Depois de "apanhar" por dez anos, o empresário Cristiano Brega, da Confiance Medical, sediada no Rio de Janeiro, diz ter, finalmente, começado a bater nos últimos dois. A persistência do empreendedor, que começou em 2002 fazendo manutenção de equipamentos médicos e hoje é produtor de estações de videolaparoscopia, foi um dos destaques da sua palestra durante o PME em Pauta, realizado pela Gazeta do Povo e Endeavor. Para Brega, resiliência é uma característica indispensável ao empreendedor. "Tem que acreditar no projeto para resistir às pancadas e às negativas e ainda acordar no dia seguinte com ânimo para continuar em frente", diz.
A mudança da atividade da Confiance foi a primeira barreira que a empresa enfrentou. Foram dois anos de ajustes na papelada para transformar a autorização de venda para a de produção. Em 2009, com a fábrica em funcionamento e nenhuma venda efetivada, os problemas só cresceram. "O mercado médico é bem conservador e deve ser assim. Como confiar em um equipamento de marca desconhecida? Era nossa tarefa convencê-los da nossa qualidade. Foi difícil não ter clientes para dar referência, até vender o primeiro para um hospital público carioca", diz.
Sustentada pela qualidade do produto e pelo preço o equipamento da Confiance custa R$ 130 mil, preço em média 20% mais baixo do que similares importados , a empresa apostou no atendimento para conquistar os 300 clientes que estão hoje na carteira. Nos últimos dois anos, 2 mil equipamentos foram entregues. Com 40 funcionários, a Confiance chegou a R$ 10,8 milhões de faturamento em 2013 e a meta é atingir R$ 16 milhões neste ano. "O foco agora é na gestão de pessoas. Temos que investir para que o funcionário se sinta bem no trabalho e compre a nossa cultura. Isso vai fazer diferença no mercado", aposta.
Ritmo
Outra área onde o investimento é essencial para a prosperidade do empreendimento é a pesquisa. Há empresas que nasceram a partir do desenvolvimento de novas tecnologias, como a Carob House, de Curitiba. A fábrica de massa de alfarroba, substituto do cacau que não contém açúcar, lactose nem glúten, é resultado de US$ 200 mil aplicados em pesquisa durante cinco anos pelo casal Carmine Giunti e Eloisa Helena Orlandi.
Com duas patentes aprovadas e quatro em análise, a Carob House tem tecnologia de ponta no DNA. A empresa cresce em ritmo acelerado dobrando a cada ano e deve chegar aos R$ 10 milhões de faturamento em 2014. Mas a trajetória foi suada, como a maior parte dos empreendedores de sucesso.
"Aplicamos todos os recursos no desenvolvimento do produto. Tudo lá em casa virava alfarroba", conta Eloisa. Todas as noites de insônia valeram a pena. A fábrica tem 40 funcionários e produz três toneladas de guloseimas feitas à base de alfarroba por semana, para distribuição para todo o país. "O nicho de pessoas preocupadas com alimentação saudável só cresce", comemora.