirigido ao reaproveitamento da água em duas linhas: direta, com a transformação do esgoto em água potável, ou indireta, para tratamento do recurso para devolução a mananciais, reduzindo custos inclusive ambientais no fornecimento para a indústria.
Dessalinização
Rio de Janeiro e São Paulo já demonstraram interesse em tecnologias que retiram o sal da água do mar, que pode ser usada como insumo na indústria. O desafio está em criar processos que demandem menos energia, utilizando fontes renováveis.
“Há cinco anos, ninguém se preocupava com o uso racional de energia e água. A crise exigiu mapeamento de riscos e elaboração de planos de contingência que suportem as operações, seja nas empresas ou residências”, aponta Luiz Guilherme Whatker, gerente executivo de gestão de risco de negócios da consultoria ICTS Protiviti.
De origem israelense e com 240 funcionários no Brasil, a ICTS viu a demanda por gerenciamento de crise aumentar em até 50% nos últimos meses. A falta de água e luz não foi o único fator, mas tem base importante na avaliação das operações.
“Nas empresas, mapear os riscos do uso de recursos pode ser determinante para aumentar a competitividade quando a crise for amenizada. Traçar cenários de risco é uma estratégia indicada para todos os negócios”, diz Whatker.
Uso racional
Para o coordenador da pós-graduação em Gestão Ambiental da Universidade Positivo, Maurício Dziedzic, a crise contribuiu para chamar a atenção para o uso racional dos recursos e evitar desperdícios.
Setores como indústria e serviços devem aumentar a demanda por sistemas de controle e otimização, estimulando o desenvolvimento de novas tecnologias ou a adoção de antigas práticas, que utilizem energias renováveis.
“A produção de energia a partir do biodigestor, por exemplo, alivia o impacto no uso da hidrelétrica e ainda minimiza o resíduo, tornando o lixo um ativo energético”, diz.
Assinatura de purificador
Com crescimento anual na ordem de 25% nos últimos cinco anos, a linha de purificadores de água da Brastemp, marca da Whirlpool Latin America, aposta no sistema de franquias para sustentar a mesma taxa em 2015. Para isso, busca parceiros em 35 praças nas regiões Centro-Oeste, Norte, Sul e Sudeste. Hoje, consumidores do Rio de Janeiro, São Paulo e outras 15 capitais têm à disposição o serviço de assinatura do purificador. A mensalidade cobre o uso ilimitado do equipamento, além de instalações e manutenção.
De acordo com Cauê Nascimento, diretor do negócio Água da Whirlpool, a expansão já estava prevista antes da crise de abastecimento, mas buscar novos mercados também vai contribuir com o negócio.
Sustentabilidade
A mudança do interesse do país em novas fontes energéticas abre brecha para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. “A crise gera oportunidades, das soluções mais simples às mais sofisticadas. A possibilidade de o consumidor comum produzir energia e revendê-la ao sistema de distribuição abre mercados interessantes”, explica o vice-presidente da AGX Energia, Claudio Lima, consultor em empreendedorismo sustentável.
A modalidade ainda exige regulamentação, o que vai gerar impacto no custo de implantação, nas questões tributárias e de financiamento de projetos. “Mas é um mercado promissor, que também carece de incentivos para o empreendedorismo, uma vez que o Brasil tem boas linhas de pesquisa na área”, diz.
Meio de campo entre gerador e distribuidor
A empresa AP Energia, incubada no Parque Tecnológico de Itaipu, tem um ano de vida e planos de crescer neste ano 20% sobre o faturamento de 2014, que chegou a R$ 110 mil. Jhonatan Santos e os dois sócios trabalham com geração distribuída, fazendo a ponte entre pequenos geradores e grandes distribuidores de energia. A empresa faz o meio de campo entre as duas pontas do ciclo de produção, que pode ser uma pequena central hidrelétrica, uma empresa de biogás ou o consumidor comum.
O desafio é construir os circuitos elétricos que vão levar, em segurança, a energia produzida de uma ponta a outra. “As pessoas estão mais preocupadas com a questão energética e essa consciência não vai passar depois da crise”, aposta Santos. (APF)
Tomada inteligente mede o consumo de luz de cada aparelho
Graduando em Engenharia da Computação, Pedro Romagnoli Gusso e outros três colegas do curso – Matheus Peluca de Paula, José Henrique Felipetto e Tiago Paiva Fonseca – estão empenhados no desenvolvimento de um produto ligado à área de economia de energia. A Unio, startup formada pelos sócios há pouco mais de seis meses, já produziu o protótipo de uma tomada inteligente.
O equipamento, de fácil instalação, consegue monitorar o nível de consumo dos equipamentos eletrônicos e eletrodomésticos instalados em casa e remete os dados para o celular do usuário e para a web.
Além de controlar os gastos de cada aparelho, a tomada também ajuda na automação da residência e consegue cortar a corrente elétrica dos equipamentos em stand by, responsáveis por até 30% do consumo diário de uma residência. “Outras usabilidades poderão ser desenvolvidas para aplicação no produto no futuro, dando vida longa ao projeto”, avalia. (APF)
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