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Investidores anjos viram "padrinhos" de startups

Ricardo Barcelos e Mário Bendlin Calzavara, do Centro Internacional de Inovação, coordenam a primeira rede de investidores anjos do Paraná para incentivar empreendedores como Juliano Goulart (centro) | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Ricardo Barcelos e Mário Bendlin Calzavara, do Centro Internacional de Inovação, coordenam a primeira rede de investidores anjos do Paraná para incentivar empreendedores como Juliano Goulart (centro) (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)

Ele poderia ser um padrinho: aposta que o afilhado vai crescer e virar gente grande. Seu apoio vai além dos depósitos bancários, orientando e compartilhando informações que vão ajudar a conduzir seu pupilo ao sucesso. A descrição é semelhante à de um investidor-anjo, profissional experiente que, com um bom capital de investimento, escolhe aplicá-lo em uma empresa iniciante e cuida para que o empreendedor escolhido receba as devidas orientações para o negócio, a fim de que todos obtenham o retorno esperado.

Esse modelo de financiamento de startups é recente no Brasil, mas existe desde a década de 1920 nos Estados Unidos. Por aqui, está em expansão. De acordo com a organização Anjos do Brasil, que reúne pessoas físicas investidoras, são cerca de 6,3 mil em todo o país, que aplicaram mais de R$ 600 milhões em 2013. A entidade deve aumentar o número de associados em 20%, que vão ampliar também o montante investido em 25% durante esse ano. A previsão é colocar R$ 3,1 bilhões em startups brasileiras até 2015. "O perfil do investidor anjo é mais arrojado. Ele vai colocar à disposição parte do seu capital, do seu tempo e know how e assumir os riscos, mas com boas chances de colher frutos", explica Cássio Spina, presidente da Anjos do Brasil.

Não faltam desafios para ser um investidor-anjo, especialmente no Brasil. Além do bom aporte de recursos, de R$ 100 mil a R$ 500 mil, a pessoa física que se compromete com uma empresa nova assume uma sociedade. Contratos claros, que definam os papéis de cada parte, com personalidades jurídicas estabelecidas e que estipulem compromissos trabalhistas e responsabilidade pelos passivos do negócio, fazem parte da rotina. Soma-se a isso a burocracia e a tributação e as escassas garantias de liquidez e rentabilidade e o resultado é um cenário árido para quem pretende ajudar a girar a economia.

Em outros países, os anjos têm incentivos governamentais, como desconto no Imposto de Renda (IR) de 10% até 100% do capital investido ou nos ganhos de capital. No Brasil, um projeto de lei do senador Agripino Maia (DEM-RN) prevê incentivos semelhantes, como a dedução no IR de pessoa física de 20% do valor aplicado, limitado a R$ 80 mil por ano-calendário.

Anjos em rede

Organizados em um grupo de 25 pessoas, entre empresários, profissionais liberais, executivos e industriais, os investidores-anjo de Curitiba formaram uma rede coordenada pelo Centro Internacional de Inovação do Senai (C2i).

São pessoas físicas, com capital para investimento de R$ 500 mil, que pretendem diversificar suas aplicações e participar da criação de novas empresas.

"A ideia da rede é diluir o investimento em cotistas e, assim, ampliar o número de empresas que poderão ser atendidas. Os riscos diminuem e a participação do anjo fica mais interessante", explica o coordenador da rede, Ricardo Barcelos, do Centro de Capital Inovador do C2i.

Opinião

Empreendedor e investidor, uma relação produtiva

Cleverson Renan da Cunha, coordenador do MBA em Gestão Estratégica da UFPR

Nos últimos anos o desenvolvimento de novos negócios no Brasil tem sofrido alteração significativa. Segundo o indicador Serasa Experian de Nascimento de Empresas de 2013, foram criadas 1.840.187 novas empresas no Brasil. Destas, uma pequena parte diz respeito a negócios com grande capacidade de crescimento e rentabilidade – as chamadas startups. Esse tipo de negócio apresenta maior impacto na sociedade, por gerar mais inovação, receitas e empregos mais qualificados.

Se por um lado este tipo de investimento oferece resultados mais interessantes, por outro ele envolve mais riscos, melhor conhecimento do mercado de atuação e de mecanismos de gestão, além de um significativo aporte de capital. Uma das estratégias utilizadas nos Estados Unidos, e recentemente no Brasil, tem sido os investidores-anjo. Trata-se de uma pessoa, ou um grupo, que possui dinheiro para realizar o investimento e que também tem experiência em gestão e conhecimento do mercado de atuação desses novos empreendimentos.

Diferentemente do financiamento oferecido por bancos e agências de fomento, o investidor-anjo participa das decisões da empresa e contribui com sua experiência para ajudar o negócio a se desenvolver. Dessa forma, empreendedor e investidor criam sinergias entre oportunidade, inovação, recursos e experiência que podem reduzir o impacto dos problemas do início do negócio.

Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae/SP, coordenada pelo professor Marcos Hashimoto, os principais problemas das novas empresas envolvem questões que são melhores trabalhadas pela parceria entre empreendedor e investidor. As principais causas dos fracassos estão associadas à falta de estruturação das práticas gerenciais, problemas com fluxo de caixa, pouco planejamento das atividades da empresa e baixo conhecimento do funcionamento do mercado.

Ainda é necessário ampliar a cultura desse tipo de parceria e a criação de políticas públicas para o seu fortalecimento. O que precisamos não é somente aumentar o número de novos empreendimentos, mas criar condições para seu desenvolvimento e sucesso.

Serviço

Centro Internacional de Inovação.

Avenida Comendador Franco, 1.341. Campus da Indústria, FIEP. Informações pelo fone 3271-7458.

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