Se o aumento do desemprego impulsionou a abertura de novos negócios no país no último ano, o mercado começa a dar os primeiros sinais de saturação. O número de empregadores, que deu um salto no início de 2015, voltou ao patamar do primeiro trimestre de 2014, quando o país ainda não estava em recessão. E as pessoas que trabalham por conta própria, categoria que vinha em ascensão constante, registrou a primeira queda do ano.
Para Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, a diminuição na quantidade de empregadores e trabalhadores por conta própria é um sinal de que o mercado está perdendo o fôlego para absorver as pessoas que perdem o emprego e buscam uma alternativa no empreendedorismo.
“No momento em que começou a cair a carteira assinada, lá em 2014, começou a aumentar o empregador e o ocupado por conta própria quase que no mesmo nível”, diz Azeredo. “Em 2016, essa conta passou a não fechar”, completa.
Dados da Pnad Contínua, medida pelo IBGE, mostram que no primeiro trimestre de 2015 o país tinha pouco mais de 4,07 milhões de pessoas que se diziam empregadoras, ou seja, que possuíam um negócio próprio com pelo menos um funcionário. Foi o maior número já registrado desde o início da pesquisa, em 2012.
Já o número de trabalhadores por contra própria vinha em um ritmo de crescimento constante. A categoria passou de 20,9 milhões de pessoas nos três primeiros de 2014 para o pico de 23,1 milhões no primeiro trimestre de 2016, uma alta de 10,5%. “Era a informalidade que estava segurando a queda da ocupação”, afirma o coordenador do IBGE.
Queda
Mas parte dessas altas já foi devolvida ao mercado. No trimestre encerrado em junho deste ano, o país registrou 3,7 milhões de empregadores, o mesmo nível do início de 2014. E a quantidade de trabalhadores por conta própria teve a primeira queda dos dois últimos anos e atingiu 22,9 milhões no segundo trimestre de 2016.
“O mercado não está absorvendo mais o contingente de empregadores e trabalhadores por conta própria”, resume Azeredo. A expectativa do IBGE era que os números de emprego passassem a apresentar uma melhora no segundo trimestre deste ano, o que não aconteceu.
Com o mercado sem capacidade de absorver novos negócios, somada a dificuldade de se conseguir um emprego com carteira assinada, o índice de desemprego bate recordes sucessivos. Segundo o IBGE, 11,8 milhões de pessoas estavam desempregadas no trimestre encerrado em julho, o maior nível da série histórica.