Virginia Maria Joppert Marques já passava dos 60 anos quando resolveu se aventurar por uma feira de artesanato. Costurando "desde menina", seus bordados sempre fizeram sucesso entre amigos e familiares. As vendas bombaram, e ela pegou gosto. Depois de algumas décadas como dona de casa, se viu empresária.
Hoje tem mais de uma década que Virginia viu sua paixão antiga pelas artes manuais virar fonte de renda. Em casa, todo mundo ajuda. O marido, de 83 anos, faz árvores e bolas de Natal. O filho faz tear e também cuida das redes sociais. Até a filha, Aline, ajuda na empresa, mesmo morando em Brasília (o q.g. de dona Virginia fica em Curitiba).
A história de mulheres que passam a vida em outras profissões e que viram empreendedoras depois dos 50 ou 60 é comum, no mundo das artes manuais.
São pessoas com trajetórias de vida diversas. Algumas, como Virginia, "já nasceram" costurando. Outras recém-adquiriram o hábito. Há quem trabalhou a vida toda como dona de casa. Outras tem profissões no mercado formal.
Caso das amigas (e cunhadas) Regiane Collect e Joana Soarez. Regiane é designer, e trabalha em uma gráfica, em Pinhais. Joana fez carreira como pedagoga do município, em Curitiba. Hoje está aposentada.
Não faz nem um ano que as duas resolveram começar a costurar, para adquirir um novo passatempo. Começaram com jogos americanos e aventais. Logo as vizinhas começaram comas encomendas. Do clamor popular foi um pulo para criarem a Tudo por um Fio .
De outubro para cá começaram a participar de feiras de bairro e de igreja. Mas nem tudo foi um conto de fadas.
Tem vez que a gente paga R$ 500 num aluguel estande e vende só uma peça de R$ 40. Mas o pior não é isso. O pior é ter que ouvir de outras pessoas que 'ai, vocês deveriam mudar de ramo'
Mas elas insistiram em fazer o que amam. Em sua primeira grande feira, a Quilt & Craft Show, a Tudo por um Fio lucrou o suficiente para pagar os R$ 4,5 mil do estande e mais um pouco.
Ganhar dinheiro com o que gosta
Fazer o que gosta é o que motiva muitas dessas empresárias. Virginia Joppert, por exemplo, usa o lucro das vendas para retroalimentar o próprio hobby do artesanato, sem se preocupar muito em ter uma renda extra.
Já Regiane vê esta renda extra das artes manuais como um "plano B". É um hobby, uma diversão. Mas também uma forma de complementar a renda.
Emilia Aoki, organizadora da feira, explica que o grande gatilho para o crescente número de pessoas que transformam o hobby em fonte de renda é a internet. "Essas mulheres vendem pelo Facebook, Pinterest, lojas virtuais. Não precisa investir em ter uma empresa, um espaço físico, e pode vender para o Brasil inteiro".
Como transformar artes manuais em uma fonte de renda
Para quem pensa em transformar artes manuais em uma fonte de renda extra, uma dica é começar pela internet. Há muito conteúdo disponível, de forma gratuita, ensinando como fazer as diferentes técnicas de artesanato, inclusive de costura criativa. Há muitos canais no Youtube de artesãs que ensinam suas técnicas. É uma forma de dar os primeiros passos.
Esses canais ajudam também quem já entende das técnicas a conhecer as tendências do momento. Quem já domina alguma técnica e quer vender pode aproveitar a internet para divulgar seus produtos. Com páginas em redes sociais (como Facebook, Instagram e Pinterest) é possível tanto divulgar o trabalho como realizar vendas. Além disso, existem sites (como o Elo7) que permitem que você cria uma “lojinha virtual” dentro dele.