Geralmente vinculadas a serviços e produtos de base tecnológica e com alto potencial de escalonamento, as startups têm ganhado cada vez mais espaço no ecossistema de inovação e empreendedorismo do Paraná.
Levantamento feito pelo Sebrae-PR, que ainda está em fase de conclusão, mostra que o número dessas pequenas empresas aumentou de 167 em 2014 para 370 neste ano.
Como o mapeamento retrata apenas seis regiões do estado (Curitiba, Londrina, Pato Branco, Cascavel, Maringá e Ponta Grossa), a quantidade total de startups pode ser ainda maior.
Os dados consolidados devem ser apresentados nas próximas semanas e vão complementar outro estudo feito neste ano com 101 startups, que permitiu ao Sebrae-PR traçar um perfil dos negócios existentes no estado.
A percepção de que o “boom” dessas empresas no Paraná é um movimento recente é comprovado pelo estudo: de cada dez startups pesquisadas, seis têm menos de dois anos de existência no mercado.
É natural que várias dessas empresas não consigam decolar, mas agora está se tornando mais comum pessoas que quebraram a cara com sua primeira startup voltarem e participarem de outras.
Conforme o mapeamento, das 101 empresas pesquisadas, 69 já possuem CNPJ, 52 validaram o modelo de negócio e 58 já estão conseguindo monetizar suas atividades – indicativos de que boa parte dos projetos defendidos pelos “startupeiros” têm saído dos slides do PowerPoint para chegar ao mercado de fato.
“Sabemos que quanto mais inovador o modelo, maiores são os riscos e desafios, o que é uma característica das startups. Mas temos vistos muito projetos se consolidando e cases de sucesso surgindo, o que é importante para posicionar esse modelo de negócio e estimular os outros atores a se articularem para atender as startups da melhor forma possível”, afirma o coordenador estadual da linha estratégica de startups do Sebrae-PR, Rafael Tortato.
Capilaridade
O fato dos novos negócios mapeados não estarem concentrados exclusivamente na capital – pouco mais de 60 têm sede em Curitiba e região – também é visto como um sinal de que o ecossistema do Paraná tem caminhado para um nível maior de maturidade.
Em outros estados, como Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a concentração em um determinado polo, em detrimento de outros, é evidente.
O estudo do Sebrae-PR mostra ainda que já começam a surgir no estado cases de empreendedores que estão criando uma startup pela segunda vez, seja porque falharam na empreitada anterior ou passaram o negócio para terceiros.
“Começaram a aparecer empreendedores mais maduros. É natural que várias dessas empresas não consigam decolar, mas agora está se tornando mais comum pessoas que quebraram a cara com sua primeira startup voltarem e participarem de outras. E isso aumenta o nível de maturidade do cenário como um todo”, avalia o coordenador da Hot Milk, aceleradora da PUC-PR, Leonardo Tostes.
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O empreendedor Cléber Rincão faliu 6 empresas antes de vender sua 7ª startup para o Facebook. O caminho que trilhou hoje serve de exemplo para quem quer ter sucesso em novos negócios.
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As amigas Renata Trevisan e Evelyne Pretti fazem parte do time de novos empreendedores que surgiram no estado no último ano.
As duas, que são formadas em Design de Produto pela PUCPR, criaram em maio do ano passado a Noiga, uma startup que comercializa acessórios de moda como brincos, anéis e colares feitos por meio de impressão 3D.
O projeto criou vida com investimento próprio das duas sócias, que girou em torno de R$ 30 mil – o e-commerce para vender as peças entrou no ar em novembro.
Todos os produtos são desenhados pelas duas, que já criaram três coleções diferentes. A única etapa terceirizada é a produção em si, feita em uma empresa especializada de Joinville (SC), que imprime utilizando nylon.
“A peça chega em branco e fazemos toda a parte de tingimento, personalizando as cores. Assim unimos o extremamente tecnológico com um processo artesanal. Isso também nos permite imprimir por demanda, então nunca temos estoque das peças”, conta Renata.
A trajetória da Noiga seguiu caminho semelhante ao de muitas outras startups, surgindo como ideia na universidade –a impressão 3D foi tema do trabalho de conclusão de curso de Evelyne –e ganhando corpo e apoio em um escritório de coworking.
As duas sócias se instalaram inicialmente no Hub Curitiba e hoje trabalham na Beta (também conhecida como A Fantástica Casa das Startups), no São Francisco.
“A partir do momento em que nos instalamos no Hub começamos a viver uma realidade de empreendedorismo. Fomos muito influenciadas, no bom sentido, pelas empresas que estavam lá dentro”, diz a designer.
Agora, a Noiga se prepara para ganhar espaço em lojas físicas, por meio de parcerias com redes no Rio de Janeiro, em Porto Alegre e Goiânia.
“Não estamos mais investindo dinheiro próprio. Ainda estamos trabalhando de forma que não conseguimos tirar tanto dinheiro para nós, mas o objetivo é justamente escalar o negócio para que ele seja mais rentável”, afirma Renata.