Enquanto as vendas de açúcar dos tipos mais convencionais caíram 6,4%, as do tipo demerara aumentaram 27% em 2015. Os pães industrializados caíram 3,5%, enquanto os integrais subiram 7%. E o leite UHT teve queda de 2%, caminho inverso ao de baixa lactose, que teve alta de 78%. Os dados são da Associação Paulista de Supermercados (APAS), em parceria com as consultorias Nielsen e Kantar, e mostram uma mudança de hábito na alimentação do brasileiro, que está mais atento ao mercado de comidas saudáveis.
O Brasil é o quinto maior mercado do mundo desse tipo de produto, registrando uma movimentação média de US$ 35 bilhões (R$ 112 bilhões) ao ano. De 2009 a 2014, o mercado cresceu 98%, segundo a entidade internacional de pesquisa Euromonitor. E a tendência é que continue crescendo.
Um levantamento feito pela empresa Mintel, em 2015, aponta que 30% dos brasileiros gostariam de ver uma maior variedade de produtos saudáveis no mercado e consumiriam mais se tivessem mais opções práticas para preparar, como, por exemplo, pratos prontos congelados e pré-cozidos.
Para a consultora do Sebrae-PR Sonia Shimoyama, o volume de mercado que existe para ser trabalhado nesse segmento é grande, inclusive na busca por novos públicos. “Quando as empresas começarem a ganhar na produtividade, a tendência é que os preços caiam e que esses produtos cheguem a novos consumidores que ainda não têm a possibilidade de comprá-los”, afirma.
Diferenciação
Outro ponto é o fato de que esse crescimento está amparado em uma mudança de hábitos alimentares. Pesquisa da Associação Paulista de Supermercados feita em 2015 aponta que 79% dos entrevistados dizem ter trocado uma alimentação menos preocupada com o bem-estar pelas comidas saudáveis.
Segundo Shimoyama, isso denota que a expansão do mercado não é uma onda de consumo passageira e que o empresário precisa buscar diferenciais para o negócio, e encontrar, principalmente, formas práticas e acessíveis diante do cotidiano corrido das pessoas. Já Claudia Bittencourt, sócia-fundadora e diretora geral do Grupo Bittencourt Consultoria, vai mais além: “não é apenas uma mudança de hábito de consumo, mas da adoção de um estilo de vida diferente. E quando se fala nesse aspecto, a mudança é perene”, atesta.
É o caso da curitibana Eat&FIT, que há um ano e meio aposta no serviço de produção e entrega de refeições saudáveis para auxiliar as pessoas na organização e manutenção de dietas ou planos alimentares. A empresa, que faturou R$ 400 mil no primeiro semestre de 2016, contribui para a execução dos planos de alimentação passado pelos nutricionistas, ao monta cardápios de acordo com a necessidade do cliente. São seis mil refeições por mês entregues nos locais de preferência do cliente.
Com crescimento de 300% no acumulado dos últimos 12 meses, a empresa percebe a mudança na percepção das pessoas quanto à importância da alimentação, tanto para fins de saúde quanto estéticos. “Acredito que o aumento de empresas nesse segmento, falando e comunicando sobre a importância da alimentação, acelerou o entendimento das pessoas acerca dessa necessidade”, comenta Diego Bergamini, sócio proprietário da Eat&FIT.