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Investimento em design faz Movelaria Paranista mudar de rumos e crescer

Aurélio Sant’Anna, da Movelaria Paranista: até cinco anos atrás, negócio fazia marcenaria sob medida. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Aurélio Sant’Anna, da Movelaria Paranista: até cinco anos atrás, negócio fazia marcenaria sob medida. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Pouca gente presta atenção no conforto do assento quando está à mesa de um restaurante. Mas o design pode ser determinante para que o cliente permaneça no local tempo suficiente para apreciar o menu da entrada à sobremesa, sem esquecer de saborear um vinho. Estar atento a esse comportamento é uma das muitas variáveis que afetam o negócio da Movelaria Paranista, fabricante de mesas e cadeiras para hotéis e restaurantes.

A Paranista tem 23 anos de mercado e há cinco mudou de segmento, trocando a produção de móveis sob medida pelo mobiliário em série que abastece a indústria gastronômica. “Fabricar cadeira é uma encrenca. São muitas peças para montar uma unidade, o que exige a repetição de processos em cada uma delas. Sem contar a pesquisa para garantir durabilidade em condições de uso intensas”, conta o diretor da empresa, Aurélio Sant’Anna.

As especificidades reduzem também a concorrência, contribuindo para a decisão do empresário de ir na contramão da indústria moveleira, que aposta mais na produção de armários e peças com poucos recortes.

A mudança estratégica foi apoiada pelo resultado de um projeto de inovação de produto conduzido pelo Senai + Design, concluído em 2011. A empresa participou do Edital de Inovação Senai, em que desenvolveu cerca de 30 projetos. Foi dessa cesta de produtos que saíram as cadeiras Camaleão e Orvalho. A Camaleão permite a troca do encosto por peças que podem ser personalizadas de acordo com a marca do cliente, em técnicas de marchetaria ou impressão na madeira, ambas desenvolvidas pela Paranista. A Orvalho traz um recorte simples no espaldar, em formato de gota, para pendurar a bolsa e dificultar furtos. O design foi premiado no IDEA/Brasil 2012, promovido pela Industrial Designers Society of América (IDSA).

A aposta em pesquisa e desenvolvimento é intrínseca ao modelo de gestão de Sant’Anna. A empresa pequena, com 20 funcionários e produção mensal de mil peças, sempre sob demanda, cultiva a participação de todos na evolução dos processos internos. Ajustes em maquinários, mudanças na furação das peças, montagens mais eficientes são alguns dos exemplos da permanente atenção à linha de produção em que todos participam e colaboram.

“O investimento em inovação é um risco, mas sempre vale a pena. Aprende-se com o desenvolvimento. Para acertar foi preciso errar e aprender antes”, diz.

Sant’Anna calcula que foi investido cerca de 10% do faturamento durante os dois anos de desenvolvimento dos projetos das cadeiras. Hoje, a pesquisa de novos produtos e materiais consome 5% da receita, um índice acima da média até para empresas grandes. O sucesso dos projetos já aponta para a recuperação do investimento.

Em momentos de economia morna, o executivo aplica a inovação também nos modelos de negócio. Além de mapear novos clientes, a exportação é um dos canais que Sant’Anna estuda para ampliar as vendas. Há flertes com clientes no Uruguai e Panamá, mas a Paranista quer estar preparada para quando houver casamento. Para isso, trabalha em produtos e processos que garantam a qualidade em condições adversas, como altas temperaturas e períodos longos de armazenagem e transporte.

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