A escola de negócios Saint Paul lançou nesta terça-feira (14) uma plataforma de educação corporativa por assinatura, batizada de LIT, disponível para qualquer dispositivo com conexão à internet. Ela integra inteligência artificial IBM Watson para ensinar conteúdo de negócios aos alunos e para personalizar o processo de aprendizagem.
Em uma proposta que se assemelha ao modelo adotado por companhias como Netflix, o serviço digital, que vai ao ar em março de 2018, vai permitir ao aluno acessar todos os cursos da empresa por R$ 99 por mês. Estarão disponíveis o conteúdo completo de 10 MBAs, 20 mil horas de conteúdo para aprendizado, mais de 1.500 exercícios e estudos de caso com resoluções passo a passo, além de uma biblioteca digital com mais de 7 mil livros disponíveis.
Em apresentação da plataforma, José Cláudio Securato, presidente da Saint Paul, diz que o LIT nasce de uma inquietude do modelo de negócio das instituições de ensino hoje, baseado em padronização e altos custos para os alunos. A expectativa é que a plataforma atinja em torno de 50 mil alunos no primeiro ano, o que presentaria um faturamento de R$ 4,95 milhões. A empresa não quis abrir a receita atual.
Nela, o aluno poderá, por exemplo, aprender em micromomentos. Isto é, ele poderá escolher em quanto tempo (10 minutos, 15 minutos, 1 hora, entre outros) deseja aprender determinado assunto e o LIT indicará o caminho. Ao fim do percurso, esses minicursos poderão levar a uma certificação, se for a vontade do aluno.
Professor virtual
Segundo Securato, o projeto tomou corpo em março deste ano e, desde abril, a escola sentou com a IBM do Brasil para discutir como incluir os conhecimentos e criar um professor virtual a partir da inteligência artificial. O resultado é o Paul, um tutor (o primeiro do mundo a utilizar a tecnologia de inteligência artificial IBM Watson) que funciona como um professor e pode ser acessado a qualquer momento. “Todos gostaríamos de ter um professor ao nosso lado o tempo todo, mas isso não é possível. Com Paul, isso se torna uma realidade”, afirmou Securato.
“Quando eles falam em inovação e dizem que o projeto é único no mundo, eu posso apoiar que sim, não somente pelo fato como constituíram a plataforma, mas também como eles estão fazendo a curadoria, de uma forma muito mais profunda do que já testamos e fizemos com outras empresas”, diz Guilherme Novaes, executivo de Watson da IBM Brasil.
O Paul está sendo treinado há meses por um grupo de professores do Centro de Pesquisa em Inteligência Artificial da Saint Paul, liderados pelo diretor acadêmico professor doutor Adriano Mussa. Os primeiros conteúdos a serem ensinados para o sistema foram os cursos de Inovação, Contabilidade e Análise de Demonstrações Financeiras.
Sistema funciona com retroalimentação
Novaes comenta que o aprendizado do sistema é contínuo e poderá ter via de mão dupla. “O aluno pode colocar uma questão que o professor talvez não tenha se atentado. Esse tipo de questionamento que pode acontecer vai gerar uma retroalimentação de conteúdo tornando o modelo cada vez mais rico. Essa é a beleza”, comentou.
Além disso, ele explica que o sistema fará uma análise personalizada dos alunos. “Ele se baseará em textos já publicados pelo aluno. Quanto mais você puder alimentar o Paul com conteúdo, melhor e mais assertivo ele vai trabalhar o contexto amplo de sua personalidade e poderá indicar qual é a melhor didática para você aprender. O que vimos hoje é realmente algo extremamente inovador, disruptivo, fará com que outras empresas de ensino aumentem o interesse por esse tipo de tecnologia e passem a utilizá-la num futuro muito próximo”, comentou.
A plataforma oferece ainda um ambiente semelhante ao das redes sociais, em que alunos podem interagir, trocar conhecimentos e discutir assuntos. A intenção é promover o aprendizado em rede, feito por meio de uma comunidade colaborativa composta por alunos e professores, utilizando de streaming de vídeo e mensagens de voz.