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Segurança, cortesia, espetáculo e eficiência são palavras de ordem no atendimento Disney | Divulgação
Segurança, cortesia, espetáculo e eficiência são palavras de ordem no atendimento Disney| Foto: Divulgação

Opinião

Modelo a ser replicado

Se eu tivesse um negócio aqui no Brasil, com certeza ensinaria a meus funcionários as técnicas de relacionamento que aprendi durante o tempo em que trabalhei no Walt Disney World Resort, em Orlando, na Flórida. Lá, todos os cast members (como são chamados os empregados), independentemente da função que desempenhem, aprendem a importância de fazer contato visual com o cliente, de estar sempre sorrindo e de jamais deixar que ele pense que você gostaria de estar fazendo outra coisa no momento em que o atende.

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A Disney também dá muita importância à aparência e, por isso, criou um guia de regras, o Disney Look: os cabelos devem estar sempre bem penteados e pintados; as unhas e a barba, aparadas; não é possível ter tatuagens aparentes, entre outros cuidados. O motivo é fazer com que o atendente não chame mais atenção do que as atrações.

No setor responsável pelo atendimento ao visitante, é fácil perceber que mesmo quem passou por uma experiência ruim em um parque poderia sair satisfeito de lá após conversar com alguém que o ouviu com atenção e tentou resolver seu problema. Muitos deles recebiam um "não" como resposta para o que desejavam, mas, por terem sido bem atendidos quando reclamaram, saíam satisfeitos.

Na verdade, o que se percebe é que, para essa empresa, não basta que o visitante coma bem e se divirta nas atrações. A experiência só é completa se o relacionamento com os atendentes também tiver sido especial.

Kamila Mendes Martins, editora da Gazeta do Povo, trabalhou no Walt Disney World Resort como vendedora, no serviço de atendimento ao visitante (Guest Relations) e como guia VIP.

Orelhas de Mickey e Minnie foram o quebra-gelo para aprender mais sobre a qualidade dos serviços da Walt Disney Company, dona dos parques temáticos mais famosos do mundo, entre outros negócios, destino de milhares de visitantes todos os anos. A recepção divertida durante o curso Abordagem da Disney para Qualidade no Serviço, na Universidade Positivo, foi a primeira mensagem sobre os parâmetros do atendimento que conquista cada vez mais clientes. "As pessoas acham que é magia que faz o trabalho, mas é o trabalho que faz a magia", explica Ernesto Salas, um dos instrutores do curso. Salas e Robert Castillo falaram sobre o processo de criação do padrão de excelência no serviço da Disney.

Tudo começa com o supergerenciamento, ou seja, a coordenação de todas as etapas e a atenção a todos os detalhes, mesmo aqueles que não geram lucro diretamente. De acordo com Castillo, "o resultado do serviço é criado a partir de sistemas que a empresa controla, então é necessário oferecer o melhor em todos eles". O serviço excepcional é viável em qualquer tipo de negócio, só é necessário planejar toda a experiência do cliente.

Para isso, a empresa deve ter um objetivo claro do que pretende fazer por seus consumidores e, a partir disso, desenvolver um padrão de qualidade, resumido em palavras claras e expostas em ordem de importância. Para a Disney, o padrão de qualidade mais importante é a segurança – tanto dos clientes como dos funcionários – e nada que não passe por isso poderá ser feito nos parques. Cortesia, espetáculo e eficiência são os padrões seguintes.

Para manter a qualidade do serviço prestado, essas diretrizes devem fazer parte do treinamento de todos os funcionários. O público interno tem grande relevância no negócio. "É necessário tratar bem o cliente interno também, e não apenas o externo", diz Salas. Por isso, é essencial oferecer tudo que for necessário para que os funcionários realizem bem suas funções.

Os padrões de qualidade são importantes também para gerenciar crises. Quando algo inesperado acontece, os funcionários devem agir de acordo com a prioridade estabelecida. No caso da Disney, deve-se pensar primeiro na segurança de todos os envolvidos. Se puderem fazer isso sendo corteses e mantendo o espetáculo e a eficiência, melhor.

Estratégia

Quebrar estereótipos gera encantamento

Antes de consumir, clientes já assumem alguns estereótipos, positivos e negativos, sobre aquele tipo de serviço. Manter os positivos é importante, mas quebrar os negativos gera um encantamento ainda maior e fideliza os clientes.

Desde a criação dos parques, Walt Disney prezou pela limpeza dos espaços. Ao contrário da maior parte dos parques de diversão, que eram sujos, os clientes encontraram um espaço sem sujeira. Isso levou até à criação de um modelo de lixeira que não deixasse os resíduos à mostra. Essa foi uma das primeiras iniciativas do parque que surpreendeu os visitantes e quebrou um modelo negativo.

Outro aspecto que pode surpreender é solucionar problemas. Um case da Disney foi a solução encontrada para achar os carros no vasto estacionamento. As áreas são preenchidas por ordem de chegada, e basta que o cliente informe o momento em que chegou para se saber a região em que o carro está.

Por fim, é necessário entender as emoções do cliente e oferecer serviços que correspondam a isso. Se o cliente estará cansado no fim da experiência, oferecer lugares de descanso e e permitir que ele vá embora sem encontrar barreiras vai melhorar a qualidade da experiência como um todo.

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