Vale a pena abrir um negócio? Se até pouco tempo atrás você fizesse essa pergunta a um professor de administração, ele diria: a resposta está no plano de negócios.
Esse instrumento foi usado por muitos empreendedores para colocar uma ideia no papel e visualizar todas as variáveis que envolviam a execução do projeto.
Mas, com o crescimento dos negócios digitais, percebeu-se que “nenhum plano de negócios sobrevive ao primeiro contato com o cliente”, como afirma a célebre frase de Steve Blank, um dos mais reconhecidos especialistas em empreendedorismo e professor de universidades dos Estados Unidos.
A solução para colocar uma ideia no papel de maneira rápida foi a criação de uma nova metodologia, conhecida como modelo de negócios. Elaborada por Alexander Osterwalder, a ferramenta possibilita visualizar os quatro principais componentes de um negócio (cliente, oferta, infraestrutura e viabilidade financeira) em um único quadro que é montado em dias – ao contrário do plano, que leva meses.
O modelo de negócios vem antes do plano e serve para se pensar o que o empreendimento pode oferecer de diferente, criando uma vantagem competitiva. A abordagem já é muito usada por startups e começa, aos poucos, ganhar força em segmentos tradicionais da economia.
O empreendedor pode usar a metodologia tanto para criar uma empresa quanto para lançar produtos ou reformular processos internos de uma companhia já consolidada. Com o quadro completo, o empresário visualiza as principais variáveis de sua estratégia e sai para testar suas hipóteses com os consumidores.
“Quando você não tem histórico e ferramentas para fazer estimativas, o ideal é recorrer ao modelo de negócios”, diz Mariana Foresti, gerente regional da Endeavor no Paraná.
Ela explica que a metodologia traz um esboço que permite conhecer sua proposta de valor antes de validar com os clientes.
O foco no consumidor, inclusive, é um grande diferencial do modelo de negócios. Segundo a consultoria e especialista em modelos de negócios, Maria Augusta Orofino, a ferramenta leva você a pensar na “dor” do cliente para então identificar que produto ou serviço será útil.
Ela lembra que uma mesma empresa deve ter um portfólio de modelos de negócios para cada segmento de cliente e que as estratégias devem ser revistas constantemente.
Canvas ajuda empresário a reorganizar os processos
Criada por um engenheiro em 2005, a Força Vital passou dez anos sem ter um plano de negócios, planejamento estratégico ou qualquer outra metodologia que guiasse a empresa especializada em projetos e execução de obras preventivas de incêndio, cursos de socorristas e treinamentos em segurança no trabalho.
Neste ano, o proprietário Jackson Luiz Jarzynski decidiu que precisava reformular todo o processo administrativo da sua empresa. Ele recorreu ao Sebrae e foi orientado a usar o Canvas – ferramenta usada para traçar um modelo de negócio – para identificar os segmentos de clientes que atendia e alinhar os serviços oferecidos para cada.
Em quatro dias, todos os funcionários participaram do processo de montar o modelo e, com as estratégias bem definidas, estão colocando em práticas as ações. “Em meio à crise, conseguimos aumentar nosso faturamento em 15% a 20%”, afirma Jarzynski.
Entre as principais mudanças implantadas está a segmentação dos serviços para os quatro tipos de públicos atendidos: indústria, serviço público, comércio e pessoa física. Outra mudança foi criar um serviço de pós-venda e oferecer preços mais justos aos clientes.
Jarzynski afirma que, com a ferramenta, conseguiu oferecer serviços mais qualificados e a um preço justo aos mais de 340 clientes no Paraná e Santa Catarina.