As ideias empreendedoras sempre fomentaram os projetos de Rodrigo Brito, empreendedor formado em administração. Ainda na faculdade, junto com seus colegas, ele começou a planejar e desenvolver iniciativas para a área.
Assim, nasceu a Aliança Empreendedora, em 2005, onde ele e seus colegas levaram noções de empreendedorismo para pessoas das classes C, D e E. Ele ainda faz parte da equipe da World-Transforming Technologies (WTT), organização que apoia negócios com potencial de inovação para soluções de problemas sociais e ambientais.
Brito contribuiu para o fortalecimento do empreendedorismo, inclusive para que o termo ficasse tão conhecido no Brasil. Agora, ele está trabalhando num projeto que vai formar uma rede entre quem estuda a teoria, desenvolve pesquisas e as transforma em ideias com potenciais de negócio.
A Iniciativa Emerge (do inglês: emergir) pretende identificar, conectar e apoiar universitários brasileiros com alto potencial em tecnologia e inovação. A ideia é criar uma rede consolidada sobre o tema, com programas de formação, investimento, mentoria, prêmios e integração.
Junto com outros três parceiros, Brito é co-fundador da instituição. Ele compara esse modelo com o da Endeavor, organização de apoio ao empreendedorismo.
“Assim como eles criaram e fortaleceram uma rede de empreendedores, nós queremos fazer com o campo da inovação tecnológica. Queremos estar um passo antes de quem trabalha com isso, para ajudar no desenvolvimento”.
A Emerge também quer conectar os inovadores com o mercado, com empresas que precisem dessas ideias para resolver problemas atuais e também com as que queiram investir em soluções para o futuro.
Brito ressalta que o foco da Iniciativa Emerge não são os projetos de inovação digital, e sim o que precede as soluções encontradas nessa área. “Quando se fala em inovação, todo mundo pensa em aplicativos e games, mas eles existem porque investiram em cientistas que pensaram na tecnologia necessária para desenvolver esses aplicativos”, explica.
Entre os projetos já mapeados pela instituição estão o de um GPS local que não requer satélite, uma solução para mapear fronteiras de fazendas, e uma pesquisa que estuda as condições em que devem ser feitas a manutenção e limpeza nas plataformas de petróleo para que haja uma redução no número de acidentes nesses locais.
Impacto
Além as inovações apoiadas pela Emerge serão incentivadas no campo da pesquisa e desenvolvimento, até chegar no mercado. Essa última fase é, segundo Brito, o grande problema desses projetos. Eles encontram dificuldade em comunicar suas ideias, firmar parcerias, testar os produtos e colocar a tecnologia no mercado, gerando soluções para o consumidor.
A Iniciativa Emerge surgiu em outubro desse ano e vai começar a funcionar a partir de janeiro de 2017. No início, algumas pessoas vão atuar como “embaixadores” do assunto em sete cidades: Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis, Porto Alegre e Recife ou Fortaleza.
O objetivo é implantar “Emerge Labs”, laboratórios do programa de inspiração e formação de jovens inovadores. Depois, os embaixadores deverão continuar fomentando a rede, procurando tecnologia de alto potencial e fazendo as conexões entre seus desenvolvedores e a comunidade de inovação tecnológica.
Pesquisadores brasileiros no país
A Iniciativa Emerge também quer melhorar a situação do Brasil quanto ao êxodo científico ou “fuga de cérebros”, que acontece quando os pesquisadores brasileiros não encontram estrutura, apoio e nem possibilidade de continuidade para suas pesquisas, a ponto de gerar resultados práticos e aplicáveis na sociedade.
Os profissionais acabam saindo do país em busca de países que consigam acolher e desenvolver suas invenções e descobertas. Em 2015, cerca de 50 mil pesquisadores deixaram o Brasil rumo a universidades estrangeiras. O dado é da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para diminuir esse índice, a instituição vai ajudar com a burocracia que envolve as pesquisas e com o apoio de professores universitários, que vão trabalhar como “olheiros”, buscando potenciais e conectando eles à rede. “O objetivo é ver crescer uma geração de inovadores brasileiros, para que, em 20 anos, a gente tenha vários casos de pesquisadores com produto agregado no país e não indo embora para desenvolver um projeto”, conta Brito.
A Emerge tem como parceiros empresas que já desenvolvem e incentivam o trabalho de universitários, como a Brasil Júnior - Confederação Brasileira de Empresas Juniores – e a WTT.
A princípio, para fazer parte da rede, é preciso que os estudantes já tenham a pesquisa em andamento. “Pode ser em fase teórica, mas a pessoa tem que saber o que vai fazer e que potencial tem”, explica Brito. Também serão avaliados o perfil do inovador: se é curioso, o que já aprendeu, se prefere trabalhar sozinho ou em grupo.