A performance de Marcel Malczewski no mundo dos negócios é inspiradora. Recém-formado, fundou uma empresa com o colega de mestrado em uma incubadora tecnológica quando o termo startup não existia. Ao longo de mais de 20 anos de atividades, a Bematech recebeu investimentos de todos os níveis: de anjo a fundos, passando por aporte do BNDES até chegar ao mercado de capitais e culminar na fusão com uma das gigantes do segmento de sistemas digitais de gestão e automação empresarial.
“Parece que tudo foi muito fácil, mas exigiu muito trabalho. Não há empreendedor de sucesso que não tenha apanhado muito”, relembrou Malczewski, durante a palestra de abertura do primeiro PME em Pauta de 2015, realizado pela Gazeta do Povo em parceria com a Endeavor, na última terça-feira (18), no Centro de Eventos da Fiep, em Curitiba.
Empreendedor tem vários caminhos até o sucesso
Sócio da Uatt?, empresa especializada em presentes e decoração divertidos, Darino Moreira começou a carreira como consultor empresarial. Foi neste papel que cruzou o caminho de Rafael Biasotto, fundador da empresa criada em 2002, em Florianópolis. Ao compartilhar sua experiência com a plateia do PME em Pauta, Moreira citou os diversos caminhos que o empreendedor pode seguir para construir seu negócio. “Alguns não concluem o ensino médio, outros largam a faculdade, empreendem depois de formados ou mudam de rumo na carreira. Não há um único modelo”, observa.
As diferentes oportunidades para empreender foram destacadas por Moreira, lembrando a necessidade de atitudes realizadoras em todas as esferas profissionais. Para o executivo, além do empreendedor clássico, que constrói o próprio negócio, é possível ter a mesma conduta dentro das organizações, como empregado, e também no serviço público. “É bom lembrar dos diversos profissionais que trabalham para reduzir a violência, a mortalidade infantil e o analfabetismo”, destacou.
Moreira lembrou a necessidade de qualificação de pessoal na trajetória de uma empresa. “É uma das maiores barreiras de crescimento e manutenção do negócio: ter as pessoas certas nos seus lugares estratégicos.” A Uatt? faz parte da rede Endeavor, que distribui conteúdo e mentoria sobre empreendedorismo.
A participação de um empreendedor e hoje investidor em novos negócios trouxe lições importantes para quem está diante de uma empresa e busca apoio financeiro. Desde 2009, quando deixou a presidência da Bematech, Malczewski também atua do outro lado do balcão, como investidor. Sua estratégia de seleção dos candidatos é uma boa cartilha para a formatação das empresas nascentes. Ele tem na carteira mais de dez empresas, entre negócios que apoia via fundos ou como investidor-anjo, em que o aporte médio gira em torno de R$ 300 mil por empreendimento.
No papel de investidor, a avaliação estratégica também é permanente, até para quem se diz conservador. “Sempre dizia que não investiria em startups pelo alto risco, por saber o tamanho da encrenca. Mas o cenário mudou nos últimos anos e hoje invisto em seis empresas desse modelo”, diz.
Avaliação
Uma grande ideia, porém, não é suficiente para fazer o investidor colocar a mão no bolso. Antes de fazer o cheque, Malczewski avalia o mercado, o potencial da oferta e o perfil do empreendedor que pretende apoiar. A análise começa pelo mercado. Como a intenção é entrar no negócio, acelerá-lo e sair lá na frente, é preciso atuar em uma área que tenha fôlego para a aceleração e bons resultados no futuro. “Isso vai depender bastante da oferta. Quanto mais inovadora e com potencial de liderança, melhor”, diz. Mas nada disso vai adiantar se o perfil do empreendedor não for ideal. Para Malczewski, é preciso comprometimento. Com as características certas, o empreendedor pode transformar uma ideia mediana em um grande sucesso.
A organização do negócio entra na avaliação do investidor. A estrutura de governança, com demonstrações financeiras transparentes e bem organizadas serão essenciais para o desenvolvimento da empresa. Estar adequado desde o início é uma vantagem no mercado. A mentoria também qualifica o empreendimento. “Quando o investidor coloca a mão na massa, dá as orientações e faz os ajustes necessários, os riscos são reduzidos e a chance de retorno é maior”, diz.
Dicas
“Quero ser aventureiro”. Esta era a resposta de Vitor Torres quando sua mãe perguntava o que ele queria ser quando crescesse. De certa forma, o CEO da Contabilizei acabou realizando seu desejo. Foi pai pela primeira vez aos 19 anos, levou a família para morar na Inglaterra quando a filha tinha 4 anos, criou a primeira aceleradora do Paraná, a SuperNova, e recomeçou sua trajetória ao fundar a plataforma de contabilidade on-line que acumula crescimento de 500% entre janeiro e agosto deste ano. Torres foi um dos convidados para o PME em Pauta e dividiu sua experiência destacando as principais características de um empreendedor:
Pessoas certas
Escolher os parceiros do negócio é o primeiro passo para ele dar certo. Comprometimento e engajamento entre os envolvidos serão essenciais para superar os desafios.
Desapego
A cada novo projeto, o empreendedor deve se perguntar se está disposto a deixar tudo para trás. “Estar disposto a perder tudo é condição indispensável para quem quer empreender”, diz.
Multifunção
Torres relembra o perfil criativo-faz-tudo de MacGyver, personagem principal do seriado Profissão: Perigo dos anos 80. “Você vai precisar desempenhar as mais variadas funções para dar conta do negócio.”
Contramão
Garantir resultados na crise exige ousadia para pensar diferente do senso comum. “Tem muita gente seguindo tendências, é para onde todos estão olhando. Agir na contramão pode ser a saída.”
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