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O que aprendi com um dos livros mais citados por CEOs

Leitura quase obrigatória em escolas de negócios, Good to Great é fruto de uma pesquisa extensa, que analisou a fundo 11 empresas americanas que conseguiram dar viradas. | OneMethod/http://bit.ly/2tkIAls
Leitura quase obrigatória em escolas de negócios, Good to Great é fruto de uma pesquisa extensa, que analisou a fundo 11 empresas americanas que conseguiram dar viradas. (Foto: OneMethod/http://bit.ly/2tkIAls)

Lançado no início dos anos 2000, Good to Great (Empresas feitas para vencer, na edição brasileira), de Jim Collins, se tornou um dos livros mais citados por CEOs ao redor do mundo. Leitura quase obrigatória em escolas de negócios, ele é fruto de uma pesquisa extensa, que analisou a fundo 11 empresas americanas que conseguiram dar viradas e passaram da mediocridade a fenômenos de crescimento e rentabilidade.

Embora desconfie muito de gurus dos negócios, tenho de admitir que algumas das descobertas surpreendentes de Collins provocam reflexões profundas sobre a vida profissional e sobre o que conheço de negócios. Depois de mais de uma década acompanhando assuntos econômicos e de negócios, posso dizer que muito do que as empresas destacadas no livro fizeram para crescer está longe do óbvio.

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A grande crítica ao livro é que ele propõe uma combinação de fatores que se traduz em uma espécie de fórmula fechada. Qualquer fator diferente não levaria à excelência — algo improvável em um mundo com mais variáveis do que a equipe de pesquisa poderia analisar mesmo se tivesse 100 anos para isso.

Ao mesmo tempo, alguns dos cases narrados no livro foram grandes frustrações nos anos seguintes. O caso mais emblemático é o da Fannie Mae, empresa de concessão de crédito imobiliário que teve de ser salva pelo governo americano na crise de 2008.

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Apesar disso, há pelo menos cinco ideias que vale a pena compartilhar:

Liderança não é o que a gente imagina

A primeira descoberta da equipe de pesquisa de Jim Collins foi que a liderança que leva ao crescimento sustentado tem particularidades: pessoas com um perfil modesto e disposição quase infinita ao trabalho. Nenhuma das 11 empresas pesquisadas tinha líderes no estilo general, ou o tipo sabe-tudo. Liderança competente é diferença de liderança forte. E o complemento a esse estilo de liderança é a capacidade de colocar no barco, como diz Collins, as pessoas certas — aquelas capazes de se engajarem no propósito maior da companhia.

É preciso ser realista

Collins destaca que nas empresas que se tornaram excelentes essa equipe bem formada era capaz de encarar a realidade nua e crua. Separar fatos de achismos, olhar para os números certos e não se enganar com seus próprios vieses faz parte do processo de construção de uma empresa sólida. Acho que é um conselho do livro que vale para nossas vidas. Trabalhar com a verdade sempre leva a respostas melhores.

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Precisamos de uma meta simples

Muitas empresas trabalham com metas complexas, estratégias com muitas camadas e de difícil compreensão. Nas companhias analisadas no livro, as metas principais eram simples. Mas eram eficientes porque estavam intimamente ligadas a outros dois fatores: ao que a empresa fazia com paixão e ao que o autor chama de motor econômico. Em outras palavras, as empresas escolheram focar no que gostam de fazer, no que poderiam fazer melhor do que os outros, ligado a um propulsor econômico. Também vale para a vida. Um bom exemplo é a rede de farmácias Walgreens, que na sua virada decidiu focar em ser a melhor rede de conveniências. Trocou lojas de lugar e melhorou a inteligência de vendas para atingir meta de vendas por cliente, bem fácil de entender.

Excelência dá tanto trabalho quanto a mediocridade

Fazer algo melhor do que os outros dá muito trabalho. O insight do livro é que não buscar a excelência também dá. Empresas que não conseguiram sustentar seu crescimento passaram por mais mudanças, fizeram mais aquisições, tiveram rotatividade maior de lideranças do que as que alcançaram a excelência. Ficar na média, no fim das contas, pode até dar mais trabalho no longo prazo do que perseguir a excelência. O problema é que nem todo mundo tem paciência para aplicar sua estratégia ao longo de anos até dar resultado.

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Disciplina é essencial

Aí chegamos ao conselho que me parece o mais importante do livro: é preciso disciplina. É muito fácil escorregar para fora do círculo virtuoso que combina uma boa estratégia para perseguir uma meta que amamos. Isso porque os resultados podem demorar a aparecer. No caso de empresas, acionistas podem cobrar novas mudanças, que geralmente atrapalham mais do que ajudam. Também é preciso disciplina para chegar a essa meta. Demora tempo até entendemos profundamente o que nos fará começar a jornada para a excelência. Mas no momento em que a roda começa a girar, a disciplina é o que dará a velocidade para o crescimento.

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