Há quatro anos, Adriano Viana, de 43 anos, largou o último ano da faculdade de Direito para fazer o que gostava: trabalhar com peças vintage. Desde criança, colecionava e guardava objetos. Como não estava feliz com a profissão que escolheu, resolveu na base da tentativa e do erro empreender. E deu certo.
Proprietário da Caçadores de Relíquias, Viana abriga cerca de 40 mil produtos antigos em um terreno alugado de 400m2 na Cidade Industrial de Curitiba.
A loja, que começou como um e-commerce em 2010, tem hoje um faturamento mensal de R$ 30 mil e vende cerca de 300 itens por mês. No site são pelo menos 150 visitas por dia e pedidos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. O investimento ao longo dos cincos anos de existência foi de R$ 300 mil.
Adriano faz parte de um grupo de empresários curitibanos que transformaram velharias em uma opção de negócio rentável. Os mercados vintage e retrô apostam no apreço dos consumidores por itens que remetem à infância para comercializar artigos que estavam encaixotados ou guardados na memória dos mais saudosistas.
“A explicação para o crescimento desse mercado está na recompensa emocional e na diferenciação e exclusividade dos produtos, que trazem uma experiência única ao cliente”, afirma a consultora do Sebrae-PR Marielle Rieping.
Quem mais adquire artigos vintage e retrô são os jovens, que têm interesse no design e na história de uma marca. Apesar desse público estar disposto a pagar pelo que o artigo vale, não se trata de um mercado de luxo.
Tendência
Enquanto em São Paulo já há um mercado consolidado, no Paraná existe espaço para quem quer apostar nessa tendência. Marielle afirma que todo nicho é promissor, mas requer bastante planejamento em comparação com quem investe em produtos de massa. A orientação é fazer uma análise do comportamento do consumidor e da concorrência antes de abrir o negócio. Depois, ter capital de giro de 6 a 12 meses, já que os produtos não saem com tanta frequência.
O sucesso do Caçadores de Relíquias é explicado por dois motivos: estoque e constante reinvestimento do lucro. Durante os três primeiros anos, Viana tirava somente o dinheiro suficiente para sobreviver. Quase todo o lucro era usado para adquirir mais itens para a loja. “As pessoas que compram produtos vintage procuram algo muito específico. Você tem que ter muita variedade para começar a vender algo”, afirma.
O coordenador-geral da Pós-Graduação da Universidade Positivo, Leandro Henrique Souza, explica que negócios que apostam em públicos específicos tendem a passar mais fácil por momentos de crise. Isso acontece por dois motivos: os clientes são das classes A e B, com mais poder aquisitivo, e as lojas entregam ao consumidor lembranças. “O vintage ou retrô é o estilo de vida daquelas pessoas. As pessoas compram para presentearem a si próprias”, diz.