O ritmo menor de crescimento do franchising nos dois últimos anos fez com que grandes marcas repensassem os seus modelos de franquias e passassem a oferecer formatos mais econômicos e enxutos. São opções como lojas compactas, unidades móveis, quiosques e venda direta que surgem como alternativas para atrair investidores e manter as vendas aquecidas.
Confira dez franquias que têm selo de excelência na área de alimentação
Leia a matéria completaA tendência foi observada entre os expositores que participaram da Feira da Associação Brasileira de Franchising (ABF), que aconteceu em São Paulo na última semana. Empresas como Cacau Show, Mundo Verde e Contém1g Make-up lançaram novos formatos durante o evento para atrair o franqueado que não tem dinheiro suficiente ou interesse em adquirir uma loja tradicional.
“Este cenário econômico e político está fazendo com que as pessoas cheguem com o pé no chão”, diz Fabiana Estrela, diretora da regional Sul da ABF. Ela explica que o movimento de multiformatos ganhou força nos últimos três anos e que a variedade está trazendo mais possibilidades de investimento e crescimento para as marcas.
O diretor de expansão da Mundo Verde, Saddy Nardino, afirma que a estratégia de oferecer formatos mais baratos é uma demanda dos próprios empreendedores, que estão mais cautelosos durante o momento de crise. Os modelos mais enxutos também funcionam como uma porta de entrada para pequenos investidores.
A Mundo Verde, maior rede de lojas especializadas em produtos naturais e orgânicos da América Latina, lançou durante a feira da ABF a loja compacta. O modelo exige investimento a partir de R$ 245 mil, enquanto a loja física tradicional requer um montante a partir de R$ 370 mil. A marca também está estudando lançar os formatos de quiosque e contêiner.
A Contém1g, rede de maquiagem, também lançou os formatos de quiosque e venda direta quando verificou a demanda dos empreendedores. “Antes, uma loja custava R$ 350 mil e o quiosque R$ 225 mil. Em fevereiro de 2014, sentindo que os grandes investidores estavam sendo afetados pela situação econômica do país, decidimos lançar um modelo de loja com investimento de R$ 235 mil e quiosque R$ 155 mil”, explica Andrei Corsato, franqueado da empresa em Curitiba.
Para o empreendedor, a vantagem de ter um formato mais simples é a flexibilidade. “Se não está dando certo, eu posso negociar o ponto em outro shopping. Se está dando certo, eu posso ir para uma loja maior”, explica Corsato.
O especialista em franquias Marcio Tadeu Aurelio, da Aurelio Luz Franchising & Varejo, explica que formatos como home office, microfranquias, móveis e store in store (loja dentro da loja) também são ideais para cidades menores ou regiões que não comportam lojas muitos grandes. Ele lembra que um formato que vêm ganhando destaque é o store in store, adotado pela Love Brands, por exemplo.
A rede oferece em um único espaço os produtos das marcas Imaginarium, Puket e Balonè. “Uma cidade que não comportaria uma loja de cada marca pode ter em um único espaço as três marcas juntas”, explica Aurelio.
Gestão similar ao modelo tradicional
Os formatos mais econômicos e enxutos demandam menos investimentos em comparação com as lojas tradicionais de rua e shoppings, mas não significam menos trabalho. A diretora da regional Sul da ABF, Fabiana Estrela, explica que apesar da equipe de vendas ser menor, os processos de gestão continuam muito similares. “Vai ter que fazer planejamento financeiro, de marketing, de vendas e gestão do estoque”, diz. A orientação é conhecer as particularidades de cada formato e adaptar as estratégias de gestão.
Redes apostam na venda direta
A grande novidade em termos de formato franquia é a volta da venda direta, que tem como objetivo levar a marca para a rua e atingir o consumidor que não vai até uma loja física. O modelo funciona de maneira semelhante ao das revendas por catálogo, adotado por empresas como Avon e Natura. Um empreendedor adquire a licença para atuar como franqueado e monta uma equipe de revendedoras que vão até os clientes oferecer os produtos da marca.
Uma das empresas que adotou essa estratégia é a Contém1g Make-up. A marca, que está presente no franchising desde 2000, lançou em maio deste ano o modelo de vendas diretas, com investimento a partir de R$ 49 mil. “Percebemos que para a empresa voltar a crescer, precisávamos ser multicanais”, diz Andrei Corsato, franqueado da Contém1g em Curitiba.
Ele possui uma loja e um quiosque da marca, ambos localizados em shoppings centers, e aderiu ao formato de revenda logo após o lançamento. Já são 12 maquiadoras revendedoras em sua equipe. “Estamos vendo uma boa aceitação do formato, com várias pessoas se mexendo para atuar na venda direta”, afirma Corsato.
A Cacau Show é outra empresa que adotou o modelo de revenda. Com investimentos a partir de R$ 19 mil, o modelo segue a tendência home based, na qual o franqueado atua em sua própria residência prospectando possíveis clientes. Feita a venda, vai até uma loja da empresa, compra os produtos com desconto e entrega para o consumidor. A expectativa da marca é chegar até 10 mil revendedores neste ano.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast