Em seis anos, a empresária Rafaela Lima fez do seu “Rafa Laços” um império do segmento.| Foto: Daniel CaronGazeta do Povo

Com um ano e meio de vida, Verena já contabiliza 300 laços em sua coleção. Não são meros adereços. São Rafa Laços, produtos exclusivos desenvolvidos pela curitibana Rafaela Lima. Foi a fidelidade de clientes como Ana, mãe da Verena, que alçou a empresária ao posto de comandante de um império dos laços, que hoje emprega sua mãe, marido e mais uma funcionária fixa, além de freelancers eventuais.

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Rafaela começou por acaso. Ela era vendedora de uma loja de roupas infantis, e sugeriu à chefe que começassem a produzir os laços, e não mais comprar de uma fornecedora. A ideia foi acatada. 

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"Ela [a chefe] achava tudo lindo. Mas não era. Na época não tinha laço duplo, fita importada, nada disso". A loja fechou, Rafaela perdeu o emprego e, de repente, virou uma empresária. 

O pilar do Rafa Laços é a própria Rafaela. As clientes atestam: ninguém faz laços como ela. "Muita gente tenta copiar, mas não ficam iguais". As próprias clientes vigiam a concorrência. E mandam mensagem, indignadas, quando acham que alguma concorrente está imitando os modelos da Rafa Laços. 

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Quando começou, em 2011, a empreendedora tinha uma carta na manga. Depois de dez anos trabalhando em diferentes lojas de roupas infantis, sempre voltadas a um público de alto poder aquisitivo, sua carteira de clientes era extensa. 

Hoje é comum ver mães e avós com 100, 200, até 300 laços para uma mesma criança, como é o caso de Verena. Em média, cada peça custa R$ 25. "Mas ninguém vem aqui e compra só um". 

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Dia desses uma cliente, ainda grávida, gastou R$ 150 de uma tacada só para a filhinha que está para nascer. Era o enxoval: cada laço combinando com uma roupa que a criança já tem. O pai da criança até que ficou aliviado. "Achei que ia dar mais!". 

Verena, de um ano e meio, admira sua coleção de laços 

De casa para o ateliê

Há um ano, a marca passou a ter espaço próprio. Não é uma loja, mas um ateliê onde é feita a produção dos laços. O espaço é aberto para clientes no período da tarde. 

Hoje os laços são feitos em escala. Na linha de produção, a mãe corta as fitas e o marido faz aplicações. Mas só Rafaela faz os laços. 

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Para a produção em atacado, são chamadas funcionárias freelancers. Uma vez por mês, a marca organiza um bazar em que vende mil laços já prontos, além dos que são feitos na hora. Além disso, lojas de roupa infantil e vendedoras independentes compram em volumes grandes. Nestes casos, o pedido mínimo é de R$ 1 mil. 

Faturamento

A empresária não revela o lucro obtido na venda de laços. Em agosto, o faturamento chegou a R$ 36 mil. Boa parte disso é reinvestido no próprio negócio. Além do aluguel do espaço há gastos com pessoal (além da mãe e do marido, há uma outra funcionária fixa, além das temporárias); e com os materiais. Pelo menos duas vezes por mês a própria Rafaela vai para São Paulo, escolher tecido e materiais de produção. Todos de primeira linha, garante. 

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Mas é o dinheiro dos laços que sustenta a família. O marido, que trabalhava em uma loja de carros, largou o emprego para cuidar da parte operacional do negócio, como entregas e atendimento às clientes. 

Muita gente acha engraçado, não entende. 'Nossa, mas eles só vendem laços'. Bem, tudo que eu tenho veio do laço." 

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Desafio para expandir

A expansão do negócio é um desafio. Como Rafaela é a única que faz os laços, há uma limitação para produzir em escala. Por outro lado, isso cria um tom de exclusividade para a marca. 

As clientes valorizam a ideia de "ter uma experiência" ao comprar o laço. Muitas passam a tarde toda no ateliê, fazendo combinações e esperando o produto ficar pronto. 

Para não depender tanto da figura de sua criadora, a Rafa Laços estuda diversificar vendas. Talvez um bazar no próprio ateliê, em parceria com algumas clientes, ou a venda de matéria prima. Por comprar em escala, a empresa consegue descontos em fitas exclusivas, que não existem para venda no varejo, em Curitiba. Uma opção é vender isso para quem quer fazer seu próprio laço, em casa.