Essa fintech (startup financeira) nasceu em 2015, de olho em um público bastante específico: os microempreendedores brasileiros. Profissionais autônomos de todas as áreas que faturam até R$ 60 mil mensais e necessitam de serviços financeiros baratos, além de assistência rápida e suporte contábil acessível para crescer.
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A ideia da Conta.Mobi, porém, nasceu algum tempo antes. Ricardo Capucio, hoje CEO da empresa, é advogado especializado na área de tecnologia. Em 2013, em meio à assessoria que prestava a uma telecom que queria prestar serviços de pagamentos, o governo federal também publicou a Lei 12.865, que criou o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro e acabou por dar a segurança jurídica necessária para a criação das fintechs no país, com regras e possibilidades diferentes daquelas dos bancos.
No ano seguinte, Capucio apresentou, junto com o seu amigo e sócio Ricardo Drummond, CEO da startup de educação mobile mLearn, o plano de negócio da Conta.Mobi na Universidade Stanford, onde o projeto se classificou como parte do programa Innovation and Entrepreneurship de 2014 da instituição norte-americana.
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“Ainda durante o curso nós percebemos que estávamos diante de uma oportunidade e de uma necessidade mundial, de atender esses pequenos empreendedores que estavam surgindo devido a fatores como o desenvolvimento de plataformas tecnológicas e geração millenial. A diferença é que aqui no Brasil a gente descobriu que estava um pouco à frente no que diz respeito à legislação para esse tipo de cliente”, relata Capucio.
Do curso em Stanford, a Conta.Mobi saiu já como parte dos arranjos de pagamento da Visa. Com isso, todo o dinheiro que a fintech movimenta não passa por nenhuma conta ou fundo próprio, e sim pelo sistema da Visa. Assim, além da conta digital, da maquininha e da possibilidade de emitir boletos, o cliente da Conta.Mobi também pode ter um cartão de débito internacional bandeira Visa.
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Atualmente, a Conta.Mobi tem pouco mais de 30 mil clientes nesse perfil e espera chegar a 1 milhão entre o fim de 2018 e o início de 2019. Para isso, a empresa, que está com 55 funcionários e deve dobrar esse número no próximo ano, está mudando de sede.
“Nossa nova casa, em 18 de setembro, será no Atmosphera, hub de inovação e empreendedorismo aqui de Belo Horizonte, que é também o maior do país”, conta o CEO da startup, Ricardo Capucio. Ele entende que o segredo da Conta.Mobi em relação a outras fintechs atuantes no país – e elas já são muitas – está justamente nesse foco nos microempreendedores.
Como funciona a Conta.Mobi
O cliente da Conta.Mobi não paga nem a abertura nem a manutenção da conta. A remuneração da startup acontece por meio de tarifas de quatro transações: compensação de boleto, saque em terminais 24 horas, transferências tipo TED e um percentual sobre o uso da maquininha.
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Todos esses serviços, segundo Capucio, têm preços bem menores do que os praticados pelos bancos. No caso da compensação do boleto, por exemplo, a tarifa é de R$ 2,99, enquanto nos bancos esse serviço custa de R$ 7 a R$ 15. O mesmo ocorre com o TED, cuja a tarifa é de R$ 5,99 contra até R$ 17 nos bancos, e com o percentual da maquininha, de 2,99% do valor transação no débito e 4,99% no crédito.
Além dos serviços básicos de conta digital e maquininha, a Conta.Mobi também oferece suporte contábil grátis a seus clientes.
“ O governo permite que as empresas de contabilidade paguem menos impostos desde que deem orientação grátis para microempreendedores. Mas muitas dessas empresas não tinham um canal para fazer isso. O programa Contadores do Bem, uma parceira da Conta.Mobi com a Fenacon [Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis], veio resolver isso. Por meio dele, centenas de empresas de contabilidade prestam serviço de orientação sem custo aos nossos clientes, e isso é algo de muito valor para eles”, explica Capucio.
Programa transforma empreendedores em multiplicadores
No último mês de julho, como parte do esforço para atingir a meta de 1 milhão de usuários, a Conta.Mobi lançou o programa Empreendedores do bem. “Percebemos que muitos clientes nos procuravam porque tinham amigos microempreendedores que também queriam usar os serviços da Conta.Mobi. O programa veio ocupar esse lugar. Com ele, reinvestimos uma parte do nosso faturamento na busca por mais usuários”, diz Capucio.
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Segundo ele, o microempreendedor cliente da Conta.Mobi que indica até três amigos fica isento das tarifas da fintech. “Quando ele indica outro empreendedor, ele passa a ganhar de 0,5% a 1% da tarifa do faturamento dessa outra pessoa. Com três indicados, ele deixa de pagar suas próprias tarifas. E a partir de quatro indicados, passa a ter, efetivamente, uma renda extra”, explica o CEO da empresa.
Questionado sobre se essa tática se assimilava de alguma maneira a técnicas de marketing multinível, venda direta ou mesmo a uma pirâmide, Capucio foi enfático: “esse é apenas um modelo de distribuição, que pega parte da remuneração [da empresa] para pessoas que estão indicando o serviço. É um esquema member get member [novos clientes que são trazidos por outros clientes], e não um sistema de remuneração. Um sistema, inclusive, que vai além do sistema de indicação que empresas como a Uber oferecem [seus motoristas parceiros]”.
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