Não é à toa que negócios como lojas de roupas, mercearias, lanchonetes e pet shops estão entre as opções preferidas de quem pensa em empreender.
Com baixa barreira de entrada, os empreendimentos tradicionais permitem que brasileiros com pouca experiência e sem muitos recursos se arrisquem em busca da independência financeira.
Segundos dados do Simples Nacional, lojas de roupas e acessórios, minimercados, bares, cabeleireiros e lanchonetes estão entre os dez mais comuns no Paraná e correspondem a pouco mais de 30% das empresas que optaram pelo regime de tributação simplificada até o início de abril no estado.
Apesar do alto número de estabelecimentos, o consultor do Sebrae-PR André Basso afirma que sempre vai existir espaço para os negócios “queridinhos” dos brasileiros. Ele explica que a pouca competitividade das empresas que estão no mercado permite que aqueles que sonham em empreender comecem também com um modelo consolidado.
Foi o que fizeram as empresárias e sócias Ariane Brunetti e Luana Smanhoto, que abriram um pet shop em dezembro de 2014. Como Luana é médica veterinária e Ariane gestora de projetos, elas resolverem unir as competências para trabalhar com animais, uma grande paixão das amigas.
Autoemprego
O consultor do Sebrae-PR André Basso afirma que há muitas pessoas que abrem negócios tradicionais em busca do autoemprego, ou seja, que querem apenas garantir uma renda. Por isso, é comum encontrar estabelecimentos que não inovam e não querem crescer. Nesses casos, manter a loja funcionando é a principal preocupação do empreendedor.
Com investimento de R$ 45 mil, inauguraram o Marumby Pet Care em Curitiba e apostaram na qualidade do atendimento e no serviço de creche para ganhar espaço em um segmento superlotado. O primeiro ano, assim como em qualquer negócio, foi difícil para as sócias, que se dividiram entre a empresa própria e empregos formais para equilibrar as contas.
Neste ano, elas conseguiram ter o retorno do investimento e vão poder se dedicar integralmente ao projeto do pet shop, que atende cerca de 20 cachorros semanalmente somente no serviço de creche. “A partir de agosto de 2015, conseguimos fazer o pet começar a ser sustentável, com processos administrativos e financeiros bem estabelecidos”, conta Ariane.
Nicho, qualidade e preço baixo
A questão crucial para quem abre um negócio tradicional é como ganhar competitividade em um mercado acirrado. O consultor do Sebrae-PR afirma que há três maneiras: apostar em nichos, manter um padrão de qualidade e criar um método que garanta um preço mais competitivo.
Risco
O maior risco de abrir negócios comuns é não encontrar um diferencial competitivo. Administrar empreendimentos tradicionais requer que o empresário conheça muito bem o público-alvo e a região onde abre sua loja. Para ajudar nessas tarefas, o empreendedor pode recorrer a métodos como cliente oculto, além de fazer análise de mercado e plano de negócios.
As empresas que começaram pequenas e conseguiram se estabelecer no mercado ocuparam de maneira eficiente as fragilidades da concorrência. “Em setores muitos abertos, a regularidade na prestação do serviço e a constância no processo geram um padrão de qualidade que diferencia seu negócio dos concorrentes”, diz Basso.
Outra maneira é atender nichos de mercado para diminuir a concorrência e facilitar a atração dos consumidores. Um exemplo é: ao invés de abrir uma loja de roupas que atenda todos os públicos, focar em moda feminina para academia.
Mas, antes, o empreendedor precisa avaliar se há mercado para aquele nicho, para não correr o risco de segmentar tanto a ponto de não ter clientela. “Em cidades maiores como Curitiba, eu consigo segmentar meu mercado e ainda continuar atuando competitivamente. Em cidades menores, isso não é possível”, explica Basso.
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