Karin Silveira e Tobi Queluz reformaram a “Dolores” em 2014 para montar uma cafeteria itinerante.| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Um dos maiores casos de sucesso no universo automobilístico, a Kombi virou o charme dos pequenos negócios. Empreendedores estão investindo na reforma e manutenção do veículo para rodar pelas ruas vendendo café, chopes, livros, roupas e qualquer outro produto que caiba dentro do utilitário.

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Por ser acessível financeiramente, de fácil manutenção e com bom espaço interno, a Kombi virou opção para quem quer ter uma empresa sobre rodas. É o caso dos amigos Tobi Queluz e Karin Silveira, que largaram os empregos formais para vender café na Kombi n’ Coffee.

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A Kombi, modelo 1994, foi comprada pelos sócios em 2014 e estava em estado bem crítico, longe de ser o veículo que frequenta hoje o pátio de grandes corporações. Os amigos investiram R$ 30 mil para fazer uma reforma completa, incluindo motor, parte elétrica e lataria.

Em junho de 2015, começaram a vender café, ideia da barista Karin que queria ter um negócio próprio há bastante tempo. A escolha da Kombi, apelidada de Dolores, segundo Tobi, foi óbvia. “Escolhemos a Kombi porque o café tem pegada clássica e a Kombi também. Os dois combinam perfeitamente”, diz o sócio.

Para micro e pequenos empresários, comprar uma Kombi , em muitas casos, é mais vantajoso economicamente do que alugar um ponto fixo. “Você liga e vai embora”, explica Vinicius Sampaio, sócio do Mr. Hoppy Beer Truck.

Chope na Kombi: praticidade do utilitário é vantagem em eventos.  

A empresa funciona sobre duas Kombis, uma modelo 2002 e outra, 2004, cada uma adquirida por R$ 15 mil. “Eu tenho uma marca de cerveja artesanal e meu amigo, José de Araújo Netto, tem um bar. Com a moda dos food trucks, resolvemos criar um beer truck”, conta Sampaio.

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No início deste ano, eles adaptaram os veículos para vender chopes artesanais em eventos e confraternizações. Dão preferência por cervejas artesanais produzidas na região de Curitiba e cobram, em média, R$ 10 por copo de chope.

Para Sampaio, outra grande vantagem da Kombi é a praticidade. “Não precisa montar com antecedência, como acontece com barracas e trailers. Está tudo na Kombi, é só chegar e vender.”

Os sócios do beer truck fazem de 10 a 15 eventos por mês. Já viajaram para São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso e nunca tiveram problemas. Estar a bordo de uma Kombi, garantem, chama a atenção por onde passam. “Pelo próprio charme da kombi, por termos customizado o veículo com uma cara mais retrô, cores em tons pasteis, tudo em madeira, bem rústico”, exemplifica.

Público

Os empresários que vendem produtos em Kombi ganham dinheiro participando de eventos em pátios fechados, como festas, casamentos e confraternizações de empresas. São dois os modelos de cobrança: pacote fechado e comissão sobre as vendas. O Mr. Hoppy Beer Truck cobra a partir de R$ 2.500 para eventos com pacote fechado.

Sebo sobre rodas circula pela cidade com livros e discos

Antiga Kombi dos Correios agora transporta acervo do sebo cultural On The Road. 
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A moda dos food trucks deu uma sobrevida à Kombi, já que muitos empresários resolveram unir o formato de negócio em ascensão ao charme do veículo antigo. Na contramão desse movimento, mesmo antes da onda dos trucks, os músicos Hamilton de Lócco e Jahir Eleuthério criaram um sebo móvel, o On The Road. A ideia, no início, era que o veículo acessível financeiramente pudesse abastecer o estoque dos produtos vendidos pela internet.

A Kombi amarela, adquirida dos Correios por cerca de R$ 24 mil, chamou a atenção nas ruas. O caminho foi abrir suas portas para os interessados em comprar livros e vinis clássicos e raros. “Como a Kombi é pequena, temos que selecionar bem o material que entra lá”, conta Lócco.

Na campanha da Volkswagen, de despedida da Kombi no Brasil, os sócios foram um dos selecionados para ganhar um pedaço do último modelo fabricado no país. “Ficamos com o manual de instrução da última Kombi. Isso nos motivou ainda mais a continuar com ela”, diz Lócco.

Fim de linha

A Kombi deixou de ser fabricada pela Volkswagen em 2013. O motivo foi o fato de o utilitário não ter estrutura para ser equipado com freios ABS e airbag duplos, equipamentos de segurança que se tornaram obrigatórios. O modelo começou a ser fabricado no Brasil em 1957, em São Bernardo do Campo (SP).