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| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Se o aumento do desemprego impulsionou a abertura de novos negócios no país no último ano, o mercado começa a dar os primeiros sinais de saturação. O número de empregadores, que deu um salto no início de 2015, voltou ao patamar do primeiro trimestre de 2014, quando o país ainda não estava em recessão. E as pessoas que trabalham por conta própria, categoria que vinha em ascensão constante, registrou a primeira queda do ano.

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INFOGRÁFICO: Números do empreendedorismo

Para Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, a diminuição na quantidade de empregadores e trabalhadores por conta própria é um sinal de que o mercado está perdendo o fôlego para absorver as pessoas que perdem o emprego e buscam uma alternativa no empreendedorismo.

“No momento em que começou a cair a carteira assinada, lá em 2014, começou a aumentar o empregador e o ocupado por conta própria quase que no mesmo nível”, diz Azeredo. “Em 2016, essa conta passou a não fechar”, completa.

369 mil

pessoas deixaram a condição de empregadores entre o primeiro trimestre de 2015 e o segundo trimestre deste ano.

264 mil

é o número de pessoas que deixaram de trabalhar por conta própria neste ano.

Dados da Pnad Contínua, medida pelo IBGE, mostram que no primeiro trimestre de 2015 o país tinha pouco mais de 4,07 milhões de pessoas que se diziam empregadoras, ou seja, que possuíam um negócio próprio com pelo menos um funcionário. Foi o maior número já registrado desde o início da pesquisa, em 2012.

Já o número de trabalhadores por contra própria vinha em um ritmo de crescimento constante. A categoria passou de 20,9 milhões de pessoas nos três primeiros de 2014 para o pico de 23,1 milhões no primeiro trimestre de 2016, uma alta de 10,5%. “Era a informalidade que estava segurando a queda da ocupação”, afirma o coordenador do IBGE.

Queda

Mas parte dessas altas já foi devolvida ao mercado. No trimestre encerrado em junho deste ano, o país registrou 3,7 milhões de empregadores, o mesmo nível do início de 2014. E a quantidade de trabalhadores por conta própria teve a primeira queda dos dois últimos anos e atingiu 22,9 milhões no segundo trimestre de 2016.

“O mercado não está absorvendo mais o contingente de empregadores e trabalhadores por conta própria”, resume Azeredo. A expectativa do IBGE era que os números de emprego passassem a apresentar uma melhora no segundo trimestre deste ano, o que não aconteceu.

Com o mercado sem capacidade de absorver novos negócios, somada a dificuldade de se conseguir um emprego com carteira assinada, o índice de desemprego bate recordes sucessivos. Segundo o IBGE, 11,8 milhões de pessoas estavam desempregadas no trimestre encerrado em julho, o maior nível da série histórica.

Briga por preço e aumento da concorrência dificultam a vida dos empreendedores

O desemprego e a dificuldade em conseguir uma recolocação no mercado de trabalho levaram muitas pessoas a abrir o negócio próprio. Mas dados do IBGE mostram que o fenômeno não aumentou por muito tempo a quantidade de empreendedores no mercado, o que demonstra que administrar a própria empresa na crise não está fácil.

O professor de finanças do Ibmec Gilberto Braga afirma que quando há uma mudança de cenário econômico em um curto período de tempo, o mercado sofre uma pressão por preços, que leva muitos empresários a diminuir suas margens para continuar vendendo. Do outro lado, a alta do desemprego faz mais gente empreender, o que aumenta a concorrência.

Vendas fracas

O engenheiro Marcos da Cruz é um exemplo de empreendedor que está enfrentado dificuldades na crise. Depois de ser demitido de uma multinacional de eletroeletrônica em 2014, ele tentou uma recolocação no mercado de trabalho por um ano.

Sem sucesso, decidiu abrir em outubro de 2015 uma loja de assistência técnica de informática e venda de acessórios em Curitiba. O investimento inicial foi de R$ 26 mil, mas o valor ainda não foi recuperado. “As pessoas até fazem o orçamento, mas não fecham o serviço”, diz. As vendas de acessórios também estão em baixa, mesmo com a loja instalada em uma rua de grande movimento, em frente a uma faculdade.

Para sair da crise, o caminho encontrado por Marcos foi passar o ponto para frente e se juntar a um amigo que já tem uma assistência com mais tempo de mercado. “A ideia é rachar os custos”, explica.

Para o consultor financeiro Leonardo Grisotto, a falta de planejamento e o não controle do fluxo de caixa são os fatores que mais levam uma empresa à falência. “É preciso pensar alternativas para reduzir os custos”, orienta o professor do Ibmec Gilberto Braga.

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