Vender o carro, raspar as economias e fazer papagaio no banco são modelos tradicionais de financiamento de negócios que, aos poucos, vêm sendo substituídos por práticas mais modernas de capitalização, como o mercado de capitais. Grandes empresas do país estão mais familiarizadas com termos como private equaty, Ebitda, governança corporativa e dividendos. Fundos de investimentos nacionais e estrangeiros estão apostando nas companhias brasileiras e injetam recursos para vê-las crescer e participar de seus resultados. No ano passado, foram R$ 100 bilhões em capital comprometido no país, de acordo com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP).
Para os pequenos, abrir a empresa para um sócio tem sido uma oportunidade para expandir e acelerar os negócios. Os fundos de investimentos são uma alternativa aos empréstimos bancários, cada vez mais caros e restritivos. Além de receber aporte financeiro, a participação de um fundo também se traduz em apoio e orientação para desenvolvimento da empresa. O grande desafio é preparar os empreendedores para defender o negócio e entenderem o mecanismo de funcionamento dos investidores, representados pelas gestoras.
São essas empresas que fazem a avaliação das candidatas a receber o dinheiro captado junto a bancos públicos, agências de fomento, fundos de pensão e investidores avulsos, em pessoa física ou jurídica. "A maior parte dos recursos, no entanto, é de grandes financiadores, como BNDES ou Finep, que lançam editais para aplicação no desenvolvimento empresarial", explica Augusto Muratori, representante da Inseed, gestora de recursos com sede em Belo Horizonte, recém chegada ao Paraná.
Seleção
A Inseed é a mais recente instalação do Hotel de Fundos, uma organização do Senai Centro Internacional de Inovação, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), que reúne gestores de investimentos com interesse nas empresas do estado. Criado há dois anos, o Hotel reúne 12 gestoras, que recebem em primeira mão as empresas selecionadas e preparadas pela equipe do Senai, além de acesso a estudos produzidos pelos Observatórios das Indústrias.
A Inseed é a primeira a instalar-se fisicamente no ambiente, com um representante dedicado a prospecção de empresas na região Sul do país. A empresa tem interesse na área ambiental e atualmente trabalha com o Fundo de Inovação em Meio Ambiente (Fima), no valor total de R$ 165 milhões.
Parceria
Santo de casa também pode ajudar a fomentar negócios
Nos últimos cinco anos, a queda dos juros no mercado financeiro empurrou os investidores para buscar rentabilidade em outras fontes, fomentando a indústria de capital, especialmente venture, aporte de risco em empresas emergentes, e private equaty, dirigido a empresas maiores, com participação acionária fechada. "Estamos crescendo rápido, ainda que com atraso em relação a mercados mais tradicionais, como os Estados Unidos", diz Leonardo Jianoti, coordenador da área de novos negócios da CWB Capital, gestora de fundos de Curitiba.
A empresa de Jianoti trabalha com recursos de particulares e investe em dois negócios por ano, em média. Hoje são cinco empresas na carteira, com investimentos mínimos de R$ 10 milhões, por cinco a sete anos. O enfoque são empresas que tragam inovação a setores tradicionais da economia. "A participação em fundos profissionaliza o empresário. Ele aprende sobre o próprio negócio e entende os riscos que o parceiro capitalista assume quando investe", diz.
Apostar em novos negócios está no escopo da M3, empresa que Marcel Malczenski, fundador da Bematech, criou para gerir os próprios investimentos. Entre eles, a sociedade da M3 com a Trivèlla, outra gestora de recursos, com sede em São Paulo. Nessa parceria, a M3 Trivèlla lançou o primeiro fundo em 2011, de private equaty, no valor de R$ 10 milhões, aplicados em quatro empresas.
Neste ano, R$ 20 milhões foram captados até janeiro e outras quatro empresas devem receber os recursos até o fim do ano. A mudança no perfil do empreendedor está estimulando Malczenski a estudar o aporte em startups. Além dos três empreendimentos que receberam seu apoio, como investidor-anjo, o empresário tem outros três sendo avaliados, que receberão R$ 1 milhão, no total.