A relação do brasileiro com as redes sociais é algo que beira a obsessão. Em nenhum país do mundo as pessoas gastam tanto tempo navegando nas redes como aqui (a média é 60% superior à mundial). Mesmo assim, ainda tem empresa que vira as costas para este canal de diálogo. Seria o equivalente, no “mundo real”, a bater a porta na cara do cliente. Não é legal. Buscar ajuda profissional sempre pode ser uma boa ideia. Mas existem algumas regrinhas que todo empreendedor deve saber, se quiser mandar bem nas redes sociais.
No começo da internet eram comuns as listas telefônicas virtuais. Hoje, muitos usuários encontraram o que querem comprar pelo Facebook e seus similares. Busque pela memória: você entrou na página do Facebook da loja ou marca, em alguma de suas compras mais recentes? É provável que sim.
A especialista em social media Manoela Ebert, da Cereja Marketing Digital, explica que as redes aos poucos substituem os sites na função de serem vitrines online das empresas.
Portanto a primeira regra para pequenas e médias empresas nas redes sociais é: esteja nelas. Mas calma lá. Não é “porque todo mundo está” que você precisa estar também. Só vale entrar se for com um objetivo.
“Por que você quer estar lá? O que quer fazer? Quer vender? Só mostrar sua marca? Ás vezes, a pessoa nem tem um produto para vender, é um serviço. Então este é o ponto de partida”, explica Manoela. “Se não vira bagunça.
Qual rede social é melhor para o seu negócio
Mas em quais redes focar? Isso depende. Primeiro, vale a máxima da publicidade de que “menos é mais”. Só entre em uma rede se for para fazer bem feito.
Além disso, é preciso entender bem qual o seu cliente. E o perfil de cada plataforma. O público adolescente, por exemplo, tem esvaziado o Facebook (onde toda a família se encontra) e ocupado redes como o Snapchat e até mesmo o Twitter.
Já o Instagram tem um grande foco em imagens. Por isso pode ser interessante se o produto tem um apelo ao olhar (algo que é comum na gastronomia). E por aí vai.
“Tem que pensar bem qual o objetivo e ver cada particularidade de cada rede. Não adianta abraçar todas. As vezes é melhor ter uma rede super legal, bem feita, do que estar em todas. Qualidade, e não quantidade”, define Manoela Ebert.
Bem feito significa periodicidade. Não existe um modelo único, mas uma média boa é fazer uma postagem por dia. Ou, pelo menos, quatro a cinco por semana. É uma forma de mostrar que aquela empresa segue existindo, e que aquela página não é fantasma.
Também é bom lembrar que as mídias sociais são um canal de diálogo, e não só um espaço de exposição da marca. Muitas empresas não respondem as pessoas que interagem com ela na web, o que é ruim. Além de estar nas redes, é preciso interagir, conversar. É um canal de comunicação.
Mídia barata
Uma vantagem das redes sociais é que é uma mídia relativamente barata. E que atinge muita gente. A eMarketer estima que o número de usuários ativos nas redes, no Brasil, chegou a 93,2 milhões, em 2016. A cada três perfis sociais na América Latina, um é brasileiro.
O Facebook ainda domina o mercado. Das pessoas que estão em alguma rede, 95% integram a plataforma de Mark Zuckemberg. A Comscore estima que, cada vez que um brasileiro entra em uma rede social, ele gasta 21 minutos da sua vida. É uma média 60% superior à nacional.
Mas a presença descuidada nas redes pode ser o barato que sai caro. Manoela Ebert, da Cereja Marketing Digital, conta que é comum clientes gastarem “os tubos” com anúncios completamente inúteis no Facebook e Instagram, por exemplo, por não saberem como segmentar e escolher bem o público-alvo.
“Thanks, #CoolGuys”
Fundada em 2012, a Open Studio é uma marca de roupas de um segmento bem específico: o de moda masculina elegante (mas não extravagante), produzidas localmente (de forma sustentável), e consumida globalmente.
Esta frase gigantesca, elaborada pela reportagem, é resumida em uma hashtag minimalista: #coolguysclub. É principalmente pelo Instagram que estes “cool guys”, os clientes da marca, interagem. A rede, ao lado do Facebook, hoje é responsável por quase a totalidade da captação de clientes da marca.
A página oficial da marca é bastante atualizada, com fotos bem feitas, frases curtas e poucas hashtags. Visual que orna com o nicho de clientes, que gastam, em média, R$ 400 em cada compra feita na loja.
Os próprios consumidores usam a rede social para propagandear a marca. “Nosso cliente é nosso principal modelo”, brinca Rodrigo Sasi, fundador da marca, que se esforça em manter um certo encanto em torno da marca.
“Cada envio que a gente faz vai com uma cartinha escrita à mão, com um ‘thanks, cool guys’, e o cara se identifica, publica, usa nossa hashtag, nossa arroba”, conta Sasi, orgulhoso do feito.
Além disso, Rodrigo Sasi acredita que a loja tem ideias com os quais o consumidor se identifica. A Open Studio rivaliza em preço e estilo com uma famosa loja de departamento espanhola, diz ele. A diferença é que a marca brasileira preza pela qualidade e pela sustentabilidade em toda sua cadeia de produção.