A Renner abriu a sua conferência com investidores referente ao resultado do primeiro trimestre de 2016 falando do tempo. Laurence Gomes, diretor financeiro da empresa, afirmou que o clima mais quente que as médias históricas trouxe a varejista um desafio adicional. O CEO, José Galló, classificou o calor fora de época nos meses de março e abril como um grande obstáculo.
As trocas de estações sempre foram um desafio para as empresas, principalmente para quem atua no setor de varejo. Mas, como o frio demorou a aparecer neste ano nas regiões Sul e Sudeste, a tarefa ficou ainda mais difícil. O fato, somado a poucas oscilações de temperatura até o fim de abril, fez com que lojistas de todos os portes ficassem com os estoques altos e amargassem vendas abaixo do esperado.
Enquanto grandes varejistas apostam na contratação de serviços de consultorias climáticas, pequenos lojistas também podem se antecipar ao tempo fazendo um bom gerenciamento do estoque e apostando em produtos de meia estação, que têm saída mais frequente.
A orientação é do especialista em varejo e consultor do SindiShopping Nelson Barbalat. “Lojas de confecção e eletrodoméstico vêm diminuindo a compra de produtos agudos e apostando em de meia estação”, diz Barbalat. Ele afirma que a tendência é que os lojistas apostem cada vez mais em produtos que vendam tanto em períodos de frio quanto de calor, chamados de meia estação, para se protegerem das variações de temperatura.
O instrutor do Senac de Cornélio Procópio, Igor Sargin, recomenda que os empresários façam a transição de produtos em cada estação de forma sútil. Isso significa ir acrescentando itens típicos de inverno ou de períodos chuvosos aos poucos até a estação se estabilizar. “As grandes magazines fazem isso. Elas investem em um mix de produtos”, diz. O único cuidado é evitar poluir a loja com itens variados demais e acabar espantando o consumidor.
Uma alternativa é consultar a previsão do tempo. Acompanhar o que acontece com o clima ajuda no planejamento do negócio no longo prazo, como na compra de produtos de fornecedores, e no curto prazo, como na mudança da vitrine.
O meteorologista do Climatempo, Alexandre Nascimento, afirma que o pior erro que o empresário pode cometer é olhar o que aconteceu no ano passado e projetar o presente e o futuro com base nisso. “Janeiro de 2015 foi extremamente quente, já janeiro de 2016 foi diferente”, explica.
As consultorias climáticas oferecem gratuitamente a previsão para até 15 dias e veiculam informações sobre as tendências para as próximas estações e ano. Para quem quiser pagar pelo serviço, é possível ter a previsão estendida em até um ano, com tempo real e reunião mensal com especialista. O pacote básico para o setor de varejo, na Consultoria Meteorológica Climatempo, está em torno de R$ 3 mil mensais.
“Atendemos desde o fabricante de inseticida para mosquito da dengue até grandes empresas geradoras de energia”, diz o meteorologista. Sobre a eficácia, Nascimento explica que a meteorologia avançou muito nos últimos 20 anos e que estão conseguindo mais acertar do que errar.
Sorveteria sobrevive ao frio de Curitiba
Se as trocas de estações são um desafio para quem atua no varejo, as empresas que vendem produtos típicos de uma só estação precisam se virar para aproveitar o período de pico e manter o negócio sustentável ao longo do ano. Ao mesmo tempo, devem estar prontas para reagir a cada mudança climática que aparecer, como, por exemplo, uma frente fria ou veranico.
É o caso da Sorvetes Gaúcho, tradicional soverteria de Curitiba inaugurada na Praça do Redentor, mais conhecida como Praça do Gaúcho, em 1954. A ideia do gaúcho Adalberto Pinto dos Santos era abrir um bar e mercearia, mas como o imóvel alugado tinha também uma máquina de sorvetes à disposição, ele acrescentou o produto ao cardápio.
Mesmo com o frio rigoroso e o verão fraco, características do clima curitibano, os sorvetes feitos artesanalmente se tornaram um sucesso. O que era um bar e mercearia virou somente sorveteria e permanece até hoje na praça localizada no bairro São Francisco.
Filho do fundador e atual administrador da sorveteria, Airton dos Santos diz que a procura pelo produto vem caindo ao longo dos anos, mas que o verão é o melhor momento do negócio, quando quase duas mil pessoas são atendidas em um fim de semana e a equipe precisa ser reforçada para atender a todos os clientes.
No inverno, a sorveteria não fecha as portas, mas o movimento cai quase 90%. “É a época que usamos para repensar o negócio, fazer manutenção do maquinário, ir resolver problema no banco, dar férias para funcionário”, diz Santos. Ele, junto com os dois irmãos que tocam o negócio, também se revezam para tirar férias.
Outra mudança é no estoque, que fica quase zerado nos períodos mais frios e chuvosos do ano. A sorveteria mantém estoque somente de leite e açúcar, itens básicos para fabricação. As frutas que dão o sabor ao sorvete artesanal e demais ingredientes são comprados conforme a demanda vai surgindo.
Um caminho que muitas empresas adotam, e recomendado por especialistas, é diversificar o cardápio acrescentando produtos típicos de outras estações para manter o movimento. Na Sorvetes Gaúcho, os proprietários optaram por não mudar a essência do negócio, que oferece 40 sabores de sorvete a R$ 3,25 a bola. “Não sentimos a necessidade”, explica Santos, que atribui a qualidade, o bom preço e a freguesia tradicional o sucesso da sorveteria curitibana.
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