Eloisa Helena, da Carob House, que fabrica massa de alfarroba: luta diária para inovar e crescer| Foto: Rubens Nemitz Jr. / Gazeta do Povo

Ponto de partida

Planejamento orienta rumo da empresa e evita surpresas indesejadas

Saber aonde se quer chegar é o ponto de partida para desenhar o plano de negócios de um novo empreendimento. Há 18 meses em atividade, a Los Paleteros, que fabrica picolés mexicanos e vende franquias da marca, pretende fechar o ano com 62 lojas no país e uma no exterior. Hoje, a empresa está em seis estados, com 36 unidades. O olho no mercado externo faz parte do planejamento estratégico e foi incluído até mesmo no projeto da nova fábrica, construída em Barracão, no Sudoeste do estado. "A indústria cumpre exigências sanitárias internacionais, para que o produto não tenha barreiras na exportação", explica Gean Derosso Chu, CEO da empresa.

A marca também testa novas modalidades de oferta, como a loja com drive thru, aberta em Sorocaba (SP). E mantém um ponto de venda conceitual na Praça da Espanha, em Curitiba. A localização ajuda a medir a reação dos consumidores: é a maior concentração de sorvetes premium do país, com sete marcas diferentes em um raio de 1 quilômetro.

Renovação

Estar estabelecido no mercado não dispensa a renovação permanente no negócio. A rede de fast food Bob’s, fundada há 62 anos no Brasil, acaba de lançar o programa de reestruturação da empresa, para retrofit de 1,1 mil lojas de todo o país, desde o mix de produtos, cozinha, ponto de venda até o layout da marca.

"Serão investidos US$ 200 milhões até o fim do ano para remodelação. Todas as mudanças foram feitas com base em um estudo internacional de tendência no setor", explica Marcello Farrel, diretor de marca do Bob’s. Com um investimento médio de R$ 800 mil por loja para os franqueados, a previsão é concluir a conversão em cinco anos.

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US$ 200 mil foi o total aplicado pela Carob House, de Curitiba, somente em pesquisas durante cinco anos. O resultado foi a criação da massa de alfarroba.

Os quatro convidados para o primeiro PME em Pauta de 2014: Cristiano Brega, da Confiance Medical; Gean Chu, da Los Paleteros; Marcello Farrel, do Bob’s/ e Eloisa Helena, da Carob House

Depois de "apanhar" por dez anos, o empresário Cristiano Brega, da Confiance Medical, sediada no Rio de Janeiro, diz ter, finalmente, começado a bater nos últimos dois. A persistência do empreendedor, que começou em 2002 fazendo manutenção de equipamentos médicos e hoje é produtor de estações de videolaparoscopia, foi um dos destaques da sua palestra durante o PME em Pauta, realizado pela Gazeta do Povo e Endeavor. Para Brega, resiliência é uma característica indispensável ao empreendedor. "Tem que acreditar no projeto para resistir às pancadas e às negativas e ainda acordar no dia seguinte com ânimo para continuar em frente", diz.

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A mudança da atividade da Confiance foi a primeira barreira que a empresa enfrentou. Foram dois anos de ajustes na papelada para transformar a autorização de venda para a de produção. Em 2009, com a fábrica em funcionamento e nenhuma venda efetivada, os problemas só cresceram. "O mercado médico é bem conservador e deve ser assim. Como confiar em um equipamento de marca desconhecida? Era nossa tarefa convencê-los da nossa qualidade. Foi difícil não ter clientes para dar referência, até vender o primeiro para um hospital público carioca", diz.

Sustentada pela qualidade do produto e pelo preço – o equipamento da Confiance custa R$ 130 mil, preço em média 20% mais baixo do que similares importados –, a empresa apostou no atendimento para conquistar os 300 clientes que estão hoje na carteira. Nos últimos dois anos, 2 mil equipamentos foram entregues. Com 40 funcionários, a Confiance chegou a R$ 10,8 milhões de faturamento em 2013 e a meta é atingir R$ 16 milhões neste ano. "O foco agora é na gestão de pessoas. Temos que investir para que o funcionário se sinta bem no trabalho e compre a nossa cultura. Isso vai fazer diferença no mercado", aposta.

Ritmo

Outra área onde o investimento é essencial para a prosperidade do empreendimento é a pesquisa. Há empresas que nasceram a partir do desenvolvimento de novas tecnologias, como a Carob House, de Curitiba. A fábrica de massa de alfarroba, substituto do cacau que não contém açúcar, lactose nem glúten, é resultado de US$ 200 mil aplicados em pesquisa durante cinco anos pelo casal Carmine Giunti e Eloisa Helena Orlandi.

Com duas patentes aprovadas e quatro em análise, a Carob House tem tecnologia de ponta no DNA. A empresa cresce em ritmo acelerado – dobrando a cada ano – e deve chegar aos R$ 10 milhões de faturamento em 2014. Mas a trajetória foi suada, como a maior parte dos empreendedores de sucesso.

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"Aplicamos todos os recursos no desenvolvimento do produto. Tudo lá em casa virava alfarroba", conta Eloisa. Todas as noites de insônia valeram a pena. A fábrica tem 40 funcionários e produz três toneladas de guloseimas feitas à base de alfarroba por semana, para distribuição para todo o país. "O nicho de pessoas preocupadas com alimentação saudável só cresce", comemora.