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Liderar uma aventura de negócios é partir de um delírio, transformá-lo numa causa, aglutinar pessoas em torno dela e trabalhar duro para conquistá-la. O estilo do líder transformará tudo isto em uma "grande empresa", em nada, ou em um melancólica empresa grande.

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O que de fato motiva alguém a permanecer ou sair de uma empresa, tem menos a ver com dinheiro ou com a função, mas tem tudo a ver com a relação que ele mantém com seu gerente imediato. Tolera-se trabalhar para uma empresa menor, fazendo não necessariamente o que se gosta, quando se está seguindo alguém que se respeita e em quem se confia. É muito mais difícil, contudo, trabalhar em uma bela companhia, mesmo naquilo que gosta, quando seu gerente é um idiota. Quem é bom sabe o quão difícil é trabalhar para alguém que não admira.

Empresas grandes muitas vezes não percebem a importância do papel do gestor de pessoas e muitas vezes se deixam representar perante seus profissionais por "chefes" que descontam traumas de vidinhas patéticas na micro-gerência mesquinha dos mini-feudos em que transformam seus departamentos. Num ambiente gerido por um despreparado, a trajetória é espiral descendente: os melhores titubeiam em acompanhá-lo; os piores o têm como ídolo.

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Já as grandes empresas não se dão ao luxo de desperdiçar pessoas. Alçam um líder a cada posto-chave. Gente com firmeza emocional, de caráter e de propósito para ser o modelo, pois as pessoas escutarão o que ele faz, não o que ele diz. Alguém que criará e implementará o que será copiado. Alguém que buscará e formará outros para tomarem seu lugar e o libertarem para voos mais altos.

Muitos fazem de tudo para chegar à posição de liderança. Menos porque devam, mais porque estão enamorados da função. Mas quando eles não têm o que é preciso para exercê-la, a pior coisa que pode acontecer é justamente que eles cheguem lá, seja por mérito próprio ou por demérito de quem lá os colocar. Pior não só para eles, mas para toda a empresa.

Líderes não hesitam em corrigir quem sistematicamente desempenha mal, a despeito de amizade e lealdade. Alguns sairão, outros por ele serão saídos. Líderes criam espaço para os melhores, pois grandes talentos incomodam e não é fácil tê-los no time. Gerir é lidar com isso. Pastores religiosos exortam as pessoas a se amarem; líderes administram vaidades e crises. Onde há gente boa e motivada, há conflitos de interesses e posições. Organizar toda essa energia para servir aos interesses da empresa é o desafio do líder.

Marcelo Salim é sócio de empresas em diferentes segmentos do mercado e coordenador do CEI - Centro de Empreendedorismo Ibmec. Empreendedor Endeavor desde 2000. Leia mais conteúdo sobre empreendedorismo no site