Se até pouco tempo as empresas concentravam a tomada de decisão entre os fundadores e sócios, está cada vez mais comum encontrar ambientes de trabalho que estimulam os funcionários a se comportarem como donos do negócio. É o chamado intraempreendedorismo, quando uma pessoa, mesmo que sem participação societária, tem postura proativa e busca propor soluções que ajudem no crescimento da empresa.
A professora da FAE Business School e coordenadora do Núcleo de Empregabilidade, Elaine Pacheco, afirma que a mudança de mentalidade das organizações, permitindo que funcionários participem mais ativamente da gestão, começou no fim da década de 1980 impulsionada pela competição global.
“O mercado está cada vez mais competitivo e volátil. As empresas precisam se diferenciar e encontrar mudanças rápidas para competir globalmente”, diz Elaine. “As organizações só vão crescer e inovar se houver intraempreendedorismo, sentimento de dono e proatividade entre os funcionários”, completa a professora.
Para incentivar o intraempreendedorismo, as empresas precisam adaptar a sua cultura organizacional. É preciso que o empresário crie um ambiente interno que estimule a cooperação e a troca de ideias. Será necessário, ainda, dar espaço para o teste de projetos e soluções e valorizar a cultura do aprendizado, sem refutar o erro.
“A organização não pode deixar o funcionário perder o ímpeto de propor mudanças ao começar a negar ou barrar muitas ideias”, afirma Thiago Gaudencio, gerente da Michael Page em Curitiba. “A empresa deve estimular o erro e incentivar a busca por soluções. Provocar a equipe e o funcionário a fazer diferente. Provocar que essas pessoas pesquisem o concorrente e estudem a área do negócio”, explica a professora da FAE, Elaine Pacheco.
A empresa também não precisa gastar muito dinheiro criando projetos ou ambientes para estímulo ao empreendedorismo interno. Mudanças simples como um espaço na intranet para proposição de ideias ou mudança na postura dos gestores, ficando mais abertos ao diálogo, já podem trazer um impacto positivo. O essencial, na visão dos especialistas, é eliminar a visão de que se pune quem erra por tentar fazer melhor e diferente.
O estímulo ao intraempreendedorismo também deve acontecer em todos os níveis hierárquicos, principalmente entre os funcionários que vivem o dia a dia do negócio, como o “chão de fábrica”. “A pessoa que está no dia a dia do negócio vai saber melhor do que o chefe quais são os problemas e demanda dos clientes”, afirma Thiago Gaudencio.
Mesmo pequenas mudanças propostas pelos funcionários podem resultar em ganhos financeiros ou de produtividade. Gaudencio exemplifica que, na área comercial, o vendedor pode sugerir ao seu supervisor uma abordagem diferente para conquistar o cliente. O supervisor permite que o funcionário teste a ideia e, se houver resultado positivo, implanta em todo o departamento.