Uma metodologia desenvolvida no Paraná para aprimorar o design de produtos e serviços ganhou corpo e já chegou a empresas de vários estados. Criado pelo Centro Brasil Design (CBD), que tem sede em Curitiba, o modelo de trabalho foi impulsionado por um projeto em conjunto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) que foi encerrado no primeiro semestre e que já tem uma segunda edição garantida.
O programa Design Export permitiu que, nos últimos dois anos, 100 empresas de sete estados usassem o design como ferramenta para melhorar produtos, embalagens e serviços com o objetivo de aumentarem as exportações. O CBD usou sua metodologia para que esses negócios se aproximassem de escritórios de design. Sob supervisão, os empresários puderam expor suas necessidades e contaram com apoio do centro para orientar ideias e investimentos.
Uma medição feita pela Apex-Brasil com as 14 primeiras empresas que entraram no projeto mostra um aumento de 57% em suas exportações em 2014, na comparação com 2013. “Vimos que foram desenvolvidos produtos realmente muitos inovadores, além de melhorias em produtos, processos e serviços que já existiam, mas que ganharam competitividade”, conta Christiano Braga, gerente de exportação da Apex-Brasil.
A experiência foi tão bem avaliada que deve crescer em sua segunda edição, que ainda está sendo planejada. Segundo Braga, a ideia é chegar a 200 empresas. O desenvolvimento da área de design na Apex é complementada por outro projeto, o Inova Embala, voltado para a criação de embalagens.
Metodologia
A atuação do CBD começou em 1999, quando a organização sem fins lucrativos foi criada com o objetivo de aproximar profissionais de design de empresas no Paraná. O primeiro grande projeto foi o Programa Criação Paraná, que em duas edições, em 2002 e 2005, auxiliou empresas paranaenses a desenvolverem produtos com desenhos inovadores. Na sequência, veio o Paraná Inovador pelo Design, uma parceria com o Fundo Paraná e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti).
Em seus projetos,o CBD promove encontros de empresas e as ajuda a identificarem demandas para serem trabalhadas. O centro auxilia as companhias a acharem um profissional ou escritório de design que possa desenvolver a ideia e ao final dá visibilidade aos resultados dos projetos.
Fazer esse “meio de campo” parece simples, mas muitas vezes exige transformar a cultura de uma empresa. “O design ainda é uma ferramenta pouco usada”, diz Ana Brum, diretora do CBD. “Percebemos que há resistência na contratação de um escritório de design. É uma lacuna que tentamos preencher atuando como ‘brokers’ para unir as duas pontas com menor risco e maior qualidade.” No Desgin Export, por exemplo, das 100 empresas participantes, 62 nunca haviam contratado esse tipo de serviço.
Produtos
Um dos primeiros produtos do Design Export foi um kit usado em cirurgias de implantes dentários desenvolvido pela Signo Vinces, que tem sede em Campo Largo. Até entrar no programa, o kit da companhia era apresentado sem diferenciação em relação à concorrência. A colaboração entre a equipe da Signo e de um escritório de design levou à elaboração do Kit Evo, um estojo que organiza os materiais de acordo com a sequência da cirurgia. Detalhe: a um custo 43% menor do que o modelo anterior.
Em outro caso, uma empresa de Recife, a SiliconReef, criou uma estação abastecida por energia solar para carregar telefones celulares. Ela tinha a tecnologia, mas o totem original exigia um espaço grande para sua instalação e gasto alto em manutenção. Com um investimento de R$ 100 mil, foi criada uma nova estação, menor e com custo de produção mais baixo.